A poetisa registrou nos seus rascunhos: Está liberado o carpe-diem! Enquanto a liberdade não chega. Por Ângela Pereira.
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domingo, 30 de mayo de 2010
PARA OS QUE VIRÃO
faço o pouco que me cabe
me dando inteiro.
Sabendo que não vou ver
o homem que quero ser.
Já sofri o suficiente
para não enganar a ninguém:
principalmente aos que sofrem
na própria vida, a garra
da opressão, e nem sabem.
Não tenho o sol escondido
no meu bolso de palavras.
Sou simplesmente um homem
para quem já a primeira
e desolada pessoa
do singular - foi deixando,
devagar, sofridamente
de ser, para transformar-se
- muito mais sofridamente -
na primeira e profunda pessoa
do plural.
Não importa que doa: é tempo
de avançar de mão dada
com quem vai no mesmo rumo,
mesmo que longe ainda esteja
de aprender a conjugar
o verbo amar.
É tempo sobretudo
de deixar de ser apenas
a solitária vanguarda
de nós mesmos.
Se trata de ir ao encontro.
( Dura no peito, arde a límpida
verdade dos nossos erros. )
Se trata de abrir o rumo.
Os que virão, serão povo,
e saber serão, lutando.
THIAGO DE MELLO.
domingo, 23 de mayo de 2010
(...)
E por quê?
Roubaram-me as interrogações
e só me deixaram pontos finais.
Mas prefiro, resistindo, as reticências...
Não por dúvida ou hesitação,
mas por convicção.
Os caminhos são mais vastos.
As respostas podem ser múltiplas
E recuperar as interrogações.
Os sentimentos são imprevisíveis.
A vida também!
E não me dá muita atenção.
Ângela Pereira.
23 de maio de 2010.
viernes, 21 de mayo de 2010
Com que molho mesmo?
O frango, o pato, o pavão, o faisão, a codorna e a perdiz foram convocados e viajaram até a cúpula. O cozinheiro do rei lhes deu as boas-vindas:
- Foram chamados – explicou – para que me digam com que molho preferem ser comidos.
Uma das aves se atreveu a dizer:
- Eu não quero ser comida de nenhuma maneira.
E o cozinheiro colocou as coisas no seu lugar:
- Isso está fora de questão.
Eduardo Galeano.
jueves, 20 de mayo de 2010
Para que asas se tenho sonhos reais ?
E se um dia quiserem me tirar as asas...
Direi: leve-as, já cansei de carregar o fardo.
Não preciso de asas para voar!
Ângela Pereira.
20 de maio de 2010.
sábado, 15 de mayo de 2010
Faço das palavras alheias: As/aos minhas/meus camaradas!
Quando o apito da mina
entrar o fundo da noite
chamando pro amor ou pro
trabalho,
embora faça frio
vão me chamar.
(...)
Quando for a hora de trocar
os ternos, quando
o turno fechar seu ciclo interno,
o pão estiver escasso
e as lanternas
tremerem nesses pulsos combatentes,
saibam que estou à escuta
Em qualquer parte
E sempre trabalhando entre vocês.
Em qualquer emergência,
Em qualquer tempo
Podemos compartir nossas tarefas:
Trabalhamos às vésperas do fogo.
Por isso meus irmãos vão me chamar.
Heitor Saldanha.(1910-1986)
jueves, 13 de mayo de 2010
A maternidade como escolha: Ser ou não ser mãe? Eis a questão.
Qual a relação que existe entre a maternidade e a opressão das mulheres? Toda mulher tem que ser mãe? Por que as mulheres têm o direito de decidir ser ou não mãe? Essas são algumas questões que queremos trazer para reflexão neste breve texto.
Vivemos numa sociedade em que historicamente ser mulher é sinônimo de maternidade. Essa relação quase que obrigatória foi construída ideológica e socialmente a partir de instituições como a família, a Igreja e o Estado.
A mulher durante muito tempo assumiu apenas a tarefa de cuidar da família e dos afazeres domésticos. Enquanto que ao homem cabia a tarefa de trabalhar apenas fora de casa, para suprir as necessidades financeiras. Essa separação de tarefas é chamada de divisão sexual do trabalho. Essa divisão de tarefas permite a manutenção do sistema Capitalista, uma vez que retira do sistema o gasto com pagamento do trabalho doméstico e do Estado, o papel de implantar e manter creches, lavanderias públicas e outros equipamentos sociais que lhes garanta uma vida mais tranqüila; além de reproduzir a forma de pensar dessa sociedade através de gerações pela criação das/dos filhas/os e manter o poder de provedor ao homem como “chefe” da família -o patriarca.
A maternidade também foi e continua sendo divinizada e naturalizada pela igreja, como único fim do ato sexual, cabendo a mulher o espaço doméstico, a tarefa de educar os filhos para a ordem sócio-econômica vigente e a manutenção de comportamentos recatados tidos como de “bons costumes”.
Somente depois de muitas lutas feministas, as mulheres começaram a sair de casa para trabalhar, a ter direito ao voto e a terem um maior domínio sobre as suas vidas e seus corpos. Embora isso não as tenha livrado da cansativa tarefa de lidar com uma jornada dupla de trabalho, representou um significativo avanço para a mudança do papel das mulheres na sociedade moderna. É verdade ainda, que muitas mulheres foram induzidas a buscar trabalho fora de casa, por necessidade de sobrevivência e complementação da renda dos maridos ou como única renda em casos de algumas famílias em que a mulher lidera, e então isso não necessariamente representou liberdade e diminuição da opressão contra as mulheres como afirma Helena Hirata:
E o que isso tem a ver com a maternidade?
Ser mãe não é tarefa fácil, principalmente para mulheres em condições financeiras precárias. A sobrecarga de trabalho externo e doméstico acaba tornando desgastante a tarefa de criar, educar, cuidar dos filhos, visto que somente ou principalmente a ela é destinada essa tarefa. Além disso, os filhos em alguns relacionamentos são colocados como empecilhos para a separação de um casal cuja vida conjugal não é estável por violência ou por não existir mais condições de manter o casamento, havendo uma condição imposta de submissão da mulher ao homem.
Atualmente, com o desenvolvimento de métodos contraceptivos, o controle da gravidez e o planejamento familiar são possíveis, a despeito de descuido, desinformação ou situações de violência contra a mulher e opressão/imposição à relação sexual sem camisinha ou uso de outros métodos contraceptivos. O fato de a mulher ser disponibilizado métodos de contracepção foi também um dos fatores impulsionadores do adiamento da maternidade para maiores idades ou pela escolha de não se ter filhos. A maior liberação da sexualidade e a permissão aos prazeres sexuais também foi um importante avanço na concepção do controle das mulheres sobre o próprio corpo.
As possibilidades cada vez maiores de proteção e de planejamento familiar oferecidas no Sistema Único de Saúde são importantes elementos para fortalecer a decisão das mulheres a terem ou não filhos. Todavia muito a que se avançar na realização de atividades de promoção da saúde junto às mulheres e às famílias, como por exemplo, a formação de grupos de mulheres, na realização de ações intersetoriais que garantam a mulher o direito de escolha pela maternidade a partir de políticas públicas, por exemplo, de enfrentamento à violência contra a mulher.
A maternidade deve ser uma escolha condicionada a viabilidade de oferecer uma vida digna ao/à filho/a, sendo essa responsabilidade não apenas da família , mas do Estado também . Nesse caso, a maternidade realmente será um ato de amor e uma escolha acertada.
*Integrante do Coletivo de Mulheres Alexandra Kollontai e Fisioterapeuta.