viernes, 10 de octubre de 2014

Não precisamos que nos ensinem! Nós já somos mulheres!

Mulheres, o cenário é preocupante para nós. Mas como somos mulheres corajosas, não nos furtaremos da luta.

Diante do cenário pós-eleições, com um congresso mais conservador por pelo menos mais quatro anos, senti a necessidade de dizer que:

> Preparemos-nos para investir na nossa formação político-ideológica, fortalecermos  a nossa auto-estima e estimulemos outras mulheres a se amarem mais e agregar mais pessoas a nossa luta feminista anticapitalista, antipatriarcal, anti-racista, anti homofóbica/lesbofófica/transfóbica (mulheres e homens). 


> Preparemo-nos para pensar em mecanismos que dialoguem com as mulheres nas periferias, no campo e na cidade sobre como construir rupturas cotidianas num modo de pensar definido pelas bases materiais estabelecidas, considerando que essas mesmas mulheres, assim como nós , mas em situação menos privilegiada,estão imersas em todas as contradições que a ordem determina, buscando alívio para suas dores em ideologias religiosas, funks e pancadões, por exemplo, que as aprisionam mais. 

> Penso que é chegado o tempo de colocar os pés no barros e  nas lamas das ruas não saneadas e quem sabe bater de porta em porta para pedir um simples copo d'água, iniciando processos de formação com poucas mulheres em algumas comunidades, dentro das nossas condições.

> Um mínimo de questionamento da ordem patriarcal capitalista estabelecida faz reavivar  a essência da falsa democracia racial brasileira, deixando "regressar" dos porões dos navios negreiros o  ódio ao povo negro ( que as Cláudia's,  mães, irmãs , filhas da juventude negra não nos deixem esquecer disso); das disputas coloniais o ódio ao povo nordestino (que os resultados da eleição na capital paulista não nos deixem esquecer disso); das entranhas fascistas, capitalistas e ignóbeis das religiões fundamentalistas  o ódio ao livre exercício da sexualidade e afetividade ( que as  milhões/milhares de mulheres lésbicas, bissexuais, heterossexuais  violentadas no mundo nos  lembrem de que não podemos parar).

> É tempo de se aproximar das mulheres que estão nas comunidades populares e periféricas, no campo e na cidade, ouvindo-as num exercício de educação popular feminista e a partir daí maturar propostas,ferramentas de diálogo e formação política-ideológica.  Sem pressa, com paciência histórica, sem afobação, mas também sem  titubear.

> É tempo de olharmos para a história  de vida das mulheres feministas das organizações diversas na Paraíba e aprendermos com a história delas aprendendo, então, a respeitar suas escolhas, mesmo que no meio do caminho as divergências apareçam... A unidade na ação deve prosseguir e as divergências devem ser respeitadas.

> É tempo de unidade com quem vai no mesmo rumo, construindo alianças táticas e estratégicas.

> Que o nosso amor pela luta revolucionária feminista, popular e socialista seja expresso através da solidariedade de gênero-classista, permitindo-nos compreender que o cenário é verdadeiramente preocupante para a luta contra as opressões advindas da formação social e econômica desse país e do restante do mundo. 

> É tempo, portanto, de olhar no olho da(s) outra(s), reconhecer-nos como companheiras, dar as mãos umas às outras e seguir em Marcha até sejamos livres nas várias trincheiras: nas nossas casas, nas nossas escolas, nas nossas creches, nas nossas universidades, nas nossas comunidades, nos postos de trabalho...

A revolução é permanente. 
O cenário pode ser difícil, mas agente já sabe quem tem o poder. E nós já sabemos ser mulheres!

Abaixo segue matéria que me estimulou a escrever esse texto:

Jovem é estuprada para “aprender a ser mulher”

06/10/2014 , by Redação 






estupro

A estudante de 25 anos, lésbica, relata ter sido vítima de violência sexual em plena via pública em SP; dois homens teriam a abordado na região da Consolação e a forçado a ter relações sexuais com ambos pelo simples fato de ser homossexual; até agora não há suspeitos 
Por Ivan Longo 
Em meio a intensas discussões sobre homofobia e crimes de ódio, principalmente por conta do cenário eleitoral, a intolerância faz mais uma vítima. Uma jovem de 25 anos que preferiu não se identificar relata ter sido vítima de um “estupro corretivo” no último dia 13, em plena via pública e bastante movimentada da capital.
De acordo com a joven, que estuda artes visuais, ela estava caminhando pela avenida Rebouças – como costuma a fazer usualmente – por volta das 22h quando foi abordada por dois homens. Eles teriam desferido palavras de ódio contra a garota pelo fato de ser lésbica. Ela respondeu à altura e os indivíduos a teriam agarrado e realizado um estupro para que ela “aprendesse a ser mulher”.
“Ainda não consegui retornar as minhas atividades práticas cotidianas ou sequer ao normal funcionamento intelectual/cognitivo do meu cérebro”, contou a jovem, mais de uma semana após o ocorrido. Ela informou ainda ter desmaiado durante o ato e acordado sozinha, sem receber ajuda de ninguém.
A estudante, depois de passar por tratamento médico, chegou a abrir um boletim de ocorrência na Decradi (Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância) e voltou até o local com dois investigadores da Polícia Civil. Como não encontraram nenhuma câmera de segurança, ainda não há suspeitos.  “Fui com dois investigadores da polícia civil ao local e constatamos que não há câmeras por ali. Os 99% de improbabilidade de encontrar os sujeitos me desestimularam a dar continuidade ao processo criminal, aos encontros estressantes com advogados, legistas e afins”, contou.
Confira o relato da jovem na íntegra:
No sábado 13/09/2014 fui vítima de violência sexual homofóbica, ou estupro corretivo. Ainda não consegui retornar as minhas atividades práticas cotidianas ou sequer ao normal funcionamento intelectual/cognitivo do meu cérebro. Funções como sono e fome foram substituídas por insonia e náusea.
Recebi atendimento exemplar no Hospital Pérola Byington, Centro de referência da saúde da mulher. Lá tive acesso a fármacos preventivos de DSTs, gratuitos, infelizmente o tratamento também é penoso devido a agressividade dos remédios e de seus efeitos colaterais, são 28 dias de retrovirais contra AIDS.
Subia a Rebouças em direção à Consolação, a pé, como sempre faço, sou defensora dos benefícios de uma boa caminhada e da locomoção alternativa. Ao passar pelo viaduto, na ladeira próxima a Praça José Molina, fui abordada por dois indivíduos do sexo masculino que atiravam em minha direção palavras de cunho homofóbico e afirmavam coisas do tipo: “se quer ser homem, vai ser tratada como homem”, mandei-os ir para aquele lugar e que me deixassem em paz. Em seguida fui agarrada por quatro braços e forçada a ter relações sexuais com ambos os indivíduos que agora paradoxalmente bradavam que “me ensinariam a ser mulher”. Claro que as expressões exatas foram eufemizadas pela minha incapacidade psicológica de repeti-las.
Isso aconteceu numa via pública onde passavam automóveis, ninguém ofereceu ajuda, ou quiçá se incomodou. Desmaiei. Quando acordei estava perturbada e foi difícil aceitar o que tinha acontecido. Demorei 24h para poder falar com a minha mãe, mais ainda para falar com outras pessoas.
Agora sinto que é necessário, estimulada pelo discurso homofóbico do presidenciável Levi Fidelix e o apoio que esse tem recebido de pastores e outras personalidades. Fui com dois investigadores da polícia civil ao local e constatamos que não há câmeras por ali. Os 99% de improbabilidade de encontrar os sujeitos me desestimularam a dar continuidade ao processo criminal, aos encontros estressantes com advogados, legistas e afins.
É certo que a impunidade mais uma vez vigorará. Agradeço aos carinhosos amigos que me têm apoiado, também minha mãe que sempre apoiou todos minhas escolhas e é a primeira defensora da minha individualidade! Espero fazer do facebook e do acontecimento plataforma e ferramenta de luta para que não aconteçam mais tais crimes de homofobia!
  Fonte: http://spressosp.com.br/2014/10/06/jovem-e-estuprada-para-aprender-ser-mulher/
Pelo fim da lesbofobia, homofobia, machismo e violência contra as mulheres!

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