Se pudéssemos mudar as coisas por estalos de dedos ... Hoje estalaria os dedos!
E queria que amanhã já estivéssemos numa sociedade comunista...
Mas como as mãos dos capitalistas estão soltas... E podem eles estalar os seus dedos de forma mais ágil...
Guardo a força e a ânsia de meus dedos No punho cerrado para estalá-los
Com mãos mais calejadas e expostas aos efeitos do tempo...
Mas terei o gostinho de estalar os dedos
nem que sejam nas lembranças que meus dedos trarão
nos punhos de uma criança, um filho, um neto
ou de outra jovem comunista...
Na dureza dos corpos os mortos respondem Na fragilidade da vida sinalizam os líquidos Na dignidade do sonho resguarda-se a vontade de continuar No milésimo de segundo e no fio da vida ora somos defuntos ora somos (re)nascidos.
“Trabalhadores do mundo, uni-vos!” K. Marx e F. Engels.
O ser explorado na lida, na vida:
“Algo anda errado... Dizem que o trabalho é ponte pra independência ... Mas não vivo mais... Sobre- vivo...”
O Provocador:
Como assim? Você tem direito a escolher que profissão seguir! Você tem direito a um salário mínimo! Tem direito a jornada de trabalho de 8h diária! Tem direito, ainda, à greve! E tantos outros alcançados... Não acha?
O ser explorado na lida, na vida:
“O que preciso é de liberdade! Isso ... esse sistema nunca me trará!” Vamos à luta!
Que venha o despertar dos trabalhadores e trabalhadoras!
as letras... as faltas de rimas.. o verso sem métrica... estão presos! a confusão da mente se confunde com a do coração ... reprime... oprime... cambaleia... faz subir e descer os ânimos... de quem é a culpa?! quantas gerações... quantas gerações a mais esse sistema impedirá de sonhar???
Ângela Pereira. 19 de dezembro de 2008. (título sugerido pelo Companheiro Elson)
Quem dera que esse silêncio,
rompido apenas pelos sons dos grilos,
dos pássaros e pintos perdidos,
fosse o silêncio do resto do mundo .
Quem dera que esse silêncio
também só fosse rompido por sorrisos,
por cantos, por estalidos de apaixonados beijos.
Que bom que o silêncio deste lugar
não me faz esquecer dos barulhos do mundo lá fora.
Dos choros das crianças famintas.
Dos roncos dos trabalhadores cansados.
Dos gritos das mulheres agredidas.
Do clamor da terra por respeito.
Que bom que nem mesmo o silêncio desse lugar me faz esquecer as minhas tarefas. “Não se deixar cooptar. Não se deixar esmagar. Lutar sempre!”
Dizem pra mim: cale-se!
Digo a eles: Não! Não me calo.
Dizem pra mim: aquiete-se!
Digo a eles: Não! Não me aquieto!
Dizem pra mim: Não sonhes!
Digo a eles: Sonho!
Não me calo, porque os estômagos rosnan.
Não me aquieto, porque os desgraçados não se aquietam.
Sonho. Porque sou mais uma que sonha, que acredita e que sente!
A dor do outro.
O cheiro do outro.
Amor pelo outro!
Parto daí: o sonho da Liberdade Humana. Uma necessidade que foi se constituindo ao longo da história, ganhando sentidos de acordo com a posição de classe que cada um assume nessa história. A necessidade de usufruir o mundo através dos prazeres, e não da dor, move homens e mulheres na disputa por um modelo de sociedade justo.
O modelo de sociedade capitalista tem demonstrado ao longo dos anos que não é capaz de suprir as necessidades de uma maioria de pessoas que tem sido explorada por uma minoria. A quantidade de pessoas que não tem sequer um prato de comida para se alimentar enquanto outros têm mesas fartas; a quantidade de pessoas que não tem uma moradia digna em detrimento de outras que acumulam mais de uma casa e de proporções desnecessárias; grandes concentrações de terra nas mãos de poucos enquanto uma maioria está ávida por um pedaço de terra onde possa plantar, cultivar e colher os frutos; a impossibilidade de usufruir do trabalho criativo sem que lhe roubem o tempo e as crises que freqüentemente sacrificam trabalhadores e trabalhadorase a natureza são alguns poucos exemplos do que esse sistema político-econômico e social tem produzido.
Todavia essas relações de exploração não são percebidas de tal forma por todos aqueles a que o sistema submete. O sistema apresenta além das bases materiais para a sua sustentação, mecanismos de acorrentamento e de consolidação através da dominação das mentes dos indivíduos. A aparência sobrepõe a essência e faz as pessoas aceitarem normalmente as condições impostas.
Ao mundo da aparência determinado pela dominação da classe burguesa que coisifica, fragmenta e simplifica a realidade a fim de hegemonizar o seu projeto, Kosik (2002) dá o nome de pseudoconcreção.
A pseudoconcreção burguesa dispõe de mecanismos para normalizar, consensuar a aparência de que tudo está bem e não deve ser questionado. Exterioriza fenômenos, transformando tudo em coisas aparentes. Coisifica relações. Formula meios de reproduzir essas exteriorizações e determina verdades do sistema. Para isso dispõe de instrumentos ideológicos como a educação formal e informal que se da nas células escola, família, religião, mídia, partidos políticos, movimentos sociais, organizações não-governamentais, sindicatos e estado.
A reprodução dessas verdades se dá de forma fragmentada, conduzindo os indivíduos à perda da totalidade. Essa reprodução social leva as pessoas a terem respostas prontas, pré-determinadas e a formarem representações comuns de verdades absolutas e inquestionáveis.
Diante desse acarbouço de mecanismos de dominação, muitos pensadores vêm sistematizando as idéias de trabalhadores e trabalhadoras sobre o desejo de modificar as relações de dominação burguesa imposta desde o surgimento do capital.
Sergio Lessa e Ivo Tonet (2008), em Introdução a Filosofia de Marx, situam a existência de duas grandes linhas ideológicas para uma questão que vem permeando o debate sobre a “exploração do homem pelo homem”.
Para uma corrente mais conservadora, a exploração do homem sobre o homem não é possível de ser superada, visto que corresponde a verdadeira essência humana.Autores como Martin Heidegger, J. Habermas, H.Arendt, N.Bobbio e J. Rawls formalizam a idéia de que o capitalismo, a democracia burguesa e o mercado são mecanismos de mediação insuperáveis da vida civilizada.
Todos eles, cada um a sua maneira, buscam conservar o capitalismo e consideram a impossibilidade a sociedade emancipada comunista tal como proposta por Marx.(Lessa e Tonet, 2008, p.13)
Para esses conservadores, essa essência humana não pode ser alterada pela história.
Contrapondo-se a essa visão, os revolucionários acreditam que não apenas é possível como também necessário a humanidade superar a exploração e opressão, uma vez que a evolução do modo de produção e organização social capitalista caminha para a destruição da humanidade e a forma de evitá-la e superar as desumanidades do sistema capitalista.
Dizem os revolucionários que o capitalismo não é o fim da historia. (...) existe a possibilidade histórica de a fraternidade comunista se tornar, nas nossas vidas cotidianas, um fato tão característico da futura essência humana. (Lessa e Tonet, 2008 p.15)
Essa concepção se coloca como a mais plausível. Assim cabe ao sujeito revolucionário num processo dialético construir a sua história, seduzindo outros para em conjunto chegar à práxis libertária.
A tarefa de modificar as relações materiais de exploração e o arcabouço ideológico, constituído pelo sistema capitalista não se trata de algo fácil e determinado apenas pelas vontades de homens e mulheres sonhadores.
Marx analisando os pensamentos precedentes aos dele percebe que apenas boas idéias não são suficientes para mudar a correlação de forças entre a classe burguesa e o proletariado. Da mesma forma, identifica que apenas ações práticas, sem reflexão não conduzem às mudanças estruturais que o concreto vivido exige.
Assim Marx critica o idealismo de Hegel e a praticidade simplificada dos materialistas vulgares como Feurbach, contudo assimilando das duas fontes constitui o que mais tarde se consolidaria como um método cientifico para a leitura da realidade e preparação para atuar sobre ela- o materialismo histórico e dialético (MHD).
O método marxista se apresenta então como uma ferramenta da classe trabalhadora para interpretar a realidade com vistas à superação do sistema capitalista.
A atuação sobre a realidade deve se dá de forma refletida ou a reflexão de forma prática. Esse exercício se apresenta para os pensadores marxistas como a práxis.
“A práxis é tanto objetivação do homem e domínio da natureza quanto realização da liberdade humana” (kosik, 2002).
Ê através da práxis que o homem toma consciência de si e de sua existência, assumindo a dimensão de totalidade que foi roubada, destruída pelo capitalismo. Mantendo relação com a natureza (meio), modificando-o ou e avançando para a libertação humana.
Fala-se na existência de vários estágios da práxis.
A práxis reificadora como o estágio em que a dominação do pensamento e prática burguesa (de uma classe dominante sobre outra) prevalece. Nesse estágio, as pessoas reproduzem o que o sistema capitalista dita sem refletir sobre ele e os impactos de cada uma dessas determinações.
A práxis reflexiva como etapa em que os indivíduos conseguem refletir sobre o mundo e suas determinações podendo ou não, proporem-se a modificar a realidade a partir dessa reflexão.São exemplos desse estágio a percepção de uma pessoa sobre a injustiça de ter que trabalhar horas a mais, recebendo pelo tempo trabalhado o mesmo valor que por um tempo menor de trabalho antes realizado e, no entanto, aceitar essa condição como algo imutável ou no outro caso, de alguém que numa mesma situação e percepção contribui na organização de uma greve com os trabalhadores. Esse estágio é tido como revelador de condições de mudanças, ou simplificadamente, o “dar conta de si”.
Superando essa etapa, o individuo - coletivo pode atingir a práxis revolucionaria. Esta permite a desocultação da verdade burguesa e a superação desta através da implantação de um projeto. A existência de um projeto é o diferencial desse estagio.
E por fim a práxis libertária como aquela em que os indivíduos coletivos libertam e se libertam por completo, expressando a realização completa do ser humano no mais essencial significado da palavra.
Nesse estágio o homem tem condições de concretizar o sonho da liberdade humana.
Esse processo de libertação, todavia não se dá de forma linear ou em etapas. A libertação de homens e mulheres acontece dialeticamente, podendo recuar ou avançar à medida que estes e estas criam condições para tal, mediado pela historia.
Sem a práxis revolucionaria o ser humano não modifica o mundo em que vive. “O homem supera (transcende) originariamente a situação não com a sua consciência, as intenções e projetos, mas com a práxis.” (Kosik, 2002). Para o sonho da liberdade se tornar, portanto, realidade, homens e mulheres precisarão constantemente exercitar a práxis revolucionaria.
Referência
Kosik, Karel.A dialética do Concreto. Rio de Janeiro: Paz e terra. 7ª edição, 2002.
Lessa, Sergio. Tonet, Ivo. Introdução a filosofia de Marx. São Paulo: expressão popular, 2008.
Lá inventarei as mais simples certezas Conviverei com as simples belezas Despertarei com os sons dos pássaros alegres a cantar Descobrirei o que de fato é amar!
Lá descobrirei quem é o rei E enterrarei o seu ego altar Escreverei nas ondas do mar Mergulharei na areia a brilhar!
Lá encontrarei mulheres videntes Crianças contentes O sol poente a transbordar E o amor da gente a preservar!
Lá não encontrarei mendigo Nem o velho pedido de acumular Muito menos a ilusão de libertar a mim E aos outros sem ter que lutar!
Lá encontrarei camaradas... Com o mesmo sonhar De a vida aproveitar O que de bom tem pra dar e sem ter que cobrar!