lunes, 28 de diciembre de 2009

O livro dos Abraços- Eduardo Galeano.

Que deliciosa surpresa tive ao pestanejar os olhos na tela do computador e ler mesmo em PDF, sem poder pegar e marcar no livro ( coisa que destesto) O Livro dos Abraços de Eduardo Galeano. Um presente de um companheiro fascinado por Galeano.
Que originalidade apresentam os escritos desse homem! Em tão poucas palavras é capaz de contar grandes histórias, brincando com as palavras...

Abaixo lhes presenteio com alguns excertos que extrai de " O livro dos Abraços". Nem terminei de lê-lo, mas já valeu muito a pena ter trocado figurinhas com o Compa Gaucho. Obrigado , moço!

“Celebração da voz humana


Quando é verdadeira, quando nasce da necessidade de dizer, a voz humana não encontra quem a detenha. Se lhe negam a boca, ela fala pelas mãos ou pelos olhos, ou pelos poros, ou por onde for. Porque todos, todos temos algo a dizer aos outros, alguma coisa, alguma palavra que merece ser celebrada ou perdoada”.


A fome


Um sistema de desvinculo: boi sozinho se lambe melhor..., o próximo, o outro, não é seu irmão, nem seu amante. O outro é competidor, um inimigo, um obstáculo a ser vencido ou uma coisa a ser usada. O sistema, que não dá de comer, tampouco dá de amar: condena muitos à fome de pão e muitos a fome de abraços.”


O diagnóstico e a terapêutica


O amor é uma das doenças mais bravas e contagiosas. Qualquer um reconhece os doentes dessa doença. Fundas olheiras delatam que jamais dormimos, despertos noite após noite pelos abraços e padecemos febres devastadoras e sentimos uma irresistível necessidade de dizer estupidezes. O amor pode ser provocado, deixando cair um punhadinho de pó de me ame, como por descuido, no café ou na sopa ou na bebida. Pode ser provocado, mas não pode impedir. Não o impede nem água benta, nem o pó de hóstia tampouco o dente de alho, que nesse caso não serve pra nada. O amor é surdo frente ao verbo divino e ao esconjuro das bruxas. Não há decreto de governo que possa com ele, nem poção capaz de evitá-lo, embora as vivanduras, apregoem, nos mercados, infalíveis, beberagens com garantia e tudo.

Eduardo Galeano (O livro dos Abraços).




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