Às poetisas e aos poetas...
Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja!
Rei do reino de Aquém e de Além dor!
É ter mil desejos o esplendor!
E não saber se quer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja
É ter garras e asas de condor!
É ter fome, é ter sede de infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!
E é amar-te assim perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim!
E dizê-lo cantando a toda gente!
Florbela Espanca
Foto: Florbela Espanca em 1898.
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