domingo, 14 de septiembre de 2014

Viva ao baculejo! ( Isso é uma ironia, é claro!)

Estava eu, bem acompanhada na última sexta-feira (12/09), no Centro de Histórico de João  Pessoa, buscando um pouco de cultura para sublimar as dores minhas e das/os outras/os.
 No meio do caminho, dois meninos  negros ( um de 12 anos e outro de 9 anos) recolhiam papelões próximo do Ponto de Cém Reis, empilhando-os em um carro improvisado de tamanho maior que os garotos. 

Perguntando onde moravam, disseram que moravam no centro mesmo, apenas com a mãe (mais uma mulher dentre tantas que criam os filhos sozinhos após abandono do pai) .  Segundo os meninos, ele estudavam e pareciam educados. Perguntamo-nos: Eles sobreviverão?  Talvez sim, talvez não.

Em seguida... 

Estranhei, verdadeiramente, em encontrar um centro histórico que antes era tão movimentado,  com poucas pessoas transitando. 
Algumas horas depois,  vi que  o Centro Histórico  se enchia de pessoas. Havia, entretanto, diferenças em relação às pessoas que frequentam atualmente aquele espaço. 
As tribos alternativas, ligadas à universidade, geralmente, parecem ter diminuído às idas a este espaço. 
Fiquei inquieta me perguntando por quê, mais tarde, eu teria talvez sinais para minhas perguntas. 


 Após passar algumas horas por lá, saio de um dos bares horrorizada com uma verdadeira cena de cinema ou novela global, não estivesse eu vendo a pura realidade.

Cerca de 7 carros da Guarda Municipal de João Pessoa, iluminaram com raios de luz vermelhos e atordoaram  as pessoas que ali estavam   com berrantes sons de sirenes. O provável, objetivo seria reprimir a juventude pobre e que ali consume drogas de forma explícita. 

Homens bem armados (não pelas armaduras de São Jorge), desfilavam seus super poderes sobre uma juventude, reprimindo e criminalizando a pobreza (a mando do governo petista) por essa ser a solução mais fácil: culpabilizar os indivíduos por usarem drogas, por serem "mal caráter"e, as suas prováveis explicações do senso comum e outras nem tanto do senso comum, assim.

( Polícia- Titãs)

A situação da juventude sem rumo, sublimando e, ao mesmo tempo, rebelando-se contra a ordem estabelecida  é expressão dos conflitos entre o capital e o trabalho  nos dias de hoje. A barbárie instalada que  grita nas periferias nessa cidade, bonita e aparentemente pacata, tem saído dos limites a ele impostos e seguem avançando sobre a pintura bonita financiada pela empresa Coral Tintas  que há alguns meses tentou  deixar o centro histórico, parecido com o passado. 

As pixações  que aparecem no centro histórico estão lá, então, para alertar que o passado não volta, que o presente  é  preocupante e que este presente já nos mostra  que o futuro, teoricamente, incerto, pode apontar um destino certo da incontrolabilidade do capital.

A barbárie quer triturar nossos  sonhos,  nós vamos deixar?


A solução para os nossos problemas, não são baculejos  de homens fardados que se acham superpoderosos. 

A juventude  precisa de outro mundo que não é esse que aí está.   
É preciso transformar a rebeldia em organização e luta, pois  no limite, a rebeldia desorganizada das ruas fica nas paredes  de prédios históricos descuidados, mas a rebeldia organizada move sonhos  e  pode virar esse mundo desumano de cabeça para baixo.

É preciso, no limite da ordem, políticas sociais  que retornem ao trabalhador o produto do seu suor. 
Para além dessa ordem, é preciso muito mais.  Essa juventude da periferia já deve ter pistas, enquanto que os estudantes e militantes intelectuais de sala de aula e de facebook acham que é preciso sublimar os baculejos...  Porque provavelmente nunca sentiram na pele os furos das balas que tem exterminado a juventude negra brasileira e a tortura que as Cláudias da vida têm sofrido por aí cotidianamente.



Ocupemos o centro histórico! Enquanto é tempo...

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