lunes, 24 de junio de 2013

Sem Feminismo, NÃO HÁ Socialismo!


"Não é a consciência do homem que lhe determina o ser,
 mas ao contrário, o seu ser social que lhe determina a consciência."
Karl Marx


Quando os movimentos feministas anticapitalistas/socialistas afirmam que a combinação Patriarcado e Capitalismo resulta em profundos problemas que atingem principalmente as mulheres às vezes somos acusadas de estarmos sendo especificistas ou querendo hipervalorizar " a pauta das mulheres". 

Definitivamente a luta contra o patriarcado não é uma pauta apenas das mulheres! 
Precisamos avançar no processo auto-organizativo de mulheres, na formação de homens e mulheres para elevação do nível de consciência pela práxis revolucionária socialista e feminista.


A barbárie que se instala no mundo, produto do sistema capitalista  tem entre as suas maiores expressões à violência contra as mulheres em seus diversos sentidos. A violência sexual é a expressão mais aviltante e animalesca contra as mulheres. 

A crise estrutural que atinge o mundo, inerente ao modo de produção capitalista, intensifica as expressões da questão social e somos sim, as mulheres, as mais atingidas. 

A crise aparece na consciência e usa-se da ideologia patriarcal e capitalista para tentar recolocar à mulher no " lugar que lhe cabe: de propriedade do homem e do sistema."  Nesse sentido, tenta a todo custo acorrentar nossos corpos e nossa sexualidade/ reprodução. 


É preciso mais atenção!
  • Escutem e analisem as músicas que a massa ( muitos de nós inclusive) tem escutado.
  • Vejam as peças publicitárias em que somos comparadas com  cerveja e outros itens de consumo. Não significam nada?
  • Analisem as piadas machistas e homofóbicas. Elas são apenas brincadeiras?
  • Pesquisem sobre o assédio sexual/moral nos diversos ambientes. A quem principalmente atingem?
  •  Observem os discursos das forças religiosas (que também carregam a defesa do sistema capitalista). A quem está servindo?
  • Observem as relações hierárquicas e a divisão sexual do trabalho dentro e fora das organizações políticas. De que nos servem na construção daquilo de que precisamos e defendemos?

Há um cenário de muitas contradições, acirradas pela barbárie do sistema capitalista que atinge muito o próprio movimento feminista, deixando aparecer pseudo discursos e práticas feministas. 

As mídias burguesas tem mostrado atos com mulheres nuas nas ruas, ao estilo "marcha das vadias" como o supra-sumo do feminismo do século XXI.

É preciso analisar a conjuntura em sua totalidade. 

Estou convencida de que esse tipo de atividade, contribui mais e mais com  a tentativa de controle dos nossos corpos e da nossa sexualidade.  Ela juntamente com a ideologia machista/ capitalista que é impregnada nas nossas consciências por todo conjunto de cultura de massa ao qual me referi intensifica a desorientação dos movimentos feministas e mistos para a superação dessa condição que nos foi imposta. Além disso, a afirmação de que as mulheres já conquistaram muita coisa, repetida como um mantra por aqueles que enxergam apenas a aparência dos fenômenos, tem por objetivo negar a necessidade de auto-organização das mulheres. 

Essa é, portanto, também  uma estratégia burguesa para desmobilizar a classe trabalhadora. 

Não bastam leis (embora elas sejam importantes para tentar frear à violência), é preciso muito mais que as políticas de enfrentamento à violência contra as mulheres. O que não anula a necessidade de lutar por elas. 

Mas sobretudo, é preciso destruir o capitalismo, para construir outras bases sociais e econômicas que determinem uma consciência coletiva e solidária não opressora entre homens e mulheres.

Pois sem Feminismo não há socialismo!


Ângela Pereira.


_________________________________________________________________________________

Abaixo segue matéria sobre a pesquisa da OMS em relação à violência contra as mulheres.




Mais de 1/3 das mulheres do mundo é vítima de violência física ou sexual.
Dados foram divulgados pela Organização Mundial da Saúde.

Da Reuters
Foto de arquivo mostra protesto realizado em Santiago, no Chile, contra violência sexual e doméstica com mulheres (Foto: Arquivo/Santiago Llanquin/AP)Foto de arquivo mostra protesto realizado em Santiago, no Chile, contra violência sexual e doméstica com mulheres (Foto: Arquivo/Santiago Llanquin/AP)
Mais de um terço de todas as mulheres do mundo é vítima de violência física ou sexual, o que representa um problema de saúde global com proporções epidêmicas, aponta um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgado nesta quinta-feira (20).
A grande maioria das mulheres sofre agressões e abusos de seus maridos ou namorados, além de ter problemas de saúde comuns que incluem ossos quebrados, contusões, complicações na gravidez, depressão e outras doenças mentais, diz o relatório.
"Esta é uma realidade cotidiana para muitas, muitas mulheres", disse Charlotte Watts, especialista em política de saúde na Escola de Higiene & Medicina Tropical de Londres e uma dos autores do relatório.
O relatório, uma coautoria de Watts e Claudia Garcia-Moreno, da OMS, concluiu que quase dois quintos (38%) de todas as mulheres vítimas de homicídio foram assassinadas por seus parceiros, e 42% das mulheres que foram vítimas de violência física ou sexual por parte de um parceiro sofreram lesões como consequência.
O relatório constatou que a violência contra as mulheres é uma das causas para uma variedade de problemas de saúde agudos e crônicos, que vão desde lesões imediatas, infecções sexualmente transmissíveis, como HIV, à depressão e transtornos de saúde mental.
As mulheres que sofrem violência de seus parceiros são mais propensas a ter sífilis, clamídia ou gonorréia. E mulheres de algumas regiões, incluindo a África sub-saariana, têm quase duas vezes mais probabilidade de serem infectadas com o vírus da Aids, diz o relatório.

Orientação e ajuda às vítimas


A OMS está emitindo orientações para os profissionais de saúde sobre como ajudar as mulheres que sofrem violência doméstica ou sexual. Eles salientam a importância em treinar os profissionais de saúde para reconhecer quando as mulheres podem estar em risco de ser agredida pelo parceiro e saber como agir.
Em um comunicado que acompanha o relatório, a diretora-geral da OMS, Margaret Chan, disse que a violência causa problemas de saúde com "proporções epidêmicas", acrescentando: "os sistemas de saúde do mundo podem e devem fazer mais pelas mulheres que sofrem violência."


No hay comentarios.:

Publicar un comentario