lunes, 17 de noviembre de 2014

A violência tem cor, sexo e classe.

PELO FIM À VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES! 
ESTUPRADORES NÃO PASSARÃO!
A violência tem cor, sexo e classe.

Poucos dias antes da data de luta pelo enfrentamento à violência contra as mulheres (25 de novembro) recebi uma notícia dolorosa.
É tão doloroso comprovar que estamos expostas as mais cruéis violências , sendo o estupro a pior delas num simples intervalo de almoço do trabalho e na ida pra casa.
Dói no meu corpo saber que uma familiar (jovem na faixa dos 28 anos, negra e pobre) e sua colega de trabalho foram estupradas. Mais duas mulheres integram os altos índices de estupros que atingem as mulheres atualmente nesse país.
Correm no rosto lágrimas que nem perto chegam daquelas que uma querida familiar trabalhadora no interior de Pernambuco deve ter deixado rolar de seus olhos enquanto ela e outra amiga ( mulher branca, que também foi estuprada, mas que não foi penetrada) empurravam uma moto no caminho de retorno ao local de trabalho para assim serem socorridas.
Entre canaviais, dois homens anunciam um assalto como pretexto para estuprar as trabalhadoras que saiam do trabalho para almoçar.Levaram os celulares delas, mas os jogam no caminho para que as mesmas vejam em seguida.
Assistidas por um equipe de delegacia comum da região ( despreparada porque não encaminhou o documento necessário para IML) foram encaminhadas a capital para a assistência dada aos casos de estupro.
Os impactos na psicologia dela com certeza a marcarão para vida toda, a fora as reações a todo tratamento com retrovirais protocolares em situações como essa.
A única e limitada ação para com ela foi incentivá-la a não temer por ser mulher e não se aprisionar, utilizando esse caso como uma alavanca de força.
De minha parte, meu choro se transforma em mais força. Força para seguir estimulando mulheres a lutarem para poderem andar pelas ruas, sem correrem o risco de serem estupradas e muito mais que isso serem gente, não tendo suas vidas atingidas pelas formas mais vis de expressão do patriarcado capitalista.
Por ela, por mim e por mais tantas outras mulheres sigamos em Marcha até que todas sejamos livres!

ESTUPRADORES NÃO PASSARÃO!

viernes, 7 de noviembre de 2014

" VISTA, VOCÊ,UMA BURCA E APRISIONE-SE!"

Para você que acha que o machismo é história contada por "mulheres mal-amadas" segue mais elementos para informar que não. O machismo existe e nos atinge cotidianamente:
Sorrir e cumprimentar as pessoas com simpatia é essencial, mas estou cansada de sorrir para homens e ser assediada como se um sorriso fosse abertura para um flerte ou, mais além, para um convite sexual.
Costumo cumprimentar cobradores e motoristas de ônibus sempre ao entrar no ônibus.Para mim é questão de educação.
Ontem, como costumeiramente faço, entrei num ônibus e cumprimentei o cobrador. Mas eis que um simples sorriso já parece um convite. O interesse não aparece em palavras, mas em olhares que parecem querer lhe despir.
Essa sensação de invasão do nosso corpo com olhares inconvenientes realmente é desconcertante e desrespeitosa para a nossa condição de mulher.
Para piorar, enquanto o ônibus estava parado em um dos sinais na calçada passa uma mulher com roupas muçulmanas e o cobrador solta a frase infeliz: "Todas as mulheres deveriam se vestir assim. Ficam usando roupas curtinhas e se mostrando".
Na hora aguentei-me para não aumentar o tom de voz e no meio do ônibus começar a discutir com aquele machista infeliz.
Na luta feminista aprendi onde gastar energia e onde não gastar. Respirei fundo, levantei-me e saltei do ônibus.
Engoli a minha vontade de em alto e bom tom dizer " VISTA, VOCÊ, UMA BURCA E APRISIONE-SE!"
Pensei que naquele momento seria melhor gastar minha energia para contribuir com a luta feminista junto a outras mulheres e dialogar com homens que não violam a minha condição de mulher.
Um homem machista,cheio de preconceitos, invasivo com o meu corpo sinceramente não merece o meu bom dia, muito menos o meu sorriso.
"Minha nova poesia (repete)
é antiga poesia,
(...)
A baixa alto-estima da dona Maria,
da sua prima, da sua filha e sua vizinha.
Isso me intriga, isso me instiga
e se você não entendeu o que significa feminista.
Esquento a barriga no fogão, esfrio na bacia,
cuido do filho do patrão,minha filha ta sozinha
a mão ta no trampo a mente ta na filha
um monte de gaiato em volta ainda pequenina.
Porque depois dos 40 é de casa pra igreja,
é tudo é por ninharia, pretendente Jesus o Messias
tive que trabalhar não pude parar
guerreira estradeira capoeira na ginga.
Disseram pra neta que a vó era analfabeta
"o mundão ta doido Acaba" mas ela não,
minha vó formou na vida e nunca soube o que é reprovação
Eis a questão!!!!
Se não me espelhou não me espelhou
não chamo de educação
manhã eu acendi(???) o nariz da esfinge
de racha to cercado OIA Yemanja vive
aqui não tem trama ou gente inocente
aqui tem mulher firme arrebentando as suas correntes
a vida toda alguma coisa tentou me matar e eu me refiz
Dandara Acotirene
Salve! negras dos sertões negras da Bahia
Salve! Clementina, Leci, Jovelina
Salve! Nortistas caribenhas clandestinas
Salve! Negras da América latina (2X)
Salve! Eu sei não é facil chegar
Salve! a gente sabe levantar
Salve! Aonde eu for é o seu lugar
Salve! Permanecemos vivas (2X)"

Ellen Oléria.

miércoles, 5 de noviembre de 2014

Da série "Diálogos com escritores que falam por mim": Rubem Alves.

Tenho uma imensa gratidão a Rubens Alves por, na minha adolescência, ter me apresentado essas palavras. Texto marcante e pra vida toda.




Aos (possíveis) sabiás, por Rubem Alves


Alguém que não conheço, após ver as bolhas de sabão que soprei a propósito dos adolescentes, concluiu que eu devo ter alguma coisa contra eles: “O Rubem não gosta dos adolescentes”.

Há uma pitada de verdade nisso. E os pais concordariam comigo: se eles ficam sem dormir por causa dos seus filhos é porque há algo neles de que eles não gostam. Se gostassem, dormiriam bem e não procurariam terapeutas em busca de auxílio. A vida é mais complexa do que gostar ou não gostar: that is not the question. A questão é gostar e não gostar ao mesmo tempo. É isso que faz sofrer.
Imaginei que esta pessoa, se visse Michelangelo furiosamente atacando o mármore a martelo e cinzel, perguntaria também: “Afinal, que tem Michelangelo contra o mármore?”.
Sim, ele tem muito contra o mármore. Porque dentro dele está guardada a Pietà. É preciso não ter dó do mármore para que a Pietá saia do seu túmulo. O amor, por Pietà, não tem pietà... Onde estaria a Pietà se Michelangelo tivesse sido complacente com o mármore?
Educação é arte. E não existe nada mais contrário à arte que deixar a matéria-prima do jeito como está. Só fazem isto aqueles que não sonham. Mas, desgraçadamente, os sentimentos de culpa paternos e maternos transformam-se em complacência, e seus martelos e cinzéis transformam-se em gelatina. A pedra continua pedra. É preciso que se saiba que o amor é duro.
Veio-me a memória um parágrafo de Nietzsche:

“Minha vontade ardente de criar me empurra continuamente na direção do homem. É assim que o martelo é também empurrado na direção da pedra. Oh, homens! Na pedra dorme uma imagem, a imagem das minhas imagens. Sim, ela dorme dentro da pedra mais feia e mais dura... Agora o meu martelo furiosamente luta contra a sua prisão. Pedaços de rocha chovem da pedra...”

Ridendo dicere severum: rindo, dizer coisas sérias. O riso é o meu martelo e o meu cinzel. Não sei se vocês notaram que, em tudo que escrevi sobre adolescentes, alguém ficou de fora. Ficaram de dentro os pais e suas aflições: foi para eles que escrevi. Ficaram de dentro os adolescentes e suas turmas: escrevi na esperança de que os pais lhes mostrassem o meu espelho, e eles ali também se vissem como maritacas e como portadores da Síndrome de Sansão. Desejei que eles, assim se vendo através dos meus olhos, vissem como eles são engraçados e divertidos: não é possível contemplar a sua loucura sem uma boa risada. E que isso os fizesse rir de si mesmos. No momento em que rimos de nós mesmos o feitiço se quebra.
Quem ficou de fora? O adolescente solitário: aquele que não tem turma, cujo telefone fica em silêncio, que sábado á noite fica em casa ouvindo música no seu quarto...
Quando saio a andar de manhã cedo passam por mim bandos de adolescentes indo para a escola. Já não consigo identificar os grupos, que vão alegremente maritacando suas coisas, na leve felicidade de pertencer a uma turma. Falam sobre beijos, transas, festas.
Esses não me comovem. Comovem-me aqueles que estão sempre sozinhos. São diferentes. Na roupa, no corpo, no jeito, no olhar fixado no chão. Não têm estórias nem de beijos nem de festas para contar. Comovo-me com eles porque eu também já fui assim. Fui um solitário na minha adolescência. Menino de cidade pequena no interior de Minas, minha família mudou-se para o Rio de Janeiro. E o meu pai cometeu um grande erro, movido pelo desejo sincero de me dar o melhor: Matriculou-me num dos colégios da elite carioca, o famoso Colégio Andrews.
Albert Camus diz que ele sempre havia sido feliz até que entrou no Liceu – no Liceu ele começou a fazer comparações. Eu poderia ter escrito a mesma coisa. Ali, eu me descobri motivo de riso dos outros. Eu falava devagar e cantado, dizia “uai” e falava os “erres” de carne e mar como falam os caipiras, torcendo a língua. Também os meus jeitos de se vestir eram jeitos caipiras. E o dinheiro que levava comigo era dinheiro de pobre. E os clubes que eles freqüentavam não eram o meu – eu não freqüentava clube algum. Claro que jamais fui convidado para as festinhas e, se tivesse sido convidado, não teria ido. E também jamais convidei um colega para ir à minha casa. Tinha medo que minha casa fosse pobre demais.
E é isso que eu gostaria de dizer hoje aos adolescentes solitários, sem turmas, sem festas, sem estórias de beijos e amores pra contar, as noites de sábado em casa, o telefone em silêncio: vocês são meus companheiros. Eu andei pelos caminhos em que vocês andam.
Mas sou agradecido à vida por ter sido assim. Porque foi em meio ao sofrimento dessa terrível solidão que tratei de produzir minhas pérolas. “Ostra feliz não faz pérola”. Comecei então a andar sozinho pelos caminhos onde os outros adolescentes não iam: a música, a mística, a arte, a literatura, a poesia, a filosofia. Todos eles mundos solitários, onde só se entra sozinho. Andando por esses caminhos descobri aqueles que se pareciam comigo. Zaratustra, por exemplo, que se via como uma árvore crescendo a beira do precipício, seus longos galhos se estendendo sobre o abismo. Eu quis ser assim também.
E foi então que comecei a olhar para as maritacas com certo sentimento de superioridade. Claro que os psicanalistas, ávidos de interpretações, se apressarão em me informar que aquilo não passou de uma compensação pelo meu sentimento de inferioridade. Que assim seja, sinistros kleinianos! O fato é que, compensação ou não, a partir daí as alegrias que tive nas produções da minha solidão foram maiores que as tristezas da minha condição de adolescente solitário. A solidão passou a ser, para mim, uma fonte de alegria. Eu não precisava gritar como maritaca para ser ouvido.
As maritacas gritam, e todos as ouvem, mesmo sem querer. Mas o canto do sabiá solitário, ao final da tarde, em algum lugar da floresta, faz todo mundo se calar para poder ouvir... Isso eu lhes digo, solitários: há muita beleza escondida na sua tristeza. Não tenham dó de si mesmos. Tratem de usar o martelo e o cinzel...
In: ALVES, Rubem. E aí? Cartas aos adolescentes e a seus pais. Campinas: Papirus, 1999.

Palavras não são só palavras.

É bom cuidar com a forma quando fores expeli-las. Às vezes podem ser quentes, rápidas e rebuscadas e, assim, achares que elas são fortes e representarem um poder que achas que tens. Às vezes, elas saem baixas, quase inaudíveis e minguadas, mas tem muito mais força. 

A força é latente: de quem escuta, analisa algumas vezes, observa não apenas as palavras e os sentidos conectados a elas, mas observa também ou principalmente o corpo e a sua dramaticidade.
Ao iniciar minha militância política, caladinha, ficava olhando a retórica das palavras que saltitavam das bocas de militantes convictos da necessidade de projeção. Naquele tempo eu carrega caixas, mas eu sabia das palavras que circulavam na minha mente.
Com mais algum tempo, eu caminhava com a imagem daqueles militantes como referências do que eu gostaria de fazer e do que não gostaria de fazer.
Depois, não necessariamente nessa ordem, fui percebendo que essa forma de expelir palavras faz parte do mundo dos que não apenas comem, mas também conseguem refletir sobre a vida sejam eles militantes ou não.
Nesse caminho, aprendi que também é importante expelir palavras, desde que elas não sirvam apenas como palavras bonitas, mas que gerem ações concretas e coerentes com aqueles que de fato tem a força.
Aprendi, então, que palavras bonitas alvoroçam ouvidos, iluminam olhos ingênuos e aumentam o ego de quem acha que tem poder, mas o que de verdade faz a luta seguir são as dores, os sofrimentos, a fome, a força dos de baixo e a falta de palavras bonitas daqueles que acham que não tem poder, mas que sabem carregar caixas e falam, mesmo com o um português " maldizido".
E o melhor falam com muito conhecimento de causa.

martes, 4 de noviembre de 2014

Somos do Sul, com muito orgulho não nos renderemos.

♪♫♩♫♭♪"Somos Sur (Ana Tijoux)
Tu nos dices que debemos sentarnos
Pero las ideas solo pueden levantarnos.
Caminar, recorrer, no rendirse ni retroceder.
Ven y aprende como es paja absurda.
Nadie sobre todos
Todo es para todo, todos para nosotros es.
Soñamos en grande, gritamos algo no queda más remedio.
Esto no es utopía es alegre rebeldía del baile de los que sobran
De la danza que hay hoy día.
Levantarnos para decir ya basta.
Ni africa ni america latina se subasta.un carr
Todos los callados, todos los sometidos, todos los invisibles
Todos los callados, todos los sometidos, todos los invisibles
Nigeria, bolivia, chile, guatemtala, puertorico y tunez.
Argelia, venezuela, guatemala, nicaragua, mozanbique, costa rica.
Camerun, conga, somalia, méxico, república dominicana, tanzania.
Fuera yanqui de américa latina, franceses inglese y holandeses
Yo te quiero libre palestina.
Saqueo, pisoteo, colonización, mil veces venceremos
Del cielo al suelo y del suelo al cielo vamos.
Canto blanco vuelve pa tu pueblo
No te tenemos miedo. Tenemos vida y fuego
Fuego en nuestros manos, fuego en nuestros ojos
Tenemos tanta vida y esta fuerza color rojo.
La niña maría no quiere tu catsigo se va a liberar con el suelo palestino
Somos africanos, latinoamericanos
Somos este sur y juntamos nuestras manos." ♪♫♩♫♭♪

Ana María Merino Tijoux (1977) é uma cantora franco-chilena, conhecida pelos nomes
 artísticos Ana Tijoux ou Anita Tijoux. Ela começou sua carreira como MC do grupo de hip-
hop Makiza durante os anos 90. A partir de 2006, Ana iniciou uma carreira solo, e gravou 
uma colaboração com a cantora mexicana Julieta Venegas. Depois do seu segundo álbum, 
1977, ela ganhou maior notoriedade, e sua música chegou à trilha da série de televisão 
Breaking Bad. Ana é conhecida por tratar de temas como pós-colonialismo, feminismo, 
ambientalismo e justiça social em suas letras.

Sua família ficou exilada na França durante a ditadura de Augusto Pinochet no Chile.





Solidariedade ao povo palestino!





Solidariedade ao povo palestino, em especial às mulheres e crianças palestinas!
Na voz de Shadia Mansour. Nascida em Londres, ela pertence a uma família cristã de Haifa e Nazaret, a maior cidade árabe de Israel. Desde jovem, acompanhava seus pais a manifestações a favor da causa palestina e começou a cantar desde os cinco anos. Pouco a pouco, conheceu a comunidade palestina em Londres e seguiu cantando canções de protesto em árabe clássico.
Vamos espalhar a luta pela dignidade humana com música de protesto.