(Adaptação da poesia " Para os que virão" de Thiago de Mello)
Como sei pouco, e sou pouco,
Faço o pouco que me cabe
Me dando inteira.
sabendo que não vou ver
a mulher que eu quero ser.
Já sofri o suficiente
para não enganar a ninguém:
principalmente aos que sofrem
na própria vida, a garra
da opressão, e nem sabem.
Não, não tenho o sol escondido
No meu bolso de palavras.
Sou simplesmente uma mulher
para quem já a primeira
e desolada pessoa
do singular-foi deixando,
devagar , sofridamente,
de ser, para transformar-se
-muito mais sofridamente_
Na primeira e profunda pessoa
do plural.
Não importa que doa: é tempo
de avançar de mão dada
com quem vai no mesmo rumo,
mesmo que longe ainda esteja de aprender a conjugar
o verbo amar.
É tempo sobretudo de deixar de ser apenas
a solitária vanguarda de nós mesmos.
Se trata de ir ao encontro.
( Dura no peito, arde a límpida
verdade de nossos erros.)
Se trata de abrir rumo.
As que virão, serão povo,
e saber serão lutando.
MAS TAMBÉM....
Amar não é aceitar tudo. Aliás: onde tudo é aceito, desconfio que há falta de amor.
Vladimir Maiakóvski.
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