miércoles, 29 de octubre de 2014

O exercício da crítica é necessário.

Tenho insistentemente escrito pequenos textos sobre preocupações com os rumos políticos do nosso país.  Vejo que esse debate  ganha força nos períodos eleitorais, mas deveria ser motivo de muita conversa nas praças, ruas, escolas, clubes e tantos outros espaços cotidianamente. 
Compreendo, mas não me contento com essa restrição. 
Resta-me a paciência histórica e a parte que me cabe na tentativa de contribuir com a elevação do nível de consciência a partir do pouco que tenho buscado entender as tramas das relações socioeconômicas e políticas dessa sociedade nefasta, sem pretensões de estar totalmente correta. 
É um ponto de vista que vem sendo forjado desde as minhas primeiras inquietações nas terras das usinas de cana-de-açúcar por onde morei e atiçado, posteriormente, pela práxis militante em processo.

Nesse sentido, o exercício da crítica é necessário e não posso me furtar dele. 

Incomoda-me como companheiras/os de esquerda  temem o debate sobre a condução política desse país como se não fosse necessário discutir e como se tudo estivesse caminhando bem. 
Sussurram aos "ouvidos amigos":  "cuidado com as críticas, pois podemos estar jogando força  para o outro lado (o da direita). Vamos nos dispersar..."


Eu pergunto então: 

> Será que não aumentamos a força da direita na medida em que não nos permitimos discutir de forma franca e aberta, mas respeitosa os rumos de um governo que se diz da classe trabalhadora, mas que já demonstrou ser um governo de coalizão de classes? 

> Que custa dialogarmos com outras/os camaradas da esquerda as questões que sempre nos incomodaram  e muitas vezes nos uniram na ação como, por exemplo,  a luta contra as privatizações e terceirizações em diversas áreas? 

>Por que não podemos fazer análises críticas entre nós, buscando um caminho unitário de luta? 

>O que de fato tem dispersado a esquerda?


Deixar que sussurrem ao meu ouvido amigo sem me posicionar é um atentado à posição crítica que venho assumindo desde minha adolescência sobre o meu papel social diante das injustiças do mundo sobre os mais pobres. 

Não gosto de passar a mão na cabeça de quem parece não ser justo, nem gosto de colocar o lixo para debaixo do tapete.  Prefiro olhar no olho e  avaliar até que ponto é interessante intervir, no que dá pra avançar e no que é preciso recuar. Além disso,  gosto da assertividade ao invés da passividade.

Desta maneira, não posso aceitar que em nome de uma tática que suponho ter elegido como atuação a defesa de uma "reforma política" como saída para os problemas políticos dos próximos anos, esqueça-se de lutas históricas, por exemplo, pelo acesso universal e gratuito à saúde, condições de trabalho, pela educação e saúde públicas , gratuitas, estatal e de qualidade. 

Mais uma vez pergunto: 

>Somente é possível  prestar assistência a saúde com qualidade nesse país cedendo aos interesses do capital que vibra de alegria com o repasse do dinheiro público  para Organizações Sociais, Fundações Estatais de Direito Privado,  ou Empresa Brasileira de Serviço Hospitalares em detrimento das condições de trabalho dos profissionais da saúde?

>Para se atender às necessidades de assistência médica nos diversos rincões desse país é preciso aliar um programa a EBSHER? 


Questionar ou criticar determinada opção  não significa, por outro lado,  não reconhecer que  importantes  mudanças na condição de miserabilidade do povo brasileiro pobre, bem como nas relações internacionais brasileiras tem se processado.  

O que eu convido as/os camaradas a refletirem é sobre o que está bom que precisa ser continuado e sobre o que está ruim e não deve prosseguir e deve ser mudado.

Colocando-me a disposição dentro das minhas possibilidades de quem hoje está desempregada e que está buscando alguma estabilidade fugindo da precarização extrema do trabalho que é tão comum aos profissionais da saúde  para me juntar ao trabalho de formação política da classe trabalhadora na base em torno de reformas estruturais de que o nosso país necessita. 

Ai quem sabe teremos força para não apenas fazer uma "reforma política", mas também para saber eleger parlamentares que realmente representem o povo e que possam ser pressionados para operacionalizarem legislações que atendam as necessidades prioritária da classe trabalhadora sem ilusões de que as soluções para os nossos problemas, em essência, virão do Estado nos marcos da ordem capitalista.  
Realizando formação e luta com a classe trabalhadora, de preferência no "chão de terra batida", caminharemos  para nossa elevação da consciência a ponto de elegermos pessoas comprometidas com à diversidade sexual e a criminalização da homofobia,  com a legalização  e criminalização do aborto, com as reformas estruturais de que o nosso povo necessita.  Ou abriremos espaço, por exemplo, para mais mulheres ruralistas e fundamentalistas ocuparem as cadeiras do parlamento para manter o status quo da sociedade brasileira. 

Ao contrário de alguns camaradas da esquerda, não afirmo que tudo está ruim e que assim permanecerá. Essa posição me parece tão conformista quanto a dos pessimistas conservadores que sempre ficam torcendo para que tudo dê errado. 

Eu não. Torço para que nosso país seja capaz de superar as mazelas de um histórico de subserviência colonialista aos que querem ser donos do mundo tirando de outros humanos a felicidade de viver livremente sem exploração. 

Mas não torço apenas pelo nosso país, torço por um mundo livre da exploração capitalista.  

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