domingo, 19 de diciembre de 2010

Ser CONSULTA POPULAR


É reconhecer-se parte


Da construção histórica


Da classe trabalhadora


Que embora explorada e oprimida


Resiste e organiza-se.

É reconhecer-se povo!

Que sua cotidianamente


Pelo pão de cada dia


E com rebeldia


Canta o desejo de liberdade.





É reconhecer-se lutadora e lutador


De um povo diverso


Em raça e em cultura





É reconhecer-se portador


Da mensagem da luta


E organizador


agitador


E formador


de um projeto chamado


Revolução brasileira.





Ângela Pereira.


17 de dezembro de 2010.





Assembléia Estadual da Consulta Popular " Quebra quilos"- Paraíba.

A saudade


Onde mora o pecado,

Mora sempre a saudade

do amor proibido

que não continuou

Onde mora a virtude


Também mora a saudade

do amor impossível

do amor incompreendido,

do amor que está longe,

do amor que lhe falhou

ou do que feneceu.


Outro amor,

o ciúme

algo estranho

Uma coisa qualquer

cortou a felicidade

partiu os corações.


A saudade dorme em silêncio

Mas sempre desperta.

A recordação agente afasta quando quer.

A saudade é diferente

ela volta de manso

E agente não pode com ela.


Carlos Marighella

O perfume


Para cada mulher existe


sempre um perfume


Que agrada ao seu gosto


Ou o desejo que a inspira,


E que lhe é revelado pelo dom do instinto.


Cada mulher traz em si


Entranhado em seu corpo,


Um perfume





A cada espécie de amor


um perfume é mister


seja amor puro,


infiel


sacrossanto,


carnal.





Há uma busca eterna à mulher


E quem sabe essa busca


Se resume


Na procura de um quê


Algo estranho, insondável


Quem sabe um perfume...





Carlos Marighella.

jueves, 16 de diciembre de 2010

Elegia a uma pequena borboleta- Cecília Meireles


Como chegas do casulo

-inacabada seda viva!

tuas antenas- fios soltos

da trama de que eras tecida

e teus olhos, dois grãos da noite

de onde o teu mistério surgia

Como caíste sonbre o mundo

Inábil, na manhã tão clara

sem mãe, sem guia, sem conselho

e rolavas por uma escada

como papel penungem, poeira

com mais sonho e silêncio que asas

Minha mão tosca te agarrou

com uma dura, inocente culpa

E é cinza de lua teu corpo,

meus dedos, tua sepultura

Já desfeita e ainda palpitante

expiras sem noção nehuma

- Ó bordado do véu dia,

transparente anêmona aérea.

Não leves meu rosto contigo:

leva o pranto que te celebra

no olho precário em que te acabas

meu remorso ajoelhado leva!

Choro a tua forma violada

miraculosa, alva, divina

criatura de pólen, de aragem

diáfana pétala da vida!

Choro ter pesado em teu corpo

que no estame não pesaria.

Choro esta humana insuficiência:

- a confusão dos nossos olhos

- o selvagem peso do gesto

cegueira- ignorância-remotos

instintos súbitos- violências

que o sonho e graça prostam mortos

Pudesse à éteros paraísos

ascender teu leve fantasma

e meu coração penitente ser a rosa desabrochada

para servir-te meu e aroma

por toda a eternidade escrava!

E as lágrimas que por ti choro

fossem o orvalho desses campos

- os espelhos que refletissem

-vôo e silêncio- os teus encantos

com a ternura humilde e o remorso

dos meus desacertos humanos!
Cecília Meireles









A vida é bela!


"A vida é maravilhosa se não se tem medo dela."

Charles Chaplin


Cheia de sons que acariciam nossos ouvidos,

Cores que estimulam nossos olhos,

Sabores que deliciam nossas bocas,

Cheiros que nos levam ao longe e nos trazem lembranças

E toques em carícias, em abraços, em beijos

Que se sinesteziam às demais sensações...


A vida é bela! Meus sentidos dizem isso.

martes, 14 de diciembre de 2010

Filha da natureza...


" Sou filha da natureza: quero pegar, quero sentir, tocar, ser. E tudo isso faz parte de um todo, de um mistério. Sou uma só... sou um ser. E deixo que você seja. Isso lhe assusta? Creio que sim.Mas vale a pena. Mesmo que doa. Dói só o começo."


Clarice Lispector.

lunes, 13 de diciembre de 2010

Intensa e transitória


Os sons se distanciam...

O cheiro se esvai...

Os olhos somente vêem imagens...

O toque não mais acaricia a pele...

O paladar mistura outros sabores...

O beijo é somente lembrança...

A razão empurra a emoção, disputando espaço...


As paixões vão e vêem

Como as estações do ano

Mas deixam marcas no asfalto...
Na cama...
No corpo ...
E na memória

Até que os batuques soem novamente

Arrebatando corações...


Ângela Pereira

13 de dezembro de 2010.

Povo brasileiro!

Reconhecer-nos povo,

Reconhecer-nos classe

Enxergar ao longe no passado,

Os pais, avós do nosso tempo

Ver-se índio, ver-se negro,

Guerreiras e guerreiros,

Lutadores, lutadoras


Foi o sangue que regou as sementes que nos plantaram,

A nossa herança é a luta...


Viemos de vários cantos,

Muitos anseios, olhares

Muitas vontades diversas

Mas únicas em um sentido

Unidas pela indignação,

Pela necessidade de gritos

Quando a maioria silencia

Nos reconhecemos nos olhares

Nos quereres transformar

Mudar o tom deste mundo avesso,

Virar de ponta-cabeça

Essa crueldade toda que chamamos

País, governo, sociedade, Estado


Daqui levamos sementes juntos

que colhemos uns dos outros


A caminhada não começa agora

E longe os olhos verá

Se agora jogamos sementes,

Sejamos responsáveis com a árvore projeto

Que estamos a plantar.



Marcos Pablo

12 de dezembro de 2010.

(Mística de encerramento da etapa preparatória do III Curso Estadual de Realidade Brasileira- Paraíba)

Índio não quis ser escravo


Índio não quis ser escravo

Foi morto e expulso

Passados anos e luas

As terras já não são suas

Comeram-las o dragão do lucro



Marcos Pablo

(III Curso Estadual de Realidade Brasileira- Paraíba)

Amor insensato


Bem que achei insensato

Esse sentimento nato

Antes produto platônico

Hoje sinônimo atônito

Antes dor imaterial

Hoje dor visceral


Se a lágrima corre

É porque não entendo

Mas tento.


05 de dezembro de 2010.

viernes, 26 de noviembre de 2010

Recomeço...

Não tenho medo do fim


Porque insisto em recomeços


Espanto fantasmas


Alimento e domo leões


Desço em desfiladeiros


Rego flores


Danço batuques


Canto aos ventos


E vivo o presente


Não tenho medo do recomeço


Se tiver que vir, venha!




Ângela Pereira.


27 de novembro de 2010.


jueves, 25 de noviembre de 2010

Mulher:


Se te ensinaram a ter uma voz macia,
A amar com paixão
_ Isso não precisa problema
Mas se a sua voz se cala diante de outra mais forte
Se o amor vira submissão
E se o cuidado impede a luta
_ Nem que seja por um momento
Pode ser necessário gritar,
Odiar
e criticar com firmeza:
Por amor

( Lira Alli)

Saudades!

E se à distância restam-me poucas palavras
E as lembranças saltam fervilhantes
Sedentas de prazer...
E me aperta o coração

É porque de longe aprecio o belo e de perto desejo...

Desejo tanto estar perto.

Ângela Pereira.
26 de novembro de 2010.

lunes, 1 de noviembre de 2010

Vive aquí y ahora


Conoce el tiempo...

Desafia tu visión...

Cuestiona tus actos

Encamina tu evolución

Identificate con los demais

Equilibra tu energia

Inspira la vida

Modela tu ser

Realiza tus aspiraciones

Produce y amplifica tu intuición

Divulga tu experiencia

Universaliza tu fuerza vital

Transciende el miedo
( autor desconocido)

sábado, 30 de octubre de 2010

Coisas da vida (trecho)

(...)


Não me deem fórmulas certas


Porque eu não espero acertar sempre


Não me mostre o que esperam de mim


Porque vou seguir meu coração


Não me façam ser o que não sou


Não me convidem a ser igual


Porque sinceramente sou diferente


Não sei amar pela metade


Não sei viver de mentiras


Não sei voar com os pés no chão


Sou sempre eu mesma


Mas com certeza não serei a mesma para sempre


Com o tempo aprendi que o que importa não é o que você tem na vida,


Mas quem você tem na vida


E que bons amigos são a a família que nos permitem escolher...




(Clarice Lispector)


martes, 26 de octubre de 2010

Regador.


Coração, querido, não se aprisione


Tu és forte, vivo e latejante


Podes regar outras aortas...


Ângela Pereira.

lunes, 25 de octubre de 2010

Bom mesmo é ir à luta!


"Bom mesmo é ir à luta com determinação

Abraçar a vida com paixão

Perder com classe

E vencer com ousadia

pois o triunfo pertence

a quem se atreve

A vida é muita para ser insignificante."


Charles Chaplin

Cifra-me!

Decifra-me!

Cifra-me em uma canção

Toca-me em seu violão

Cante-me em seu coração


Cifra-me

Músicas...

Mares...

Luas...

Estrelas...

Flores

E o amor!


Ângela Pereira

sábado, 23 de octubre de 2010

E porque será!!!


Seleção para mestrado em serviço social - UFPB.


Inscrição: 01 a 14 de fevereiro de 2011.

Seleção: 21 a 28 de fevereiro de 2011.

Edital: novembro de 2010.



Uma das vagas, já será minha! E com um pouco mais de suor: pego a bolsa!!!


Pelas trabalhadoras e pelos trabalhadores da Estratégia de Saúde da Família!!!

Intensa!


(...)Mas nada a detém;

Ela avança, rigorosa

Em rodopios nítidos

Criando vácuos onde

morrem as aves

Seu corpo, pouco a pouco

Abre-se em pétalas...

Ei-la que vem vindo

Como uma escura rosa voltejante

Surgida de um jardim imenso em trevas

Ela vem vindo...

Desnudai-me, aversos!

Lavai-me, chuvas!

Enxugai-me, ventos!

Alvoroçai-me, auroras naciturnas!


Eis que chega de longe, como a estrela

De longe, como o tempo

A minha amada última!


Vinicius de Moraes

viernes, 22 de octubre de 2010

A flor.

Miro-te ao longe...
Cor forte, intensa.

Quero deixar-te a espalhar a beleza...
Mas de ti quero:
O perfurme...
A cor...
A beleza...
Que em minha casa floresça...

Miro-te de perto...
Petálas queimadas...
Folhas picadas...
Cheiro sutil...

Te quero assim mesmo.
Essa imensa beleza
Em minha vida, esteja...

Ângela Pereira.
Manhã de 22 de outubro de 2010.

Equilibrando-se...



miércoles, 20 de octubre de 2010

Aos filhos de áries

" Áries, o primeiro signo do carneiro apaixonado
Tem em Marte seu designo e no fogo o seu reinado
Nas estrelas seu delírio, seu amor enciumado
Nos limites seu martírio, seu mistério revelado
Louco signo das correntes e emoções arrebatadas
Ariana dos repentes e explosões descontroladas
Ariana, como o fogo, nunca será dominada
Decisiva como o jogo e a primeira namorada
Signo da sinceridade, da vermelha cor do dia
Signo da velocidade, da impulsão e eu nem sabia
Que era tanta madrugada a derramar no coração
Como a rosa serenada, se transforma e pinga ao chão
Derretendo ao fogo da paixão"

( Aos filhos de Áries, Oswaldo Montenegro)

Sentidos...


É preciso abrir os sentidos ao mundo. O toque, o cheiro, o gosto, o som... e tudo mais que lhe aflorar o prazer!
Seja subversivo a tudo aquilo que quer extrair de você as sensações mais prazerosas que a vida pode nos dar.

Se te olharem com inveja, retorne um olhar de segurança.
Se te tocarem em meio termo, ofereça-lhe um abraço inteiro.
Se te falarem palavras amargas, sublime e ofereça-lhes poesias mesmo que essas sejam duras!
Se te oferecerem sabores ácidos, querendo lhe fazer mal, mostre que até os sabores ácidos e amargos podem trazer prazer.
Se te desejarem o mal, desejo o bem!
Se te oprimem, fortaleça-se.

Seja generoso consigo mesmo e com os outros!

Mas em momentos de intolerância, de desrespeito completo ao ser humano e a natureza: "Hay que endurecerse sin perder la ternura jamás"( Che).

Os sentidos estão abertos ao mundo.
Deixe os sentidos darem sentido a sua vida!

Ângela Pereira.

domingo, 17 de octubre de 2010

Prazer...

Tua maturidade é afrodisíaca


E me leva a fazer loucuras...


Teu corpo é fogo


E eu quero me queimar...


Teu toque me incendia


Teu cheiro me enebria


Teu pensamento me excita


Teu carinho me encanta





O teu jeito desperta em mim


As mais profundas sensações...


Te quero em mim


Cada vez mais:


Prazer!


Ângela Pereira.


Imagem: Flowers of love - Ivan Koulakov (Pintor contemporâneo siberiano)

ODES- Poema de Horácio

Tu ne quaesieris, scire nefas, quem mihi, quem tibi finem di dederint, Leuconoe, nec Babylonios temptaris numeros. ut melius, quidquid erit, pati. seu pluris hiemes seu tribuit Iuppiter ultimam, quae nunc oppositis debilitat pumicibus mare Tyrrhenum: sapias, vina liques et spatio brevi spem longam reseces. dum loquimur, fugerit invida aetas: carpe diem quam minimum credula postero.
Tradução
Tu não procures - não é lícito saber - qual sorte a mim qual a tios deuses tenham dado, Leuconoe, e as cabalas babiloneses
não investigues. Quão melhor é viver aquilo que será, sejam muitos os invernos que Júpiter te atribuiu, ou seja o último este, que contra a rocha extenua o Tirreno: sê sábia, filtra o vinho e encurta a esperança, pois a vida é breve. Enquanto falamos, terá fugido ávido o tempo: Colhe o instante, sem confiar no amanhã.
Horácio: Quinto Horácio Flaco, em latim Quintus Horatius Flaccus, (Venúsia, 8 de dezembro de 65 a.C.Roma, 27 de novembro de 8 a.C.) foi um poeta lírico esatírico romano, além de filósofo. É conhecido por ser um dos maiores poetas da Roma Antiga. ( Fonte:http://pt.wikipedia.org/wiki/Hor%C3%A1cio)

Liras de Marília de Dirceu. Tomás Antônio Gonzaga


Que havemos de esperar, Marília bela?
que vão passando os florescentes dias?
As glórias que vêm tarde já vêm frias,
e pode, enfim, mudar-se a nossa estrela.
Ah! não, minha Marília,
aprovei-te o tempo, antes que faça
o estrago de roubar ao corpo as forças,
e ao semblante a graça!



Tomás Antônio de Gonzaga era um poeta neoclássico, cujas poesias traziam um leve toque de sensualidade e em que o mesmo destacava o equilíbrio, o bucolismo e o carpe diem.

sábado, 16 de octubre de 2010

Calmaria...



Primeiro o susto,
O rito
O grito

Depois o vento
O tornado
Agora a calmaria

Se tiver que vir, venha...
Depois da tempestade
Vem a bonança
E a tua lembrança...


Ângela Pereira
16 de outubro de 2010.

lunes, 11 de octubre de 2010

A poesia antes da música.

Soltei relógios...
Enalteci a luz do sol
Mas me voltei para a noite

Dei espaço ao acaso.
O tempo tranquilo pediu espaço
Então abri alas:
À poesia antes da música.

Ângela Pereira.
11 de outubro de 2010.

jueves, 7 de octubre de 2010

Sonho insolúvel.

O teu canto é turvo
O teu sonho, insolúvel
Moldado por mãos
Um tanto volúveis...

O teu riso é fugaz
O teu sonho, insolúvel
Riscado em carvão
Pedra, papel,durável


O teu sonho insolúvel
Resiste aos ventos, às ondas, ao tempo
O teu sonho insolúvel
Em água mergulha
Decanta, mas resiste...


O teu sonho insolúvel
Parece invísivel e sem forma
Mas os que o carregam
Sabem o gosto que tem

O teu sonho insolúvel
Tem sabor de liberdade.

Ângela Pereira.

07 de outubro de 2010.

Viagem.

Por hora tiraram-me os sonhos
Resgatei-os do fundo
Pus em forma... ditei a rota
Não importa a conta
Dois menos dois
Trinta e dois

Não importa a conta
Importa a planta
O jogo...
O riso...
O canto...
E a rota que nós construímos.

Ângela Pereira.
07 de setembro de 2010.

viernes, 24 de septiembre de 2010

Amo as mulheres ...


Amo as mulheres desde a sua pele que é a minha
a que se rebela e luta com a palavra
e a voz desembainhadas,
a que se levanta de noite para ver se o filho chora,
a que luta inflamada nas montanhas,
a que trabalha mal-paga na cidade,
Vamos e que ninguém fique no caminho...
para que este amor tenha a força dos terremotos...
dos ciclones,dos furacões
e tudo que nos aprisionava
exploda convertido em lixo.


Gioconda Belli

martes, 21 de septiembre de 2010

Soem bem alto os sons de liberdade



Soem bem alto os sons de liberdade
Que seja leve e partilhada
Que seja vinda e desejada
Que seja feminista e encarnada...
Pelo corpo de quem ama a revolução!

Ângela Pereira



Desenho por Ângela Pereira.

domingo, 19 de septiembre de 2010

Enfrentemos nossos medos...

“Enfrentemos nossos medos, nossas mágoas, nossas fragilidades com a curiosidade e a leveza de uma criança. Submetamos nossa história a uma análise profunda e aí encontraremos forças para seguir em frente, superando as barreiras que nós mesmas e o mundo construímos no caminho”.

Ângela Pereira.

Sangue.


O sangue passa pelas veias aceleradamente.
Enrubece.
Esquenta.
Dispersa e concentra.

Agora entendo.
O porquê do sim e do não.
Agora sinto os rascunhos da emancipação.

Ângela Pereira.

E esse sentimento de libertar-se...

O passáro preso numa gaiola. Debate-se. Debate-se, mais e mais.

O passáro preso numa gaiola. Cansa! Pára! Respira! Debate-se, mais e mais.

O passáro fica triste. Perde a beleza. Adoece. Encolhe-se no canto...

O passáro guarda em si desejos que em lampejos reaparecem.

O passáro deseja liberdade. Depois de debater-se, mesmo machucado, consegue um brecha e resolve voar.

O passáro voa alto e canta de manhã para os outros ouvirem:

O sentimento de se libertar.

Ângela Pereira.

Ariana!

Branca, preta ou amarela
A ariana zela.
Tem caráter dominador
Mas pode ser convencida
E aí, então, fica uma flor:
Cordata... e nada convencida.
Porque o seu denominador
É o amor.
Eu cá por mim não tenho nenhum
preconceito racial:
Mas sou ariano!

(Vinícius de Moraes)

sábado, 18 de septiembre de 2010

28 de setembro - DIA DE LUTA PELA LEGALIZAÇÃO DO ABORTO

Manifesto contra a criminalização das mulheres que praticam aborto.


Centenas de mulheres no Brasil estão sendo perseguidas, humilhadas e condenadas por recorrerem à prática do aborto. Isso ocorre porque ainda temos uma legislação do século passado – 1940 –, que criminaliza a mulher e quem a ajudar.

A criminalização do aborto condena as mulheres a um caminho de clandestinidade, ao qual se associam graves perigos para as suas vidas, saúde física e psíquica, e não contribui para reduzir este grave problema de saúde pública.
As mulheres pobres, negras e jovens, do campo e da periferia das cidades, são as que mais sofrem com a criminalização. São estas que recorrem a clínicas clandestinas e a outros meios precários e inseguros, uma vez que não podem pagar pelo serviço clandestino na rede privada, que cobra altíssimos preços, nem podem viajar a países onde o aborto é legalizado, opções seguras para as mulheres ricas.
A estratégia dos setores ultraconservadores, religiosos, intensificada desde o final da década de 1990, tem sido o “estouro” de clínicas clandestinas que fazem aborto. Os objetivos destes setores conservadores são punir as mulheres e levá-las à prisão. Em diferentes Estados, os Ministérios Públicos, ao invés de garantirem a proteção das cidadãs, têm investido esforços na perseguição e investigação de mulheres que recorreram à prática do aborto. Fichas e prontuários médicos de clínicas privadas que fazem procedimento de aborto foram recolhidos, numa evidente disposição de aterrorizar e criminalizar as mulheres. No caso do Mato Grosso do Sul, foram quase 10 mil mulheres ameaçadas de indiciamento; algumas já foram processadas e punidas com a obrigação de fazer trabalhos em creches, cuidando de bebês, num flagrante ato de violência psicológica contra estas mulheres.
A estas ações efetuadas pelo Judiciário somam-se os maus tratos e humilhação que as mulheres sofrem em hospitais quando, em processo de abortamento, procuram atendimento. Neste mesmo contexto, o Congresso Nacional aproveita para arrancar manchetes de jornais com projetos de lei que criminalizam cada vez mais as mulheres. Deputados elaboram Projetos de Lei como o “bolsa estupro”, que propõe uma bolsa mensal de um salário mínimo à mulher para manter a gestação decorrente de um estupro. A exemplo deste PL, existem muitos outros similares.
A criminalização das mulheres e de todas as lutas libertárias é mais uma expressão do contexto reacionário, criado e sustentado pelo patriarcado capitalista globalizado em associação com setores religiosos fundamentalistas. Querem retirar direitos conquistados e manter o controle sobre as pessoas, especialmente sobre os corpos e a sexualidade das mulheres.

Ao contrário da prisão e condenação das mulheres, o que necessitamos e queremos é uma política integral de saúde sexual e reprodutiva que contemple todas as condições para uma prática sexual segura.
A maternidade deve ser uma decisão livre e desejada e não uma obrigação das mulheres. Deve ser compreendida como função social e, portanto, o Estado deve prover todas as condições para que as mulheres decidam soberanamente se querem ou não ser mães, e quando querem. Para aquelas que desejam ser mães devem ser asseguradas condições econômicas e sociais, através de políticas públicas universais que garantam assistência a gestação, parto e puerpério, assim como os cuidados necessários ao desenvolvimento pleno de uma criança: creche, escola, lazer, cultura, saúde.
As mulheres que desejam evitar gravidez devem ter garantido o planejamento reprodutivo e as que necessitam interromper uma gravidez indesejada deve ser assegurado o atendimento ao aborto legal e seguro no sistema público de saúde.
Neste contexto, não podemos nos calar!

Nós, sujeitos políticos, movimentos sociais, organizações políticas, lutadores e lutadoras sociais e pelos diretos humanos, reafirmamos nosso compromisso com a construção de um mundo justo, fraterno e solidário, nos rebelamos contra a criminalização das mulheres que fazem aborto, nos reunimos nesta Frente para lutar pela dignidade e cidadania de todas as mulheres.

Nenhuma mulher deve ser impedida de ser mãe. E nenhuma mulher pode ser obrigada a ser mãe. Por uma política que reconheça a autonomia das mulheres e suas decisões sobre seu corpo e sexualidade.

Pela defesa da democracia e do principio constitucional do Estado laico, que deve atender a todas e todos, sem se pautar por influências religiosas e com base nos critérios da universalidade do atendimento da saúde!

Por uma política que favoreça a mulheres e homens um comportamento preventivo, que promova de forma universal o acesso a todos os meios de proteção à saúde, de concepção e anticoncepção, sem coerção e com respeito.

Nenhuma mulher deve ser presa, maltratada ou humilhada por ter feito aborto!
Dignidade, autonomia, cidadania para as mulheres!
Pela não criminalização das mulheres e pela legalização do aborto!

Frente nacional pelo fim da criminalização das mulheres e pela legalização do aborto

Informações e Adesão:
www.frentepelodireitoaoaborto.blogspot.com
ou pelo email: legalizaroaborto.direito@gmail.com

Imagem: Erin Prucha.

NÃO TE RENDAS

Não te rendas, ainda há tempo
para voltar e começar de novo,
aceitar as sombras,
enterrar os medos,
soltar o lastro,
retomar o voo

Não te rendas, pois a vida é
continuar a viagem,
perseguir os sonhos,
destravar o tempo,
percorrer os escombros
e desvelar o céu

Não te rendas, por favor, não desistas,
ainda que o frio queime,
o medo morda
e o sol se esconda,
ainda que se cale o vento,
ainda há lume na tua alma,
e vida nos teus sonhos

Não te rendas
porque a vida é tua e também o desejo
porque o quiseste e porque te quero,
porque existe o vinho e o amor, é claro.
Porque não há ferida que o tempo não cure.

Abrir as portas,
livrá-las das trancas,
abandonar as muralhas que te protegeram,
viver a vida e aceitar o desaf io,
rec uperar o riso,
arriscar uma canção,
baixar a guarda e estender as mãos,
distender as asas
e tentar de novo
celebrar a vida e retomar os céus.

Não te rendas, por favor, não desistas,
ainda que o frio queime,
o medo morda
e o sol se esconda,
ainda que se cale o vento.
Ainda há lume na tua alma,
e vida nos teus sonhos.
Porque cada dia é um novo começo
porque essa é a hora e o melhor momento
porque não estás só, porque eu te quero
(amada Revolucion).

Mario Benedetti (1920-2009)
Poeta e escritor uruguaio. Escreveu mais de 80 livros traduzidos para vinte linguas. Foi editor de literartura do semanário
Marcha. Entre seus livros estão A trégua; a borra de café; correio do tempo e Quem de nós. Morreu comunista convicto e carregado de esperança.

E que bom que a luta segue!

E que bom que a vida segue
Nesse desejo inteiro
De ver aqui por terra
O respeito ao povo brasileiro
Com mulheres e crianças
Sorrindo o dia inteiro
E compartilhando alegria
Com os nossos companheiros

E que bom que a luta segue
Recrutando um povo bão
Nessas terras brasileiras
De xote, xaxado e baião
Há quem chore de tristeza
Mas também de alegria
Há de dançar coco de roda
E recitar poesia

Uma tal de eleição
Se aponta no caminho
Seguremos bem o leme
Já passará o redemoinho
E depois da tempestade
Mais luta no caminho

E que bom que o povo segue
Nas fileiras organizado
Despertando dia a dia
Na luta do desempregado
Na peleja das mulheres
Destruindo o patriarcado

Esse povo é muito ousado
Tem história pra contar
De um mundo diferente
Cada um no seu lugar
Segue firme essa gente
Construindo o Poder Popular!


Ângela.

miércoles, 15 de septiembre de 2010

Fome.

Caço palavras como quem busca comida!

Hoje não tenho fome de comida,

tenho fome de letras,

palavras,

Sons articulados

Em poesia.


Ângela Pereira.

15 de setembro de 2010.

martes, 14 de septiembre de 2010

" E então, que quereis?"

Fiz ranger as folhas de jornal,
Abrindo-lhes as pálpebras piscantes.
E logo de cada fronteiras distante
subiu um cheiro de pólvora,
perseguindo-me até em casa.

Nestes últimos vinte anos
Nada de novo há no rugir das tempestades.
Não estamos alegres, é certo,
Mas também por que razão haveríamos de ficar tristes?
O mar da história é agitado.
As ameaças e as guerras havemos de atravessá-las,
rompê-las ao meio, cortando-as como uma quilha corta as ondas.

Maiakóvski.


Silêncio que respeita...

"Não sei... Se a vida é curta
Ou longa demais para nós,
Mas sei que nada do que vivemos
Tem sentido, se não tocarmos
o coração das pessoas."

Cora Coralina.

Na vida de hoje, o exercício da solidariedade e da troca de sentimentos bons e verdadeiros não é de todas as pessoas. Pena. Se fosse com certeza teríamos um mundo melhor.

Fico me perguntando, o que faz uma pessoa negar um abraço, um carinho, um sentimento pelo menos fraterno que seja. Por que algumas pessoas são tao frias? Dizem não serem afetivas e não demonstram afeto?

São as muralhas que colocamos ao nosso redor, por não termos sabido viver e decifrar os nós do não amor do e pelo outro, da não atenção pelo outro e para com o outro, do não respeito do e pelo outro...

São as couraças, que impregnam o nosso corpo e dele se apropriam. Que o enrijecem e tornam a vida amarga, sem ou com pouco sentimento de afeto.

No fundo, acredito que guardam sim algum sentimento de afeto que lhes faz viver. Nem que seja pelo gatinho abandonado... Em algum momento, as pessoas param e o acariciam... e se não gostam de gatos... algum dia olham pra beleza de um dia de sol e tem vontade de abrir a janela.


Posso respeitar e até entender. Mas não aceito o não-amor! Quem sabe o exemplo pedagógico ajude.


Ângela Pereira.

14 de setembro de 2010.


lunes, 13 de septiembre de 2010

SABER VIVER

Não sei... Se a vida é curta
Ou longa demais para nós,
Mas sei que nada do que vivemos
Tem sentido, se não tocarmos
o coração das pessoas.

Muitas vezes basta ser:
Colo que acolhe
Braço que envolve,
Palavra que conforta
Silêncio que respeita
Alegria que contagia,
Lágrima que corre,
Olhar que acaricia
Desejo que sacia,
Amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo
É o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela
Não seja nem curta
Nem longa demais
Mas que seja intensa,
Verdadeira, pura...
Enquanto durar.

Cora Coralina

Você tem me ensinado cada vez mais a viver.
Te amo!

sábado, 11 de septiembre de 2010

Desabafo!

Por precaução com as palavras e respeito às pessoas, mesmo que elas não o tenham conosco, as palavras ficam cravadas no corpo e reverberam sobre a forma de mágoa. Entre o silêncio e a mágoa, melhor optar e encontrar formas de desatar as palavras incrustradas.

(...)

Enquantos sujeitos que buscam a emancipação das pessoas e vidas livres de qualquer opressão, precisamos desde já exercitar não apenas no discurso como também na PRÁTICA, relações de camaradagem e solidárias entre as pessoas.