domingo, 26 de octubre de 2014

Dias melhores virão para além das urnas e longe dos muros.

É bem real, visível e audível o ódio alardeado pelo PSDB e por seus apoiadores.
Na fila da sessão onde voto, tive que ouvir um casal fazendo campanha para Aécio. E mais uma vez, seguindo a tendência expressada por Aécio nos debates, seus apoiadores reproduziram o discurso desrespeitoso e machista.
O homem falou:
"Se Dilma tivesse gêmeos, um deles se chamaria PROUNI e o outro PRONATEC."


Não entrarei aqui em discussão sobre os méritos ou desméritos dos programas. Interessa-me analisar as expressões da representatividade (machismo, racismo, homofobia, por exemplo) de classe de quem defende com afinco a eleição do candidato do PSDB.
A crítica feita aos programas do governo acontece, não à toa, com a apropriação da condição de mulher da presidenta e não pelo conteúdo divergente ou opositor dos programas.
Vejamos, a gravidez é possibilitada pela associação de um gameta feminino e de um gameta masculino. A maternidade, por sua vez, é uma opção socialmente determinada. 
Dilma enquanto mulher, que é sujeita política, já fez a sua opção pela maternidade há trinta e oito anos quanto teve Paula Rousseff, filha única com o ex-deputado, ex-guerrilheiro e advogado gaúcho Carlos Franklin Paixão de Araújo. E agora é a PRIMEIRA presidenta desse país, tendo um histórico de vida que expressa seu papel de mulher para além da maternidade com envolvimento com a militância estudantil na luta contra a ditadura militar, economista (pena que de formação Keynesiana) que exerceu cargos técnicos e políticos importantes como o do ministra de Minas e Energia e da Casa Civil.


Nada mais conveniente à classe a que representa os apoiadores de Aécio, seguir conduzindo a mulher Dilma ao papel de mãe, quando a mesma é mais que isso.
Tenho asco dessa classe elitista, conservadora e reacionária que quer manter e aprofundar tudo que há de mais desumano no quesito das opressões entre seres humanos: a exploração e superexploração capitalista, a desigualdade social em essência e em aparência, o patriarcado e a sua ideologia machista e homofóbica e o racismo.
Votei em Dilma e se necessário fosse, em conjuntura semelhante, votaria novamente. Não voltei nela apenas por ser mulher, mas por hoje a mesma ocupar uma posição que pode barrar o retrocesso à política macroeconômica do período mais vil e devastador para a classe trabalhadora  que esse país viveu sobre os mandos do PSDB. 
Sei ainda que a correlação de forças na sociedade e nas alianças feitas para a governança do PT mantém o governo em maus lençóis. E que o processo de deseducação das massas que se processa desde a restrição das opções táticas do PT ao espaço institucional pode continuar caso não se invista numa auto-crítica franca da esquerda e do PT, em especial.


Reafirmo, sobretudo e fielmente, a compreensão de que que assumir uma parte do poder (o governo) não resolverá os problemas reais concretos da classe trabalhadora.
Acredito que vários brasileiras e brasileiros, assim como eu, gostariam de estar votando em alguém com posições mais avançadas e gostaríamos que tivéssemos correlação de forças e um alto nível de consciência (consciência para si) do nosso povo (classe trabalhadora). Mas (in)felizmente, o que temos para hoje nos coloca a condição posta. E é sobre essa realidade concreta que devemos agir.
A polarização aponta as disputas de dois projetos na sociedade brasileira. Isso é claro. Mas essa afirmação precisa ser analisada, considerando uma série de mediações teórico-políticas, que após o dia de hoje, ao meu ver, deveria ser objeto de estudo e intervenção minuciosos da esquerda brasileira.
Que venham os próximos dias, porque a luta segue contra o capitalismo-patriarcal, imperialista e colonizador e sua ideologia liberal/neoliberal, machista, homofóbica e racista.


INSISTENTEMENTE eu acredito e defendo que virão dias melhores!

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