domingo, 27 de octubre de 2013

Senhor Wang e o Deus da Fortuna- Teatro.

Escrevo para recomendar  aos/às amantes do teatro a participação no espetáculo   brechtiano " Deus da Fortuna"  do Coletivo Alfenin.  
( Fotografia de cena do espetáculo que mostra os colonos  em tempos da China Imperial se revoltando contra o patrão.)

Tive oportunidade de assistir e gostei bastante.  De forma lúdica a peça traz reflexões importantes sobre o capitalismo, abordando temas como o capital financeiro, o fetiche do capital,  mercantilização da vida, patriarcado,  consciência e luta de classes, revelando a complexidade da sociedade atual.

Segue abaixo uma sinopse  extraída do site do Coletivo Alfenin (http://teatroalfenim.blogspot.com.br/). 

Uma parábola sobre o capital em seu estágio global de volatilização. Narra a história de Wang, um proprietário de terras afundado em dívidas, na China Imperial. Zao Gong Ming, o Deus da Fortuna, surge à sua frente e lhe desvenda o futuro, com a condição de que seja erguido um Templo em sua honra. O proprietário deixará as formas primitivas de acumulação do capital para dedicar-se à especulação financeira.
 
O espetáculo, financiado pela Petrobrás, segue acontecendo até 16 de novembro, sempre nas sextas-feiras e sábados , às 20h, na Casa de Cultura  Cia da terra , na Praça Antenor Navarro (centro histórico) com entrada gratuita. 


lunes, 21 de octubre de 2013

Coisa de abestalhado: história para se contar na beira do Rio (de Janeiro).

Enquanto as esquinas  perigosas se misturam com as ruas penumbradas e solitárias, ouvimos zunidos.


De onde vem? Para onde vão? De quem são esses passos que caminham sem rumo, sem firmeza e sem esperança?



Pudera eu dizer que são pesadelos esses tempos de negrinhos com cabelos crespos arranhados no chão da cidade fria e perdida; de negrinhas cujos corpos tem marcas da violência de homens de todos os tipos, com ou sem penetração...

Pudera eu dizer que as falácias da ficção científica e cinematográfica hollywoodiana não ofuscam olhos tupiniquins com tanto glamour...

(Pintura: Na beira do rio de João Werner )


Pudera, ainda, eu dizer que as histórias do campo, onde há leite tirado na hora, flores orvalhadas, pitomba no pé, barro massapé para pisar e cana cortada na hora pra chupar interessa a gente de todo tipo na cidade...
Pudera, quem sabe, eu dizer que a palavra amor é falada com delicadeza não importa para quem se diga e que os olhos quando se abrem ao lado de uma amada o dia todo iluminam: filho, avó, tia avó, madrasta e cunhada e o vizinho que de lado espia a conversa da macharada...
E quando alguém resolve desmanchar a história contada na margem do rio, para mostrar que o ocorre de verdade no meio do Rio. 


Há sempre um espertinho, estraga prazer, a dizer: meu fio cuidado que falar mentira em cidade grande já virou mania, mas dá morte na certa, porque aqui quem sonha perde tempo, dinheiro e ainda recebe alcunha pra vida inteira de abestalhado.



Em dias em que os sonhos parecem ser coisas de abestalhados.



Ângela Pereira.