sábado, 18 de septiembre de 2010

NÃO TE RENDAS

Não te rendas, ainda há tempo
para voltar e começar de novo,
aceitar as sombras,
enterrar os medos,
soltar o lastro,
retomar o voo

Não te rendas, pois a vida é
continuar a viagem,
perseguir os sonhos,
destravar o tempo,
percorrer os escombros
e desvelar o céu

Não te rendas, por favor, não desistas,
ainda que o frio queime,
o medo morda
e o sol se esconda,
ainda que se cale o vento,
ainda há lume na tua alma,
e vida nos teus sonhos

Não te rendas
porque a vida é tua e também o desejo
porque o quiseste e porque te quero,
porque existe o vinho e o amor, é claro.
Porque não há ferida que o tempo não cure.

Abrir as portas,
livrá-las das trancas,
abandonar as muralhas que te protegeram,
viver a vida e aceitar o desaf io,
rec uperar o riso,
arriscar uma canção,
baixar a guarda e estender as mãos,
distender as asas
e tentar de novo
celebrar a vida e retomar os céus.

Não te rendas, por favor, não desistas,
ainda que o frio queime,
o medo morda
e o sol se esconda,
ainda que se cale o vento.
Ainda há lume na tua alma,
e vida nos teus sonhos.
Porque cada dia é um novo começo
porque essa é a hora e o melhor momento
porque não estás só, porque eu te quero
(amada Revolucion).

Mario Benedetti (1920-2009)
Poeta e escritor uruguaio. Escreveu mais de 80 livros traduzidos para vinte linguas. Foi editor de literartura do semanário
Marcha. Entre seus livros estão A trégua; a borra de café; correio do tempo e Quem de nós. Morreu comunista convicto e carregado de esperança.

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