lunes, 17 de noviembre de 2014

A violência tem cor, sexo e classe.

PELO FIM À VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES! 
ESTUPRADORES NÃO PASSARÃO!
A violência tem cor, sexo e classe.

Poucos dias antes da data de luta pelo enfrentamento à violência contra as mulheres (25 de novembro) recebi uma notícia dolorosa.
É tão doloroso comprovar que estamos expostas as mais cruéis violências , sendo o estupro a pior delas num simples intervalo de almoço do trabalho e na ida pra casa.
Dói no meu corpo saber que uma familiar (jovem na faixa dos 28 anos, negra e pobre) e sua colega de trabalho foram estupradas. Mais duas mulheres integram os altos índices de estupros que atingem as mulheres atualmente nesse país.
Correm no rosto lágrimas que nem perto chegam daquelas que uma querida familiar trabalhadora no interior de Pernambuco deve ter deixado rolar de seus olhos enquanto ela e outra amiga ( mulher branca, que também foi estuprada, mas que não foi penetrada) empurravam uma moto no caminho de retorno ao local de trabalho para assim serem socorridas.
Entre canaviais, dois homens anunciam um assalto como pretexto para estuprar as trabalhadoras que saiam do trabalho para almoçar.Levaram os celulares delas, mas os jogam no caminho para que as mesmas vejam em seguida.
Assistidas por um equipe de delegacia comum da região ( despreparada porque não encaminhou o documento necessário para IML) foram encaminhadas a capital para a assistência dada aos casos de estupro.
Os impactos na psicologia dela com certeza a marcarão para vida toda, a fora as reações a todo tratamento com retrovirais protocolares em situações como essa.
A única e limitada ação para com ela foi incentivá-la a não temer por ser mulher e não se aprisionar, utilizando esse caso como uma alavanca de força.
De minha parte, meu choro se transforma em mais força. Força para seguir estimulando mulheres a lutarem para poderem andar pelas ruas, sem correrem o risco de serem estupradas e muito mais que isso serem gente, não tendo suas vidas atingidas pelas formas mais vis de expressão do patriarcado capitalista.
Por ela, por mim e por mais tantas outras mulheres sigamos em Marcha até que todas sejamos livres!

ESTUPRADORES NÃO PASSARÃO!

viernes, 7 de noviembre de 2014

" VISTA, VOCÊ,UMA BURCA E APRISIONE-SE!"

Para você que acha que o machismo é história contada por "mulheres mal-amadas" segue mais elementos para informar que não. O machismo existe e nos atinge cotidianamente:
Sorrir e cumprimentar as pessoas com simpatia é essencial, mas estou cansada de sorrir para homens e ser assediada como se um sorriso fosse abertura para um flerte ou, mais além, para um convite sexual.
Costumo cumprimentar cobradores e motoristas de ônibus sempre ao entrar no ônibus.Para mim é questão de educação.
Ontem, como costumeiramente faço, entrei num ônibus e cumprimentei o cobrador. Mas eis que um simples sorriso já parece um convite. O interesse não aparece em palavras, mas em olhares que parecem querer lhe despir.
Essa sensação de invasão do nosso corpo com olhares inconvenientes realmente é desconcertante e desrespeitosa para a nossa condição de mulher.
Para piorar, enquanto o ônibus estava parado em um dos sinais na calçada passa uma mulher com roupas muçulmanas e o cobrador solta a frase infeliz: "Todas as mulheres deveriam se vestir assim. Ficam usando roupas curtinhas e se mostrando".
Na hora aguentei-me para não aumentar o tom de voz e no meio do ônibus começar a discutir com aquele machista infeliz.
Na luta feminista aprendi onde gastar energia e onde não gastar. Respirei fundo, levantei-me e saltei do ônibus.
Engoli a minha vontade de em alto e bom tom dizer " VISTA, VOCÊ, UMA BURCA E APRISIONE-SE!"
Pensei que naquele momento seria melhor gastar minha energia para contribuir com a luta feminista junto a outras mulheres e dialogar com homens que não violam a minha condição de mulher.
Um homem machista,cheio de preconceitos, invasivo com o meu corpo sinceramente não merece o meu bom dia, muito menos o meu sorriso.
"Minha nova poesia (repete)
é antiga poesia,
(...)
A baixa alto-estima da dona Maria,
da sua prima, da sua filha e sua vizinha.
Isso me intriga, isso me instiga
e se você não entendeu o que significa feminista.
Esquento a barriga no fogão, esfrio na bacia,
cuido do filho do patrão,minha filha ta sozinha
a mão ta no trampo a mente ta na filha
um monte de gaiato em volta ainda pequenina.
Porque depois dos 40 é de casa pra igreja,
é tudo é por ninharia, pretendente Jesus o Messias
tive que trabalhar não pude parar
guerreira estradeira capoeira na ginga.
Disseram pra neta que a vó era analfabeta
"o mundão ta doido Acaba" mas ela não,
minha vó formou na vida e nunca soube o que é reprovação
Eis a questão!!!!
Se não me espelhou não me espelhou
não chamo de educação
manhã eu acendi(???) o nariz da esfinge
de racha to cercado OIA Yemanja vive
aqui não tem trama ou gente inocente
aqui tem mulher firme arrebentando as suas correntes
a vida toda alguma coisa tentou me matar e eu me refiz
Dandara Acotirene
Salve! negras dos sertões negras da Bahia
Salve! Clementina, Leci, Jovelina
Salve! Nortistas caribenhas clandestinas
Salve! Negras da América latina (2X)
Salve! Eu sei não é facil chegar
Salve! a gente sabe levantar
Salve! Aonde eu for é o seu lugar
Salve! Permanecemos vivas (2X)"

Ellen Oléria.

miércoles, 5 de noviembre de 2014

Da série "Diálogos com escritores que falam por mim": Rubem Alves.

Tenho uma imensa gratidão a Rubens Alves por, na minha adolescência, ter me apresentado essas palavras. Texto marcante e pra vida toda.




Aos (possíveis) sabiás, por Rubem Alves


Alguém que não conheço, após ver as bolhas de sabão que soprei a propósito dos adolescentes, concluiu que eu devo ter alguma coisa contra eles: “O Rubem não gosta dos adolescentes”.

Há uma pitada de verdade nisso. E os pais concordariam comigo: se eles ficam sem dormir por causa dos seus filhos é porque há algo neles de que eles não gostam. Se gostassem, dormiriam bem e não procurariam terapeutas em busca de auxílio. A vida é mais complexa do que gostar ou não gostar: that is not the question. A questão é gostar e não gostar ao mesmo tempo. É isso que faz sofrer.
Imaginei que esta pessoa, se visse Michelangelo furiosamente atacando o mármore a martelo e cinzel, perguntaria também: “Afinal, que tem Michelangelo contra o mármore?”.
Sim, ele tem muito contra o mármore. Porque dentro dele está guardada a Pietà. É preciso não ter dó do mármore para que a Pietá saia do seu túmulo. O amor, por Pietà, não tem pietà... Onde estaria a Pietà se Michelangelo tivesse sido complacente com o mármore?
Educação é arte. E não existe nada mais contrário à arte que deixar a matéria-prima do jeito como está. Só fazem isto aqueles que não sonham. Mas, desgraçadamente, os sentimentos de culpa paternos e maternos transformam-se em complacência, e seus martelos e cinzéis transformam-se em gelatina. A pedra continua pedra. É preciso que se saiba que o amor é duro.
Veio-me a memória um parágrafo de Nietzsche:

“Minha vontade ardente de criar me empurra continuamente na direção do homem. É assim que o martelo é também empurrado na direção da pedra. Oh, homens! Na pedra dorme uma imagem, a imagem das minhas imagens. Sim, ela dorme dentro da pedra mais feia e mais dura... Agora o meu martelo furiosamente luta contra a sua prisão. Pedaços de rocha chovem da pedra...”

Ridendo dicere severum: rindo, dizer coisas sérias. O riso é o meu martelo e o meu cinzel. Não sei se vocês notaram que, em tudo que escrevi sobre adolescentes, alguém ficou de fora. Ficaram de dentro os pais e suas aflições: foi para eles que escrevi. Ficaram de dentro os adolescentes e suas turmas: escrevi na esperança de que os pais lhes mostrassem o meu espelho, e eles ali também se vissem como maritacas e como portadores da Síndrome de Sansão. Desejei que eles, assim se vendo através dos meus olhos, vissem como eles são engraçados e divertidos: não é possível contemplar a sua loucura sem uma boa risada. E que isso os fizesse rir de si mesmos. No momento em que rimos de nós mesmos o feitiço se quebra.
Quem ficou de fora? O adolescente solitário: aquele que não tem turma, cujo telefone fica em silêncio, que sábado á noite fica em casa ouvindo música no seu quarto...
Quando saio a andar de manhã cedo passam por mim bandos de adolescentes indo para a escola. Já não consigo identificar os grupos, que vão alegremente maritacando suas coisas, na leve felicidade de pertencer a uma turma. Falam sobre beijos, transas, festas.
Esses não me comovem. Comovem-me aqueles que estão sempre sozinhos. São diferentes. Na roupa, no corpo, no jeito, no olhar fixado no chão. Não têm estórias nem de beijos nem de festas para contar. Comovo-me com eles porque eu também já fui assim. Fui um solitário na minha adolescência. Menino de cidade pequena no interior de Minas, minha família mudou-se para o Rio de Janeiro. E o meu pai cometeu um grande erro, movido pelo desejo sincero de me dar o melhor: Matriculou-me num dos colégios da elite carioca, o famoso Colégio Andrews.
Albert Camus diz que ele sempre havia sido feliz até que entrou no Liceu – no Liceu ele começou a fazer comparações. Eu poderia ter escrito a mesma coisa. Ali, eu me descobri motivo de riso dos outros. Eu falava devagar e cantado, dizia “uai” e falava os “erres” de carne e mar como falam os caipiras, torcendo a língua. Também os meus jeitos de se vestir eram jeitos caipiras. E o dinheiro que levava comigo era dinheiro de pobre. E os clubes que eles freqüentavam não eram o meu – eu não freqüentava clube algum. Claro que jamais fui convidado para as festinhas e, se tivesse sido convidado, não teria ido. E também jamais convidei um colega para ir à minha casa. Tinha medo que minha casa fosse pobre demais.
E é isso que eu gostaria de dizer hoje aos adolescentes solitários, sem turmas, sem festas, sem estórias de beijos e amores pra contar, as noites de sábado em casa, o telefone em silêncio: vocês são meus companheiros. Eu andei pelos caminhos em que vocês andam.
Mas sou agradecido à vida por ter sido assim. Porque foi em meio ao sofrimento dessa terrível solidão que tratei de produzir minhas pérolas. “Ostra feliz não faz pérola”. Comecei então a andar sozinho pelos caminhos onde os outros adolescentes não iam: a música, a mística, a arte, a literatura, a poesia, a filosofia. Todos eles mundos solitários, onde só se entra sozinho. Andando por esses caminhos descobri aqueles que se pareciam comigo. Zaratustra, por exemplo, que se via como uma árvore crescendo a beira do precipício, seus longos galhos se estendendo sobre o abismo. Eu quis ser assim também.
E foi então que comecei a olhar para as maritacas com certo sentimento de superioridade. Claro que os psicanalistas, ávidos de interpretações, se apressarão em me informar que aquilo não passou de uma compensação pelo meu sentimento de inferioridade. Que assim seja, sinistros kleinianos! O fato é que, compensação ou não, a partir daí as alegrias que tive nas produções da minha solidão foram maiores que as tristezas da minha condição de adolescente solitário. A solidão passou a ser, para mim, uma fonte de alegria. Eu não precisava gritar como maritaca para ser ouvido.
As maritacas gritam, e todos as ouvem, mesmo sem querer. Mas o canto do sabiá solitário, ao final da tarde, em algum lugar da floresta, faz todo mundo se calar para poder ouvir... Isso eu lhes digo, solitários: há muita beleza escondida na sua tristeza. Não tenham dó de si mesmos. Tratem de usar o martelo e o cinzel...
In: ALVES, Rubem. E aí? Cartas aos adolescentes e a seus pais. Campinas: Papirus, 1999.

Palavras não são só palavras.

É bom cuidar com a forma quando fores expeli-las. Às vezes podem ser quentes, rápidas e rebuscadas e, assim, achares que elas são fortes e representarem um poder que achas que tens. Às vezes, elas saem baixas, quase inaudíveis e minguadas, mas tem muito mais força. 

A força é latente: de quem escuta, analisa algumas vezes, observa não apenas as palavras e os sentidos conectados a elas, mas observa também ou principalmente o corpo e a sua dramaticidade.
Ao iniciar minha militância política, caladinha, ficava olhando a retórica das palavras que saltitavam das bocas de militantes convictos da necessidade de projeção. Naquele tempo eu carrega caixas, mas eu sabia das palavras que circulavam na minha mente.
Com mais algum tempo, eu caminhava com a imagem daqueles militantes como referências do que eu gostaria de fazer e do que não gostaria de fazer.
Depois, não necessariamente nessa ordem, fui percebendo que essa forma de expelir palavras faz parte do mundo dos que não apenas comem, mas também conseguem refletir sobre a vida sejam eles militantes ou não.
Nesse caminho, aprendi que também é importante expelir palavras, desde que elas não sirvam apenas como palavras bonitas, mas que gerem ações concretas e coerentes com aqueles que de fato tem a força.
Aprendi, então, que palavras bonitas alvoroçam ouvidos, iluminam olhos ingênuos e aumentam o ego de quem acha que tem poder, mas o que de verdade faz a luta seguir são as dores, os sofrimentos, a fome, a força dos de baixo e a falta de palavras bonitas daqueles que acham que não tem poder, mas que sabem carregar caixas e falam, mesmo com o um português " maldizido".
E o melhor falam com muito conhecimento de causa.

martes, 4 de noviembre de 2014

Somos do Sul, com muito orgulho não nos renderemos.

♪♫♩♫♭♪"Somos Sur (Ana Tijoux)
Tu nos dices que debemos sentarnos
Pero las ideas solo pueden levantarnos.
Caminar, recorrer, no rendirse ni retroceder.
Ven y aprende como es paja absurda.
Nadie sobre todos
Todo es para todo, todos para nosotros es.
Soñamos en grande, gritamos algo no queda más remedio.
Esto no es utopía es alegre rebeldía del baile de los que sobran
De la danza que hay hoy día.
Levantarnos para decir ya basta.
Ni africa ni america latina se subasta.un carr
Todos los callados, todos los sometidos, todos los invisibles
Todos los callados, todos los sometidos, todos los invisibles
Nigeria, bolivia, chile, guatemtala, puertorico y tunez.
Argelia, venezuela, guatemala, nicaragua, mozanbique, costa rica.
Camerun, conga, somalia, méxico, república dominicana, tanzania.
Fuera yanqui de américa latina, franceses inglese y holandeses
Yo te quiero libre palestina.
Saqueo, pisoteo, colonización, mil veces venceremos
Del cielo al suelo y del suelo al cielo vamos.
Canto blanco vuelve pa tu pueblo
No te tenemos miedo. Tenemos vida y fuego
Fuego en nuestros manos, fuego en nuestros ojos
Tenemos tanta vida y esta fuerza color rojo.
La niña maría no quiere tu catsigo se va a liberar con el suelo palestino
Somos africanos, latinoamericanos
Somos este sur y juntamos nuestras manos." ♪♫♩♫♭♪

Ana María Merino Tijoux (1977) é uma cantora franco-chilena, conhecida pelos nomes
 artísticos Ana Tijoux ou Anita Tijoux. Ela começou sua carreira como MC do grupo de hip-
hop Makiza durante os anos 90. A partir de 2006, Ana iniciou uma carreira solo, e gravou 
uma colaboração com a cantora mexicana Julieta Venegas. Depois do seu segundo álbum, 
1977, ela ganhou maior notoriedade, e sua música chegou à trilha da série de televisão 
Breaking Bad. Ana é conhecida por tratar de temas como pós-colonialismo, feminismo, 
ambientalismo e justiça social em suas letras.

Sua família ficou exilada na França durante a ditadura de Augusto Pinochet no Chile.





Solidariedade ao povo palestino!





Solidariedade ao povo palestino, em especial às mulheres e crianças palestinas!
Na voz de Shadia Mansour. Nascida em Londres, ela pertence a uma família cristã de Haifa e Nazaret, a maior cidade árabe de Israel. Desde jovem, acompanhava seus pais a manifestações a favor da causa palestina e começou a cantar desde os cinco anos. Pouco a pouco, conheceu a comunidade palestina em Londres e seguiu cantando canções de protesto em árabe clássico.
Vamos espalhar a luta pela dignidade humana com música de protesto.

jueves, 30 de octubre de 2014

Ademar Bogo fala por mim: Conflitos e confrontos.

Conflitos e confrontos

Os confrontos vindouros voltar­-se-ão contra o governo, não por­que os capitalistas temam prejuí­zos, nem porque tenham algo dife­rente a propor para o país, mas pe­la intolerância de terem que acei­tar por mais um período, o prevale­cimento da vontade dos derrotados do passado
28/10/2014
Por Ademar Bogo
A eleição para presidente da República de 2014, no Brasil, por ter reabilitado setores vingativos e atrasados da direita, emitiu sinais que anunciam a passagem do cená­rio dos conflitos, em que as forças políticas polemizavam em busca de um melhor lugar, para o campo dos confrontos no velho estilo destruti­vo instigando o divisionismo da na­ção.
Os confrontos vindouros voltar­-se-ão contra o governo, não por­que os capitalistas temam prejuí­zos, nem porque tenham algo dife­rente a propor para o país, mas pe­la intolerância de terem que acei­tar por mais um período, o prevale­cimento da vontade dos derrotados do passado, dos nordestinos que ja­mais foram vistos como sujeitos po­líticos, mas que sustentaram com o voto a continuidade do desenvolvi­mentismo proletário.
Tal reação se dá em meio à com­binação de vergonha, preconceito e inveja. Vergonha, porque as for­ças retrogradas descobriram que aquilo que o Partido dos Traba­lhadores fez até aqui nada tem de ameaçador, e que elas, pelas refor­mas burguesas, poderiam ter fei­to; no entanto, jamais perceberam a fórmula simples de fazer a eco­nomia crescer, combinando produ­ção, serviços e ampliação da infra­estrutura. Para tanto, bastava asso­ciar os investimentos públicos com os recursos privados e fazer os pró­prios capitalistas gerarem empre­gos, distribuir renda e assegurar políticas assistenciais lucrativas pa­ra o comércio. Preconceito e inve­ja, porque, ao perceber que o mo­delo desenvolvimentista é de natu­reza capitalista e não se propõe a ir além disso, os setores da classe tra­balhadora subordinada no passado passaram a dar ordens e a contro­lar o poder de nomear funcionários e administrar os negócios lucrati­vos com as riquezas naturais.
Canalizada a reação pela morali­dade burguesa, tendo à frente uma liderança inescrupulosa, as forças atrasadas ganharam a simpatia da classe média despolitizada. Esta de­verá ser alimentada com denún­cias e acusações para que incenti­ve a população a ir às ruas e protes­tar contra o governo. Ou seja, os si­nais apontam que o objetivo agora é desgastar e enfraquecer as forças governistas para interromper-lhe o mandato ou subtrair-lhe a simpa­tia, facilitando a vitória nas eleições de 2018.
Sinais interpretados, resta sa­ber qual será o comportamento das forças de esquerda e dos movimen­tos populares. Na medida em que a direita, embora derrotada, sai for­talecida das eleições, e as forças de esquerda, juntamente com os mo­vimentos populares organizados, subsumidos atrás da vitória do go­verno, diante dos confrontos racis­tas e sionistas vindouros, se opta­rem por defendê-lo, presos a uma proposta reduzida de “reforma po­lítica”, estarão enfraquecendo ain­da mais a capacidade de luta. Ao alimentar esta tática, para saber como será o futuro, basta respon­der a indagação do presente: qual seria a capacidade de reação das esquerdas e dos movimentos popu­lares se os tucanos tivessem ganha­do esta última eleição?
É importante compreender que o reacenso das forças de direita tor­nou-se possível porque elas não fo­ram enfrentadas com veemência pelos trabalhadores neste século. Embora tenhamos visto avanços no campo eleitoral e social, não vimos o mesmo nos campos político, or­ganizativo e intelectual. Se a direita não foi derrotada quando estava re­traída, era lógico que voltaria e não veio só. Ela voltou e busca proteger­-se entre as forças sociais que deve­riam ter sido ganhadas para o pro­jeto popular, o verdadeiro sucessor do governo petista.
Ademar Bogo é filósofo, escritor.

Fonte:http://www.brasildefato.com.br/node/30325

miércoles, 29 de octubre de 2014

O exercício da crítica é necessário.

Tenho insistentemente escrito pequenos textos sobre preocupações com os rumos políticos do nosso país.  Vejo que esse debate  ganha força nos períodos eleitorais, mas deveria ser motivo de muita conversa nas praças, ruas, escolas, clubes e tantos outros espaços cotidianamente. 
Compreendo, mas não me contento com essa restrição. 
Resta-me a paciência histórica e a parte que me cabe na tentativa de contribuir com a elevação do nível de consciência a partir do pouco que tenho buscado entender as tramas das relações socioeconômicas e políticas dessa sociedade nefasta, sem pretensões de estar totalmente correta. 
É um ponto de vista que vem sendo forjado desde as minhas primeiras inquietações nas terras das usinas de cana-de-açúcar por onde morei e atiçado, posteriormente, pela práxis militante em processo.

Nesse sentido, o exercício da crítica é necessário e não posso me furtar dele. 

Incomoda-me como companheiras/os de esquerda  temem o debate sobre a condução política desse país como se não fosse necessário discutir e como se tudo estivesse caminhando bem. 
Sussurram aos "ouvidos amigos":  "cuidado com as críticas, pois podemos estar jogando força  para o outro lado (o da direita). Vamos nos dispersar..."


Eu pergunto então: 

> Será que não aumentamos a força da direita na medida em que não nos permitimos discutir de forma franca e aberta, mas respeitosa os rumos de um governo que se diz da classe trabalhadora, mas que já demonstrou ser um governo de coalizão de classes? 

> Que custa dialogarmos com outras/os camaradas da esquerda as questões que sempre nos incomodaram  e muitas vezes nos uniram na ação como, por exemplo,  a luta contra as privatizações e terceirizações em diversas áreas? 

>Por que não podemos fazer análises críticas entre nós, buscando um caminho unitário de luta? 

>O que de fato tem dispersado a esquerda?


Deixar que sussurrem ao meu ouvido amigo sem me posicionar é um atentado à posição crítica que venho assumindo desde minha adolescência sobre o meu papel social diante das injustiças do mundo sobre os mais pobres. 

Não gosto de passar a mão na cabeça de quem parece não ser justo, nem gosto de colocar o lixo para debaixo do tapete.  Prefiro olhar no olho e  avaliar até que ponto é interessante intervir, no que dá pra avançar e no que é preciso recuar. Além disso,  gosto da assertividade ao invés da passividade.

Desta maneira, não posso aceitar que em nome de uma tática que suponho ter elegido como atuação a defesa de uma "reforma política" como saída para os problemas políticos dos próximos anos, esqueça-se de lutas históricas, por exemplo, pelo acesso universal e gratuito à saúde, condições de trabalho, pela educação e saúde públicas , gratuitas, estatal e de qualidade. 

Mais uma vez pergunto: 

>Somente é possível  prestar assistência a saúde com qualidade nesse país cedendo aos interesses do capital que vibra de alegria com o repasse do dinheiro público  para Organizações Sociais, Fundações Estatais de Direito Privado,  ou Empresa Brasileira de Serviço Hospitalares em detrimento das condições de trabalho dos profissionais da saúde?

>Para se atender às necessidades de assistência médica nos diversos rincões desse país é preciso aliar um programa a EBSHER? 


Questionar ou criticar determinada opção  não significa, por outro lado,  não reconhecer que  importantes  mudanças na condição de miserabilidade do povo brasileiro pobre, bem como nas relações internacionais brasileiras tem se processado.  

O que eu convido as/os camaradas a refletirem é sobre o que está bom que precisa ser continuado e sobre o que está ruim e não deve prosseguir e deve ser mudado.

Colocando-me a disposição dentro das minhas possibilidades de quem hoje está desempregada e que está buscando alguma estabilidade fugindo da precarização extrema do trabalho que é tão comum aos profissionais da saúde  para me juntar ao trabalho de formação política da classe trabalhadora na base em torno de reformas estruturais de que o nosso país necessita. 

Ai quem sabe teremos força para não apenas fazer uma "reforma política", mas também para saber eleger parlamentares que realmente representem o povo e que possam ser pressionados para operacionalizarem legislações que atendam as necessidades prioritária da classe trabalhadora sem ilusões de que as soluções para os nossos problemas, em essência, virão do Estado nos marcos da ordem capitalista.  
Realizando formação e luta com a classe trabalhadora, de preferência no "chão de terra batida", caminharemos  para nossa elevação da consciência a ponto de elegermos pessoas comprometidas com à diversidade sexual e a criminalização da homofobia,  com a legalização  e criminalização do aborto, com as reformas estruturais de que o nosso povo necessita.  Ou abriremos espaço, por exemplo, para mais mulheres ruralistas e fundamentalistas ocuparem as cadeiras do parlamento para manter o status quo da sociedade brasileira. 

Ao contrário de alguns camaradas da esquerda, não afirmo que tudo está ruim e que assim permanecerá. Essa posição me parece tão conformista quanto a dos pessimistas conservadores que sempre ficam torcendo para que tudo dê errado. 

Eu não. Torço para que nosso país seja capaz de superar as mazelas de um histórico de subserviência colonialista aos que querem ser donos do mundo tirando de outros humanos a felicidade de viver livremente sem exploração. 

Mas não torço apenas pelo nosso país, torço por um mundo livre da exploração capitalista.  

martes, 28 de octubre de 2014

Se tenho a poeira como companheira, faço da poeira a minha camarada.



O plantador 

Quanto mais eu ando,
mais vejo Estrada.
Mas se eu não caminho,
não sou é nada.
Se tenho a poeira
como companheira,
faço da poeira
o meu camarada.
Se tenho a poeira
Como companheira,
faço da poeira
o meu camarada.
O dono quer ver
a terra plantada.
Diz de mim que vou
Pela grande estrada:
"Deixem-no morrer,
não lhe deem água,
que ele é preguiçoso
e não planta nada."
Eu que plantei tudo
e não tenho nada,
ouço tudo e calo,
na caminhada.
Deixem que ele diga,
que eu sou preguiçoso,
mas não planto em tempo
que é de queimada.
Deixem que ele diga,
que eu sou preguiçoso,
mas não planto em tempo
que é de queimada.

(Geraldo Vandré)

Sem basismo, estou com o povo que não é bobo!

Reforçando o desabafo- reflexão de Romero Venâncio, socializo uma breve narrativa de um episódio por mim vivenciado num bar de um bairro periférico dessa cidade na noite em que a comemoração pela vitória de Dilma/Ricardo ganhava principalmente as ruas da orla pessoense.
Um homem, com seus aproximados 47 anos, um pouco ébrio e com uma leve deficiência intelectual, baixo, negro, com nome de um santo católico apostólico-romano, com o corpo sujo de suor e de poeira se aproximou e me cumprimentou.
Eu estava com uma camisa vermelha toda cheia de adesivos de Dilma, por isso suponho tê-lo atraído. Começo então a conversar com ele perguntando com o que trabalhava. Ele me respondeu que trabalha com limpeza.


Aí dialogamos um pouco sobre a vitória de Dilma. Os comentários dele me pareciam bem coerentes. E me chamou atenção a frase " Eu votei nela, mas eu quero saber o que ela vai trazer para a Paraíba". E depois completa "o povo não é bobo". Eu retirei um dos adesivos da minha camisa e coloquei na camisa dele. No mesmo momento chega outro homem, pedindo dinheiro, ai ele me alertou " Cuidado com ele: é um esperto". O Homem com nome de santo chega perto do outro e diz " Você é tão jovem. Vá trabalhar! ". O outro sai aborrecido e resmungando.
O Homem com nome de santo resolve conversar com outras pessoas no bar e nos deixa por alguns minutos. Depois ele retorna e me explica: " Voltei. Voltei porque gostei de você." E me pediu para que tirasse o adesivo de Dilma. Eu falei por três vezes seguidas " Mas me explique por que?" A boca que liberou os argumentos tão facilmente alguns minutos atrás se calou. Ele não respondeu a minha pergunta e seguiu retirando o adesivo de Dilma.
Depois apertou minha mão e beijou o meu rosto.
A minha opção de comemorar a vitória de Dilma num bairro periférico ao invés de ir a orla valeu muito à pena.
Sei que não posso generalizar a fala do Homem com nome de santo para analisar a conjuntura política, mas já me lembro de ter ouvido essa expressão ("o povo não é bobo!") várias vezes, de bocas muito parecidas com a do Homem com nome de santo.
Mesmo não sendo religiosa, mas concordando com o sentido de algumas expressões desse cunho, encerro esse comentário com um trecho do versículo 34 de Mateus 12 "a boca fala do que está cheio o coração" (Mateus 12:34)
O "coração" do povo pobre brasileiro anda machucado, mas não desiste. Sabe que precisa sobreviver e quer melhorar de vida.
E o povo pobre por estar com o "coração" machucado, sabe bem que há sempre que desconfiar... 
Vota em Dilma, mas "quer saber o que ela (Dilma) trará para a Paraíba".


Ângela Pereira.



UM DESABAFO OU REFLEXÃO... TANTO FAZ... VAI...


Em 1989 a maioria dos pobres do Nordeste e Norte votou em peso no Collor (vivi e sofri este ano). Lula, candidato dos trabalhadores e ex-lider operário à época perdeu exatamente entre os pobres (ninguém disse nada ou caiu a gritaria de que pobre não sabe votar). Em 1994 mais uma vez os pobres votaram em FHC na onda do plano real (ninguém disse que pobre não sabe votar)... em 1998 mais uma vez FHC (ano símbolo da quebradeira do Brasil e desmonte do setor público brasileiro) e ninguém falou dos pobres que não sabiam votar (até FHC gostou e aplaudiu os rincões que o elegeram)... Estranho, preconceituoso, fascista e elitista é este papo de que os pobres do Norte e Nordeste votaram nesse 26 de outubro de 2014 por “bolsa família” e políticas sociais... De fato... e como não votariam? A necessidade tem falado mais alto entre os pobres em quase todas as eleições desde os anos 80... Por que só agora vem a gritaria? Olhemos as palavras e de onde estão saindo as pérolas do tipo: “ignorantes”, “burros”, “famélicos” ou daquelas senhoras da marcha com Deus e outras merdas dos dias atuais: corrupção, imoralidade, Impeachment (com as fontes da Veja e Globo). Será que precisa dizer de quais estados do Brasil são essa gente que grita assim???? Na verdade a questão é mais funda: um brutal preconceito de classe (histórico desde a montagem da casa grande) e pautado no velho cinismo (ainda de classe, também) dos “bem educados” que tudo sabem... São os 500 anos do cipó de aroeira no lombo de pobres e pretos... Isto é que essa gente não quer que mude... e olhe que Dilma/Lula/PT nem vão mudar nada e nem vão tirar os privilégios dessa gente (nem tenho ilusões)... “Só quero ver quando Zumbi chegar”... Por fim, dedico a essa gente escrota a música de Geraldo Vandré dos anos 60... Me representa!!!!!!!!!!!!!!




lunes, 27 de octubre de 2014

A palavra é Imperialismo e eu gosto de quem se arrisca.

A palavra é Imperialismo.
Eu não duvido da história, nem subestimo o presente. Também não faço chacotas de quem está sempre a desconfiar mesmo que tudo pareça "teoria da conspiração".
Prefiro os que se permitem à dúvida. Duvido de quem SEMPRE tem muita certeza, e fico com quem se permite a virar, revirar, ir e voltar, assumir posição e depois avaliar, podendo estar "certo" ou "errado". EU GOSTO DE QUEM SEMPRE ARRISCA. Porque o outro lado (a burguesia), sempre arrisca e PARALISADOS NÃO PODEMOS CONTINUAR.
Nem preciso ser historiadora para saber que na história recente desse país e da América Latina foram realizadas intervenções diretas imperialistas ianques que conduziram a seguidos processos de ditadura aliados ao avanço do neoliberalismo.
No Brasil, a ditadura explícita (pois segue a ditadura da burguesia) que arruinou a vida de milhares de pessoas acabou há cerca de 50 anos. Cinquenta anos para a história do nosso país é muito pouco. E o imperialismo segue raivoso.
Lembremos dos episódios ainda mais recentes de escutas da CIA denunciadas por Snowden.
Prefiro quem investiga e não se contenta com a aparência, a QUEM TEM CERTEZA DEMAIS.
Por isso, prefiro duvidar, virar, revirar e chegar a uma posição mesmo que depois eu tenha que avaliar e reconhecer que eu me equivoquei.
Como eu disse, EU GOSTO DE QUEM SE ARRISCA.
Abaixo segue um trecho do texto foi publicado em junho de 2013, logo ainda atual sobre as bases americanas que cercam a América latina. E em seguida o texto completo.
"O que há de atual no mundo contemporâneo é o imperialismo. E logicamente, se o imperialismo existe é bom definir conceitualmente do que se trata. Na realidade o que é rigorosamente atual é a existência do imperialismo. Pode-se analisar do ponto de vista teórico – há muitas definições de imperialismo – mas também se pode ver o imperialismo pelas consequências dos atos que realiza. E então não é preciso ir muito longe. O imperialismo é a guerra na Líbia, o imperialismo é a preparação das agressões contra Síria, o imperialismo é a ameaça contra o Irã, o imperialismo é o conflito na península da Coréia, tudo isso é a forma concreta de visualizar que o imperialismo existe e que atua contra os interesses dos povos. Portanto, é sim necessário defini-lo conceitualmente.
Muita gente acreditou que com o fim da guerra fria, com a dissolução da URSS se ingressava numa etapa em que, não havendo inimigo à vista já não havia possibilidade da explosão de uma guerra. Não obstante, a vida demonstrou exatamente o contrário: o imperialismo estadunidense, que é a cabeça de todas as potencias imperialistas, está acendendo conflitos em um monte de regiões, ademais das invasões, intervenções, formas de guerra disfarçada, formas de agressão ideológica e cultural. Tudo isso é o imperialismo. Agora, como pode ser visto pelas pessoas que vivem em nosso continente? Porque aqui, o importante, é que os que lerem essas informações se sinta comprometido a fazer algo."

domingo, 26 de octubre de 2014

Dias melhores virão para além das urnas e longe dos muros.

É bem real, visível e audível o ódio alardeado pelo PSDB e por seus apoiadores.
Na fila da sessão onde voto, tive que ouvir um casal fazendo campanha para Aécio. E mais uma vez, seguindo a tendência expressada por Aécio nos debates, seus apoiadores reproduziram o discurso desrespeitoso e machista.
O homem falou:
"Se Dilma tivesse gêmeos, um deles se chamaria PROUNI e o outro PRONATEC."


Não entrarei aqui em discussão sobre os méritos ou desméritos dos programas. Interessa-me analisar as expressões da representatividade (machismo, racismo, homofobia, por exemplo) de classe de quem defende com afinco a eleição do candidato do PSDB.
A crítica feita aos programas do governo acontece, não à toa, com a apropriação da condição de mulher da presidenta e não pelo conteúdo divergente ou opositor dos programas.
Vejamos, a gravidez é possibilitada pela associação de um gameta feminino e de um gameta masculino. A maternidade, por sua vez, é uma opção socialmente determinada. 
Dilma enquanto mulher, que é sujeita política, já fez a sua opção pela maternidade há trinta e oito anos quanto teve Paula Rousseff, filha única com o ex-deputado, ex-guerrilheiro e advogado gaúcho Carlos Franklin Paixão de Araújo. E agora é a PRIMEIRA presidenta desse país, tendo um histórico de vida que expressa seu papel de mulher para além da maternidade com envolvimento com a militância estudantil na luta contra a ditadura militar, economista (pena que de formação Keynesiana) que exerceu cargos técnicos e políticos importantes como o do ministra de Minas e Energia e da Casa Civil.


Nada mais conveniente à classe a que representa os apoiadores de Aécio, seguir conduzindo a mulher Dilma ao papel de mãe, quando a mesma é mais que isso.
Tenho asco dessa classe elitista, conservadora e reacionária que quer manter e aprofundar tudo que há de mais desumano no quesito das opressões entre seres humanos: a exploração e superexploração capitalista, a desigualdade social em essência e em aparência, o patriarcado e a sua ideologia machista e homofóbica e o racismo.
Votei em Dilma e se necessário fosse, em conjuntura semelhante, votaria novamente. Não voltei nela apenas por ser mulher, mas por hoje a mesma ocupar uma posição que pode barrar o retrocesso à política macroeconômica do período mais vil e devastador para a classe trabalhadora  que esse país viveu sobre os mandos do PSDB. 
Sei ainda que a correlação de forças na sociedade e nas alianças feitas para a governança do PT mantém o governo em maus lençóis. E que o processo de deseducação das massas que se processa desde a restrição das opções táticas do PT ao espaço institucional pode continuar caso não se invista numa auto-crítica franca da esquerda e do PT, em especial.


Reafirmo, sobretudo e fielmente, a compreensão de que que assumir uma parte do poder (o governo) não resolverá os problemas reais concretos da classe trabalhadora.
Acredito que vários brasileiras e brasileiros, assim como eu, gostariam de estar votando em alguém com posições mais avançadas e gostaríamos que tivéssemos correlação de forças e um alto nível de consciência (consciência para si) do nosso povo (classe trabalhadora). Mas (in)felizmente, o que temos para hoje nos coloca a condição posta. E é sobre essa realidade concreta que devemos agir.
A polarização aponta as disputas de dois projetos na sociedade brasileira. Isso é claro. Mas essa afirmação precisa ser analisada, considerando uma série de mediações teórico-políticas, que após o dia de hoje, ao meu ver, deveria ser objeto de estudo e intervenção minuciosos da esquerda brasileira.
Que venham os próximos dias, porque a luta segue contra o capitalismo-patriarcal, imperialista e colonizador e sua ideologia liberal/neoliberal, machista, homofóbica e racista.


INSISTENTEMENTE eu acredito e defendo que virão dias melhores!

sábado, 25 de octubre de 2014

Somos nós, a esquerda, que daremos o tom VERMELHO.

A história se repete. A VEJA sempre teve um lado:o lado da burguesia.


Dilma é diferente de Aécio, sem dúvidas. E o PT é diferente do PSDB, mas o PT e toda a esquerda (inclusive a oposição de esquerda) precisam fazer uma autocrítica de sua atuação frente a ofensiva capitalista e ao consequente conservadorismo de quem deixou de fazer formação política e trabalho de base nas comunidades, nos sindicatos, nos movimentos sociais e em outros espaços ou veremos quem de fato ganhará no cotidiano da vida do trabalhador.




Eu digo não ao retrocesso, mas não desejo um "país da classe média".
Quero um país (um mundo) onde de fato a desigualdade social em suas variantes seja superada, porque, em essência, a desigualdade social não foi banida.






Defendo o projeto de saúde da Reforma Sanitária Brasileira ( não o do "SUS possível") e digo NÃO às privatizações e terceirizações na saúde (NÃO às OS's, OSCIP's, FEDP, EBSERH).
Quero que a atenção à saúde da mulher seja integral e que as mulheres sejam mais que mães ( e não " cegonhas"- REDE CEGONHA), tendo o direito de decidir pelo aborto, porque as mulheres da classe trabalhadora estão morrendo ao fazerem os procedimentos sem condições para tal.
Quero que a dívida histórica para com aqueles que compartilham a cor da minha pele seja paga para que tenhamos acesso à educação, à saúde, ao emprego e demais políticas públicas. Mas acredito que nós, povo de pele preta da classe trabalhadora, precisamos de mais que políticas afirmativas.
Quero que o Estado repasse o dinheiro suado das/os trabalhadoras/es destinado ao fundo público para políticas públicas de fato universalizantes, públicas e estatais. E sei que o Estado Social Keynesiano (que é liberal) não resolveu, nem resolverá os problemas da classe trabalhadora em toda a sua radicalidade (Vide o exemplo da Europa).
Por isso continuo acreditando que o Estado representa majoritariamente uma classe (a classe dominante- a classe burguesa) e que, portanto, deve ser suplantado.
Quem jogará o peso dessa disputa a não ser nós militantes da esquerda (populares, socialistas e comunistas)?
Como vimos e sabemos, o outro lado já tem sua força e seus instrumentos, nós temos perdido força consideravelmente com a ofensiva capitalista neoliberal desde os governos Collor de Mello e FHC e com os "respingos"(?) ( aqui é onde estão as maiores divergências) no governo Lula e Dilma.

Nesses governos tem se dado um processo de fragilização da classe trabalhadora sem tamanho, expressos na flexibilização e consequente precarização das condições e relações de trabalho sejam elas no setor privado ou público.
Permanece atravancando os caminhos a lei de Responsabilidade Fiscal e o condicionamento de investimentos nas folhas salariais dos trabalhadores. Segue a prevalência de concursos públicos por meio de CLT em detrimento do Regime Jurídico Único/ Estatutário ( derrotado no governo de FHC) e não se avança por exemplo, com o Plano de Cargo de Carreira dos trabalhadores da saúde. Segue o repasse de dinheiro público para entidades de interesse privado como as OS's, Oscips,FEDP e EBSHER.
Nas universidades públicas, com o REUNI, mesmo com a importante entrada de estudantes da classe trabalhadora, segue a precarização do trabalho docente e das condições de ensino, pesquisa e extensão, sendo os professores massacrados com cargas horárias extensas e interferindo nas condições de ensino-aprendizagem.

Mas podemos fazer uma opção: A) Ou Continuaremos nos chamando de governistas ou nos alcunhando de esquerdistas, numa luta fraticida b) Ou entenderemos que a unidade é necessária, com os devidos respeitos às divergências e a compreensão de até onde se pode andar junto e por isso, no mínimo é preciso ter diálogo.
Eu prefiro a opção B. E tenho posição.
Vou com Dilma para não retroceder.

Sigo apostando na força dos que vem de baixo que podem estar superando as suas necessidades primeiras, vindas do estômago, para poderem pensar, trabalhar...
SE vão pensar como classe média ( setor médio= pequena burguesia) ou como classe trabalhadora, nós -a esquerda organizada e não apenas o PT- é que daremos o tom.
Eu prefiro o tom vermelho que é o mesmo tom do sangue daquelas/es que já perderam a vida em luta pela liberdade socialista/feminista. 

É o mesmo tom da REVOLUÇÃO SOCIALISTA, SEM ETAPISMOS, SEM ILUSÕES AUTO-IMPOSTAS, SEM PERDER A BASE, porque a CABEÇA PENSA ONDE OS PÉS PISAM.

No dia 26, compartilharei do tom vermelho de Dilma, que pode ficar cada vez mais vermelho se nós (classe trabalhadora/esquerda) quisermos e nos movimentarmos para tal.
Ou o vermelho ficará cada vez mais desbotado. Daí repito: somos nós, a esquerda, que daremos o tom
.