sábado, 8 de marzo de 2014

O Inferno astral, trinta e um anos e as jabuticabas.

Depois de um fase em que Saturno rodopiou loucamente destruindo os nós mal amarrados, levantando a poeira daquilo que não faz mais sentido e  apontando o que ainda precisa ser feito, chegou o momento do temido "Inferno Astral". (Uma ressalva: Saturno, em seu retorno, ainda está bem agitado, mas um pouco menos...)

Muita gente confunde  esse termo da astrologia , fazendo referência a uma pessoa de cujo signo é um carma na vida dela. Porém numa rápida pesquisa sobre assuntos correlatos, encontrei o significado astrológico do tal "inferno astral". 
Esse período corresponde ao 30 dias anteriores ao dia do aniversário. Nele  as pessoas ficam mais introspectivas , interiorizando processos, avaliando situações, avanços e retrocessos do ano que passou. Há uma queda de energia, que segundo o site Terra ( www.terra.com.br) corresponde ao momento em que "o Sol, durante o ano astral ( ano marcado do dia do nosso aniversário até um dia antes do mesmo ano seguinte), começa a caminhar através da última casa do nosso mapa astral", no meu caso no signo de Peixes ( 27/02. a 29/03). "Esse lugar representa nosso inconsciente, as energias que não conseguimos definir e por esta energia ser, de fato, tão confusa, acabamos atraindo situações, pessoas e acontecimentos que esbarram nessa mesma energia. É uma fase em que podemos ficar doentes, sofrer perdas e passar por situações confusas."

Outro site (www.zastros.com.br) ressalva " não significa uma fase de azar, mas sim um momento de reflexão e avaliação para o início de um novo ciclo. Os que estiverem passando por esse momento podem relaxar e se preparar para comemorar e viver as novidades."

Verdade ou não, ando bastante reflexiva  e com um cansaço  quase que inexplicável, não fosse as horas com olhos atentos, pensamentos a mil  e mãos doloridas de escrever no computador laudas de uma dissertação de mestrado. 

Nessas condições, dei de cara hoje com um texto de um autor de que gosto muito e , junto com os seus sabiás do livro " Carta aos adolescentes e a seus pais", outrora tivera e ainda tem uma importância muito grande na minha vida. 
Hoje me saltou aos olhos (cansados) o texto a seguir que compartilharei com os leitores desse despretensioso blog. 

"O tempo e as jabuticabas.
Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora. Sinto-me como aquela menina que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ela chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.Já não tenho tempo para lidar com mediocridades. Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados. Não tolero gabolices. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte. Já não tenho tempo para projetos megalomaníacos. Não participarei de conferências que estabelecem prazos fixos para reverter a miséria do mundo.Não quero que me convidem para eventos de um fim de semana com a proposta de abalar o milênio. Já não tenho tempo para reuniões intermináveis para discutir estatutos, normas, procedimentos e regimentos internos. Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que, apesar da idade cronológica, são imaturos. Não quero ver os ponteiros do relógio avançando em reuniões de “confrontação”, onde “tiramos fatos a limpo”. Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral. Lembrei-me agora de Mário de Andrade que afirmou: “as pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos“. Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa…
Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade, defende a dignidade dos marginalizados, e deseja tão somente andar ao lado de Deus. Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade, desfrutar desse amor absolutamente sem fraudes, nunca será perda de tempo.
O essencial faz a vida valer a pena."
Rubem Alves

É bem assim que me sinto atualmente. O tempo está passando e, eu, preferindo saborear as jabuticabas que somente alegram o meu paladar. 

Ângela Pereira.

5 comentarios:

  1. Não li o texto, depois, agora quero dizer que legal te encontrar, fuçando meu blog te encontrei. Meio atrasado mas, mulheres, parabéns! Não vamos nos perder mais. Beijos, fique na paz.

    ResponderBorrar
    Respuestas
    1. Guilherme, grata. Só uma ressalva, não nos perdemos. Abraços,

      Borrar