martes, 28 de octubre de 2014

Sem basismo, estou com o povo que não é bobo!

Reforçando o desabafo- reflexão de Romero Venâncio, socializo uma breve narrativa de um episódio por mim vivenciado num bar de um bairro periférico dessa cidade na noite em que a comemoração pela vitória de Dilma/Ricardo ganhava principalmente as ruas da orla pessoense.
Um homem, com seus aproximados 47 anos, um pouco ébrio e com uma leve deficiência intelectual, baixo, negro, com nome de um santo católico apostólico-romano, com o corpo sujo de suor e de poeira se aproximou e me cumprimentou.
Eu estava com uma camisa vermelha toda cheia de adesivos de Dilma, por isso suponho tê-lo atraído. Começo então a conversar com ele perguntando com o que trabalhava. Ele me respondeu que trabalha com limpeza.


Aí dialogamos um pouco sobre a vitória de Dilma. Os comentários dele me pareciam bem coerentes. E me chamou atenção a frase " Eu votei nela, mas eu quero saber o que ela vai trazer para a Paraíba". E depois completa "o povo não é bobo". Eu retirei um dos adesivos da minha camisa e coloquei na camisa dele. No mesmo momento chega outro homem, pedindo dinheiro, ai ele me alertou " Cuidado com ele: é um esperto". O Homem com nome de santo chega perto do outro e diz " Você é tão jovem. Vá trabalhar! ". O outro sai aborrecido e resmungando.
O Homem com nome de santo resolve conversar com outras pessoas no bar e nos deixa por alguns minutos. Depois ele retorna e me explica: " Voltei. Voltei porque gostei de você." E me pediu para que tirasse o adesivo de Dilma. Eu falei por três vezes seguidas " Mas me explique por que?" A boca que liberou os argumentos tão facilmente alguns minutos atrás se calou. Ele não respondeu a minha pergunta e seguiu retirando o adesivo de Dilma.
Depois apertou minha mão e beijou o meu rosto.
A minha opção de comemorar a vitória de Dilma num bairro periférico ao invés de ir a orla valeu muito à pena.
Sei que não posso generalizar a fala do Homem com nome de santo para analisar a conjuntura política, mas já me lembro de ter ouvido essa expressão ("o povo não é bobo!") várias vezes, de bocas muito parecidas com a do Homem com nome de santo.
Mesmo não sendo religiosa, mas concordando com o sentido de algumas expressões desse cunho, encerro esse comentário com um trecho do versículo 34 de Mateus 12 "a boca fala do que está cheio o coração" (Mateus 12:34)
O "coração" do povo pobre brasileiro anda machucado, mas não desiste. Sabe que precisa sobreviver e quer melhorar de vida.
E o povo pobre por estar com o "coração" machucado, sabe bem que há sempre que desconfiar... 
Vota em Dilma, mas "quer saber o que ela (Dilma) trará para a Paraíba".


Ângela Pereira.



UM DESABAFO OU REFLEXÃO... TANTO FAZ... VAI...


Em 1989 a maioria dos pobres do Nordeste e Norte votou em peso no Collor (vivi e sofri este ano). Lula, candidato dos trabalhadores e ex-lider operário à época perdeu exatamente entre os pobres (ninguém disse nada ou caiu a gritaria de que pobre não sabe votar). Em 1994 mais uma vez os pobres votaram em FHC na onda do plano real (ninguém disse que pobre não sabe votar)... em 1998 mais uma vez FHC (ano símbolo da quebradeira do Brasil e desmonte do setor público brasileiro) e ninguém falou dos pobres que não sabiam votar (até FHC gostou e aplaudiu os rincões que o elegeram)... Estranho, preconceituoso, fascista e elitista é este papo de que os pobres do Norte e Nordeste votaram nesse 26 de outubro de 2014 por “bolsa família” e políticas sociais... De fato... e como não votariam? A necessidade tem falado mais alto entre os pobres em quase todas as eleições desde os anos 80... Por que só agora vem a gritaria? Olhemos as palavras e de onde estão saindo as pérolas do tipo: “ignorantes”, “burros”, “famélicos” ou daquelas senhoras da marcha com Deus e outras merdas dos dias atuais: corrupção, imoralidade, Impeachment (com as fontes da Veja e Globo). Será que precisa dizer de quais estados do Brasil são essa gente que grita assim???? Na verdade a questão é mais funda: um brutal preconceito de classe (histórico desde a montagem da casa grande) e pautado no velho cinismo (ainda de classe, também) dos “bem educados” que tudo sabem... São os 500 anos do cipó de aroeira no lombo de pobres e pretos... Isto é que essa gente não quer que mude... e olhe que Dilma/Lula/PT nem vão mudar nada e nem vão tirar os privilégios dessa gente (nem tenho ilusões)... “Só quero ver quando Zumbi chegar”... Por fim, dedico a essa gente escrota a música de Geraldo Vandré dos anos 60... Me representa!!!!!!!!!!!!!!




No hay comentarios.:

Publicar un comentario