domingo, 31 de marzo de 2013

"Vida sem utopia não entendo que exista... Assim fala um comunista"


Homenageando o conterrâneo, Caetano Veloso no seu albúm "Abraçaço" (2012) nos presentea com uma melodia leve e um letra que resgata a origem e trajetória política de Carlos Marighella, um personagem histórico e expressivo da luta pela Revolução Brasileira.
Em tempos de satanização do Comunismo, usemos poesias, melodias, canções, pedras e facões porque os comunistas continuam sonhando, "prestando atenção no que não está a vista" , afirmando a utopia e acumulando forças para a destruição do Capitalismo.

Um comunista
Um mulato baiano,
Muito alto e mulato
Filho de um italiano
E de uma preta hauçá
Foi aprendendo a ler
Olhando mundo à volta
E prestando atenção
No que não estava a vista
Assim nasce um comunista
Um mulato baiano
Que morreu em São Paulo
Baleado por homens do poder militar
Nas feições que ganhou em solo americano
A dita guerra fria
Roma, França e Bahia
Os comunistas guardavam sonhos
Os comunistas! Os comunistas!
O mulato baiano, mini e manual
Do guerrilheiro urbano que foi preso por Vargas
Depois por Magalhães
Por fim, pelos milicos
Sempre foi perseguido nas minúcias das pistas
Como são os comunistas?
Não que os seus inimigos
Estivessem lutando
Contra as nações terror
Que o comunismo urdia
Mas por vãos interesses
De poder e dinheiro
Quase sempre por menos
Quase nunca por mais
Os comunistas guardavam sonhos
Os comunistas! Os comunistas!
O baiano morreu
Eu estava no exílio
E mandei um recado:
"eu que tinha morrido"
E que ele estava vivo,
Mas ninguém entendia
Vida sem utopia
Não entendo que exista
Assim fala um comunista
Porém, a raça humana
Segue trágica, sempre
Indecodificável
Tédio, horror, maravilha
Ó, mulato baiano
Samba o reverencia
Muito embora não creia
Em violência e guerrilha
Tédio, horror e maravilha
Calçadões encardidos
Multidões apodrecem
Há um abismo entre homens
E homens, o horror
Quem e como fará
Com que a terra se acenda?
E desate seus nós
Discutindo-se Clara
Iemanjá, Maria, Iara
Iansã, Catijaçara
O mulato baiano já não obedecia
As ordens de interesse que vinham de Moscou
Era luta romântica
Ela luz e era treva
Venta de maravilha, de tédio e de horror
Os comunistas guardavam sonhos
Os comunistas! os comunistas!
[ Letra e voz de  Caetano Veloso. In: " Abraçaço ( 2012)]

sábado, 30 de marzo de 2013

"O TRABALHO PRECISA DO CAPITAL OU O CAPITAL PRECISA DO TRABALHO?"


Em tempos em que se nega a centralidade do trabalho e em que, cada vez mais, busca-se mistificar as relações de produção e de reprodução do capitalismo para ampliar a acumulação do capital e para destruir toda e qualquer resistência à exploração do proletariado pela burguesia, segue um texto didático escrito pela Professora da Graduação e da Pós-graduação de Serviço Social da UFPB, Maria Augusta Tavares (Guga), sobre a temática do trabalho que aborda elementos que contribuem para a desmistificação do capitalismo.

Boa leitura. 





 O TRABALHO PRECISA DO CAPITAL OU O CAPITAL PRECISA DO TRABALHO?



Maria Augusta Tavares[1]













(Fotografia: Sebastião Salgado da série Trabalhadores, 1993 *)



O modo como, historicamente, se organiza a produção traduz uma longa experiência de exploração do homem pelo homem. Para ser breve: a humanidade já conviveu com o escravismo, o feudalismo e, agora, com o capitalismo.
Todas essas formações sociais são compostas por classes antagônicas, isto é, por dominantes e dominados. Significa dizer que em todos esses momentos históricos houve ricos e pobres. No entanto, isso não é argumento suficiente para afirmar que a divisão da sociedade em classes seja algo natural. “A Natureza não produz de um lado possuidores de dinheiro e de mercadorias e, de outro, meros possuidores das próprias forças de trabalho”[2]
Na sociedade contemporânea, é comum explicar-se as diferenças sociais a partir da afirmação que o homem é naturalmente egoísta. Portanto, sendo essa a essência humana, torna-se impossível eliminar a desigualdade. Trata-se de uma tentativa de convencer a classe trabalhadora de que o capitalismo, por ser a forma mais desenvolvida das revoluções econômicas, constitui o fim da História. Assim, só restaria assumir uma atitude conformista de se adequar a essa condição irreversível, contra a qual seria estúpido lutar.
Este argumento deve ser aceito como verdade ou deve ser questionado? Não é o caso de se procurar saber quem são os advogados dessa idéia? Que interesses moveriam os defensores desta sociedade desigual?
Evidente que as respostas a tais questões só podem ser encontradas no interior do desenvolvimento das relações de produção. Contudo, se, de fato, importa questionar a desigualdade, deve-se começar a pensar, tendo como ponto de partida elementos que são fundantes dessa sociedade e que permeiam o cotidiano da relação capital-trabalho.
Falar do capitalismo implica falar de mercadoria e dinheiro, embora mercadoria e dinheiro já existissem muito antes da sociedade ser capitalista. Na verdade, o diferencial reside no fato de que apenas nesta sociedade esses dois elementos podem se tornar capital. A mercadoria, na sociedade capitalista, satisfaz a quase todas as necessidades, não importa “se elas se originam do estômago ou da fantasia”[3]. Alimento, educação, saúde, segurança, lazer, para ficar apenas nas necessidades mais gerais, tudo está no mercado para ser vendido. E, desde que o trabalhador foi separado dos meios de produção e transformado em assalariado, a sua sobrevivência está submetida à venda da única mercadoria da qual ele dispõe: a força de trabalho.
O capitalista, dono dos meios de produção, não por acaso, é também dono de todas as outras mercadorias. Assim, para que o trabalhador possa, no mercado, adquirir alimentação, roupas, moradia e outras mercadorias necessárias a si e à sua família, ele precisa trocar a sua força de trabalho por dinheiro. Com esse dinheiro, o trabalhador vai ao mercado e compra as mercadorias que o capitalista julga necessárias à sua manutenção, de modo que o seu dinheiro é imediatamente consumido. O dinheiro do capitalista, ao contrário, cada vez mais se multiplica. Como se explica que ambos ― trabalhador e capitalista ― sejam vendedores de mercadoria e somente um enriquece, enquanto o outro empobrece?
Segundo Marx, para transformar dinheiro em capital, o possuidor de dinheiro precisa encontrar, no mercado de mercadorias, trabalhadores que disponham livremente de sua força de trabalho e que não tenham nenhuma outra mercadoria para vender, além dessa. Como qualquer outra mercadoria, o valor da força de trabalho está determinado antes de entrar em circulação. Mas, enquanto as outras mercadorias ― propriedades do capitalista ― são vendidas/consumidas pelo seu valor real, a força de trabalho, pela peculiaridade de ser fonte de valor, é uma mercadoria, aliás a única, que ao ser consumida, valoriza e preserva o capital.
 Ora, por que isso ocorre?
 Diferentemente das outras mercadorias, o trabalhador deixa que a sua força de trabalho seja consumida pelo comprador antes de receber o pagamento do seu preço. Preço este que, ao invés de ser pago por quem vai usar a mercadoria, é o próprio vendedor (o trabalhador) que adianta ao comprador (o capitalista), através do que está produzindo. E, como se não bastasse o trabalhador adiantar ao capitalista o seu salário, o preço da força de trabalho, fixado contratualmente, não corresponde ao valor de uso que dela faz o seu comprador. Apenas parte do que o trabalhador produz é paga. Graças a essa armadilha, há em todas as mercadorias vendidas pelo capital um elemento pelo qual ele não pagou, o que lhe permite transformar o seu dinheiro em capital e, portanto, acumular.
Se o capitalista pagasse pela força de trabalho o equivalente ao que é produzido pelo trabalhador, seu dinheiro não se transformaria em capital, tornando-se evidente que a contradição capital-trabalho é resultante de uma determinada relação social. E, em sendo assim, o capitalismo não é natural nem eterno, donde se conclui que não é o trabalho que precisa do capital, mas o capital que precisa do trabalho. Portanto, a perenidade ou o fim do capitalismo passa pela classe trabalhadora. Já o trabalho, é eterna necessidade do homem.
Repetindo Marx e Engels, em Manifesto do Partido Comunista, diríamos: “Trabalhadores do mundo, uni-vos!”






[1] Dra. em Serviço Social pela UFRJ, Pós-Doutora pelo ISMT, Coimbra - PT, pela FEUC/CES - Coimbra - PT e pelo IHC/UNL – Lisboa - PT. Professora da UFPB, Pesquisadora Bolsista de Produtividade do CNPq, Líder do Grupo de Pesquisas sobre o Trabalho – GPT e Investigadora Colaboradora do Grupo de Estudos do Trabalho e dos Conflitos Sociais do Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa.
[2] Marx, K. O capital. São Paulo, Abril Cultural, 1983: 140, L. 1, vol. I.
[3] Idem, p. 45.UC





* Sobre a série de fotografias documentais de Sebastião Salgado: (Trabalhadores, 1993) un documental fotografiado en 26 países sobre el final de la mano de obra masiva. Como él mismo cuenta, ‘con el fin de la primera revolución industrial y la llegada de las nuevas tecnologías a la línea de producción, con la nueva organización de los factores de producción, los seres humanos y su forma de vida tradicional y sedentaria también empieza a transformarse. Millones de trabajadores pierden su trabajo debido a la producción masiva; los expulsan de las zonas agrícolas, de una región a otra. Y acuden a la ciudad en busca de trabajo. La mayoría de la población vivía en el campo, pero esto ha cambiado por completo: el mundo se ha vuelto urbano. Las ciudades como París, Nueva York y Londres son ciudades del pasado. Las ciudades del futuro son Bombay, México, Manila, Yakarta, São Paulo.’. Fonte: http://www.homines.com/arte_xx/sebastiao_salgado/
           

domingo, 17 de marzo de 2013

Pausa (II)

Tenho escrito pouco. Pausa (II).


Antes de insinuarem que estou a perder o amor pela escrita ou  que estou apenas a copiar irrefletidamente os textos, poesias e similares aqui neste despretensioso blog, faço-lhes a seguinte ressalva: 

Estou em tempo de maturação do que o meu olfato acolhe por vontade própria ou não; do que o meu tato toca somente por vontade própria, do que os meus olhos, pequenos, absorvem como correnteza e na contra-corrente, do que a minha boca transmite e reflete, do que o meu ouvido escuta principalmente sem querer.

Por isso informo-lhes (somente aos que realmente se interessam, pois são esses, somente esses, que a mim me interessam) das minhas "pausas".

Pausas, bem entre aspas...

Os impulsos na minha mente andam velozes demais para quem parece estar em pausa (II)...

No caminho há pontes... Citando Nietzche.




As pontes que precisarás passar 

Ninguém pode construir em teu lugar 
as pontes que precisarás passar,
para atravessar o rio da vida
- ninguém, exceto tu, só tu.

Existem, por certo, atalhos sem números, 
e pontes,  e semideuses que se oferecerão
para levar-te além do rio;

Mas isso te custaria a tua própria pessoa;
Tu te hipotecarias e te perderias.

Existe no mundo um único caminho
por onde só tu podes passar.

Onde leva? Não perguntes, segue-o.


Nietzche, Filósofo alemão.



Sobre Friedrich Nitzche:


Nació el 15 de octubre de 1844 en Röcken, región de Turingia. Perteneciente al reino de Sajonia fue anexionada en 1815 a Prusia. Primogénito del pastor luterano Karl Ludwig, también hijo de pastor, quien se había casado con Francisca Oehler en 1843. Su padre fue preceptor en la corte de Altemburgque y falleció cuando él tenía 5 años. Tras la muerte del padre en 1849 y el hermano pequeño en 1850, la familia se trasladó a Naumburg, donde vivió con la abuela materna y las hermanas solteras del padre bajo la vigilancia de un magistrado local, Bemhard Dächsel. 

Comienza a escribir un diario, así como a pasar las vacaciones con sus tíos en Pobles. Muere la abuela materna en abril de 1856. Se traslada a otra casa, sin la tía Rosalie. Comienzan su dolores de cabeza y de ojos. Recibe vacaciones especiales por este motivo. En 1854, comenzó a asistir al Dongymnasium en Naumburg, pero habiendo demostrado un talento especial para la música y el lenguaje fue admitido en la reconocida Schulpforta, donde continuó sus estudios desde 1858 hasta 1864. 

Después de su graduación, en 1864, Nietzsche comenzó sus estudios en Teología y Filología Clásica en la Universidad de Bonn. Por un corto período de tiempo fue un miembro del Burschenschaft Frankonia. Tras un semestre, para disgusto de su madre, abandonó sus estudios de Teología y comenzó los de Filología con el profesor Friedrich Wilhelm Ritschl. Al año siguiente siguió a éste a la Universidad de Leipzig. 

Fue nombrado profesor de Filología Griega en la Universidad de Basilea cuando contaba 24 años. Su trabajo sobre las fuentes de Diógenes Laercio recibe el premio de la Universidad. El estudio sobre Teognisaparece en el "Rheinisches Museum", XXII, nueva serie. Estudia a HomeroDemócrito y a Kant a través del libro de Kuno Fischer. 

En 1867 realizó un año de servicio militar voluntario con la división de artillería prusiana de Naumburg. En marzo de 1868 sufrió un accidente ecuestre que le dejó inútil para el servicio. Después de trasladarse a Basilea, Nietzsche renunció a su ciudadanía alemana, manteniéndose durante el resto de su vida oficialmente sin estado. Sin embargo sirvió en el bando prusiano durante la Guerra Franco-Prusiana comomédico camillero. Su paso por la milicia fue corto, pero vivió múltiples experiencias. Allí fue testigo de los efectos traumáticos de la batalla. Contrajo la difteria y la disentería. 

Nietzsche recibió influencias de la cultura helénica, en particular de las filosofías de SócratesPlatón yAristóteles, también estuvo influenciado por el filósofo alemán Arthur Schopenhauer, por la teoría de la evolución y por su amistad con el compositor alemán Richard Wagner

En 1872, Nietzsche publica su primer libro, El nacimiento de la tragedia en el espíritu de la música. Autor de obras como: Así habló Zaratustra (1883-1885), Más allá del bien y del mal (1886), La genealogía de la moral (1887), El crepúsculo de los dioses (1888), El Anticristo (1888), Ecce Homo(1889) y La voluntad de poder (1901). 

Creía que los valores tradicionales habían perdido su poder en las vidas de las personas, lo que llamabanihilismo pasivo. Lo expresó en su proclamación "Dios ha muerto". Convencido que los valores tradicionales representaban una "moralidad esclava", una moralidad creada por personas débiles y resentidas que fomentaban comportamientos como la sumisión y el conformismo porque los valores implícitos en tales conductas servían a sus intereses. Proclamó el imperativo ético de crear valores nuevos que debían reemplazar los tradicionales, y su discusión sobre esta posibilidad evolucionó hasta configurar su retrato del hombre por venir, el 'superhombre' (übermensch). Las masas (a quien denominaba "rebaño" o "muchedumbre") se adaptan a la tradición, mientras su superhombre utópico es seguro, independiente y muy individualista. El superhombre siente con intensidad, pero sus pasiones están frenadas y reprimidas por la razón. Centrándose en el mundo real, más que en las recompensas del mundo futuro prometidas por las religiones en general, el superhombre afirma la vida, incluso el sufrimiento y el dolor que conlleva la existencia humana. Su superhombre es un creador de valores, un ejemplo activo de "eticidad maestra" que refleja la fuerza e independencia de alguien que está emancipado de las ataduras de lo humano "envilecido" por la docilidad cristiana, excepto de aquellas que él juzga vitales. Sostenía que todo acto o proyecto humano está motivado por la "voluntad de poder". No tan sólo el poder sobre otros, sino el poder sobre uno mismo, algo que es necesario para la creatividad. Al concepto de superhombre se le reprochó ser el fruto de un intelectual que se desenvuelve en una sociedad de amos y esclavos y ha sido identificado con las filosofías autoritarias.

Ejerció mucha influencia sobre la literatura europea y la teología. Sus conceptos han sido discutidos y ampliados por personalidades como los filósofos alemanes Karl Jaspers,Martin Heidegger y Peter Sloterdijk, el filósofo judío Martin Buber, el teólogo germano-estadounidense Paul Tillich, y los escritores franceses Albert Camus y Jean-Paul Sartre. La proclama de Nietzsche "Dios ha muerto" fue utilizada por teólogos radicales posteriores a la II Guerra Mundial en sus intentos por adecuar el cristianismo a las décadas de 1960 y posteriores. 

Conducido por su enfermedad a encontrar climas más compatibles, Nietzsche viajó frecuentemente y vivió hasta 1889 como un autor independiente en diferentes ciudades. Estuvo muchos veranos en Sils Maria, cerca de St. Moritz, en Suiza, y muchos otoños en las ciudades italianas de GénovaRapallo y Turín, y la ciudad francesa de Niza

En su 44 cumpleaños, Nietzsche tuvo un colapso mental. Ese día fue detenido tras, al parecer, haber provocado algún tipo de desorden público, perdida ya la razón, por las calles de Turín. Lo que pasó exactamente es desconocido aún hoy en día. La versión más extendida sobre lo sucedido dice que Nietzsche vio un caballo en la otra parte de la Piazza Carlo Alberto, corrió hacia él y lanzó sus brazos rodeando el cuello del caballo para protegerlo, desvaneciéndose acto seguido contra el suelo. En los días siguientes, escribió breves cartas para algunos amigos, incluidos Cósima Wagner y Jacob Burckhardt, en las que mostraba signos de demencia y megalomanía

Su delicada salud le obligó a retirarse en 1889. Nietzsche llega a Basilea para ser ingresado en una casa de locos, el diagnostico: "parálisis progresiva". La madre lo recoge y lo lleva consigo a Jena a la Clínica Psiquiátrica de la Universidad de Binswanger. Tan sólo le permiten que lo visite a mediados de mayo. 

Friedrich Nietzsche falleció en Weimar el 25 de agosto de 1900 después de contraer neumonía. Fue incinerado como su padre en la iglesia de Röcken. 


"El amor a uno solo es una barbarie, pues se practica a costa de todos los demás. También el amor a Dios". 

Friedrich Nietzsche

Textos de Nietzsche 

Sämtliche Werke. Kristische Studienausgabe in 15 Bänden, Hrg. Von Giorgio Colli und Mazzino Montinari, Munchen, Berlin, New York, Deutscher Taschenbuch Verlag und Walter de Gruyter, 1980. 

Traducciones: 

Consideraciones Intempestivas I 
El nacimiento de la tragedia 
Así habló Zaratustra 
Más allá del bien y del mal 
La genealogía de la moral 
Crepúsculo de los ídolos 
El Anticristo 
Ecce Homo


*buscabiografias.com

Fonte:
http://www.buscabiografias.com/bios/biografia/verDetalle/1219/Friedrich%20Nietzsche

miércoles, 13 de marzo de 2013

Chavez vive!


Ainda sob o impacto da notícia do falecimento de Hugo Chavez, com várias perguntas sobre a continuidade das ações na Venezuela, sobre o impacto da morte para a integração latinoamericana e o enfrentamento ao imperialismo ianque, socializo algumas homenagens prestadas pelo poeta e militante Ademar Bogo a Chavez, bem como das articulações continentais latino-americanas.



LA HUMANIDAD AGRADECIDA

Por Ademar Bogo, Movimiento Sin Tierra (MST) de Brasil

Una breve pausa y seguimos;
Que la Revolución Bolivariana no descanse
Si ella nos despertó la esperanza
También nos mantendrá en movimiento.
Con duros golpes y enfrentamientos
Forjó el pueblo, el destino y la conciencia
Con su líder, paso a paso y con paciencia
Creó el socialismo a su manera;
Si hoy llora la cordillera
Es porque mucho ya fue hecho;
En la historia, sabe el pueblo que para tener respeto
Precisa imponer la propia autoridad,
Hacer con ella un sueño de libertad
Y cultivar la confianza día tras día;
Mas si la muerte nos roba la alegría;
La esperanza alienta los corazones,
De que la herencia de las futuras generaciones
Se planta con las manos del propio pueblo;
Si no se hace bien, se deshace y se hace de nuevo
Mas las siembras nunca niegan sus cosechas
Y en cada ciclo de experiencias hechas
Reproducen las semillas del futuro:
Ellas germinan en lo oscuro
Y crecen con la claridad;
Crecidas distribuyen la autoridad
Porque la autoridad por ellas fue creada
Y puede ser ahora esparcida
Desde la Cordillera hasta el Mar.
¡Ve, Comandante a descansar!
Tu parte heroicamente fue cumplida
La humanidad se siente agradecida
Por haberlo tenido como compañero;
Serás recordado en el futuro el tiempo entero
Por tu enérgica bravura;
Si con las lágrimas tejemos el homenaje
Te garantizamos que no nos faltará coraje
De seguirnos construyendo la utopía.

¡Ve Comandante a tu descanso!Cultivaremos cada paso, cada avance...Con toda la fuerza de la Vía Campesina.De tus ejemplos, seremos seguidores:
Nunca servir a los imperios y a los señores
Y libertar toda la América Latina.

Si con Bolívar aprendiste a luchar Contigo aprendimos a soñar
Y a construir nuestra dignidad.
Vivo estarás en cada reacciónNos sentiremos llevados de la manoPara volar contigo en las alas de la libertad.




CARTA DAS ARTICULAÇÕES CONTINENTAIS  AO POVO E GOVERNO VENEZUELANO


Caracas – Venezuela, 10 de Marzo del 2013.

Para el compañero presidente Hugo Chávez,
sembrado en el corazón de Nuestra América…

Para el Gobierno y la dirección político-militar
de la  Republica Bolivariana de Venezuela…  

Para el pueblo rebelde de Venezuela…

Desde muchos rincones de nuestro continente, donde el ALBA se ha vuelto horizonte y proyecto cotidiano, traemos nuestros brazos para un gigantesco abrazo solidario y de encuentro. Traemos nuestras manos alzadas en puños como muestra de compromiso. Traemos nuestros cuerpos curtidos en muchas luchas y nuestros corazones latiendo con fuerza por el  deseo de cambiar al mundo.

Desde todos los rincones de Nuestramérica queremos hacer llegar nuestro más profundo sentimiento de apoyo y acompañarlos en este momento tan doloroso. Desde el miércoles nos encontramos delegaciones de movimientos sociales de diferentes latitudes de nuestro continente, en vocería de los pueblos que luchan en Honduras, Nicaragua, Colombia, Brasil, Uruguay, Argentina y Cuba acompañando y solidarizándonos activamente en este difícil momento. Hoy tenemos un dolor que nos desgarra. Nuestra alma y nuestro ALBA han perdido al lucero mayor, al hermano grande, al compañero.

Con este sentimiento, compañeros y compañeras, reafirmamos a su vez que no hay ni habrá marcha atrás. Queremos decirles que nuestro dolor de hoy y la presencia del comandante Chávez se volverá aún más acciones comprometidas, se hará huella en el camino, se hará gestos de unidad popular, de unidad latinoamericana. Se hará internacionalismo militante, con cuerpos y con vidas enfrentando al imperialismo, donde quiera que esté. Se hará creación heroica del pueblo. Se hará socialismo.

Como acciones inmediatas de la fraternidad y la movilización activa de los pueblos en todo el continente hemos definido concretar jornadas de solidaridad para la semana del 8 al 12 de abril, desde Canadá hasta la Patagonia , para apoyar al proceso Bolivariano y al Presidente (E) Nicolás Maduro, responsable político de la Revolución Bolivariana por orientación del mismo comandante Chávez y vocero de la dirección colectiva del proceso bolivariano, así como mantenernos en estado de alerta frente a los intentos imperialistas de interferir en la decisión soberana del pueblo Venezolano de ser protagonista de su propio destino, por lo cual, convocaremos en esa semana a movilizarnos frente a las embajadas de EEUU para repudiar y denunciar los intentos desestabilizadores del imperio.

Hoy tenemos una esperanza nueva en la mirada, porque nuestros ojos han comenzado a ver que los cambios son posibles y que los estamos haciendo hombro a hombro. Hoy nos afianzamos más en que las transformaciones las hacemos los hombres y las mujeres, jóvenes, niñas y niños. Estamos determinados y determinadas a dejar de ser víctimas de un sistema hecho de múltiples opresiones y que podemos ser artífices de nuestras vidas y de nuestra historia. Estamos convencidos y convencidas de que el ser protagonistas de este siglo, están en marcha.

Compañero Presidente, hermanos y hermanas de la Venezuela Bolivariana , seguiremos más juntos y juntas que nunca, forjando la fuerza en el enfrentamiento al imperialismo, al capitalismo, al patriarcado, al colonialismo. Inventaremos juntas y juntos el socialismo del siglo XXI, con todas las experiencias de los socialismos del siglo XX y la propia que venimos labrando en este tiempo.

Caminaremos con las ideas de libertad que animaron a Caupolicán, Bartolina Sisa, Túpac Amaru, la india Juliana, Zumbi, Bolívar, Artigas, San Martín, Juana Azurduy, Manuel Rodríguez, Flora Tristán, José Martí, Zapata, Sandino, Marighella, Roque Dalton, Chico Mendes, entre tantas compañeras y tantos compañeros, y que llegaremos con nuestros comandantes Chávez y el Che, hasta la victoria ¡Siempre!

¡Porque la integración se continuara construyendo y enraizando desde los pueblos!

Articulación Continental de Movimientos sociales hacia el ALBA.

Coordinadora Latinoamericana de Organizaciones del
Campo (CLOC) – Vía Campesina.

 Amigos de la Tierra America Latina y el Caribe (ATALC

domingo, 10 de marzo de 2013

O Manifesto Comunista. ( Resenha)


 Resenha Crítica    
          
MARX, Karl, 1818-1883. Manifesto Comunista/ Karl Marx e Friedrich Engels; organização de introdução Osvaldo Coggiola; [tradução do Manifesto Álvaro Pina e Ivana Jinkings]- 1 ed. Revista- São Paulo: Boitempo, 2010.

Sobre os autores (pequena biografia).

Karl Marx (1818-1883) nasceu em Trier (capital da província alemã do Reno) no dia 5 de maio de 1818, sendo o segundo de oito filhos de Enriqueta Pressbrug e de Heinrich Marx (ambos judeus). O pai dele posteriormente foi obrigado a abandonar o judaísmo pela proibição de os mesmos ocuparem cargos públicos na Renana. Iniciou os estudos no Liceu em Trier.  Escreve seu primeiro livro Reflexões de um jovem perante a escolha de sua profissão aos 17 anos de idade. No ano seguinte, fica noivo, em segredo em razão da oposição das famílias, de Jenny Von Westphalen com a qual se casa apenas em 1843.
Inicia nesse mesmo ano os estudos de Direito na Universidade de Bonn, mas posteriormente inscreve-se na Universidade de Berlim, onde perde o interesse pelo direito e apaixona-se pela Filosofia. Doutora-se em Filosofia em 1841. No ano seguinte, começa a colaborar com o Jornal Gazeta Renana, onde conheceu seu companheiro Friedrich Engels. O jornal é fechado pela perseguição do regime prussiano. Apesar de estar desempregado, nega o convite para ser redator no diário oficial do governo prussiano.
Inicia os estudos das obras de vários autores, sendo o principal deles Hegel, quando escreve A crítica da filosofia do direito de Hegel e posteriormente conclui Sobre a Questão judaica. Em 1844, escreve os Manuscritos Econômicos e Filosóficos. Começa a colaborar com o órgão de imprensa dos operários Alemãs na emigração Avante! . Aproxima-se da Liga dos justos e em Paris estreita a amizade com Engels. Onde planejam juntos a escrita de A Sagrada Família, publicado posteriormente em Frankfurt. Expulso da França, Marx muda-se para Bruxelas. Junto com Engels escreve A ideologia Alemã e posteriormente redige As teses de Feuerbach.
Em 1846, Marx e Engels organizam o 1º Comitê de Correspondências da Liga dos Justos, à qual seria depois nomeada de Liga dos Comunistas. Filia-se a ela no ano seguinte e em Congresso desta recebe a encomenda de escrever um manifesto dos comunistas que sob o nome de Manifesto Comunista foi publicado em 1848 em Londres. Retornando a França após ser expulso de Bruxelas, funda com Engels o Jornal a Nova Gazeta Renana, que não se manteve financeiramente, perseguido na França e em condição financeira precária, após uma campanha em solidariedade ao mesmo, retorna a Londres. Na Inglaterra, com ajuda financeira de Engels, Marx se dedica intensamente ao estudo de economia e posteriormente inicia o trabalho no Jornal New York Daily Tribune e colabora com vários outros periódicos.
A conjuntura da Inglaterra motiva-o a estudar avidamente Economia Política a ponto de adoecer. Em 1857, começa a redigir os Grundisses (Esboços de uma crítica da Economia Política) que servirá de base para a obra Para a crítica da Economia Política.  Com a intensidade dos trabalhos adoece progressivamente e novamente passa por dificuldades financeiras. Em 1863, Marx dedica-se ao estudo de matemática e inicia a redação definitiva de O capital. No ano posterior, apresenta um projeto e uma proposta de estatuto para a primeira Associação Internacional dos Trabalhadores.
O primeiro volume de O capital será publicado em 1866 e Marx, segue, apesar das dificuldades de saúde e financeiras e das perseguições da Polícia da Europa Continental segue na elaboração do segundo livro de O Capital na França com identidade falsa. Estuda a história da Rússia e analisa a conjuntura desse país.  Nos últimos anos de sua vida, mesmo acometido por várias doenças Marx realiza várias  viagens e continua os estudos inclusive de física e matemática. Com a morte de sua esposa em 1881 e posteriormente com a morte da filha em 1883, Marx entra em depressão e, com estado de saúde piorado, morre no dia 14 de março. 

Friedrich Engels (1820- 1895), por sua vez, nasce em Barmen na Alemanha em 28 de novembro de 1820. Filho de Friedrich Engels e de Elizabeth Franzika Mauritia van Haar cresce numa família de industriais, religiosa e conservadora. Também inicia desde jovem a escrita de livros como Poema e História de um pirata. Inicia o estudo sobre comércio e começa a escrever ensaios, poemas e panfletos literários e sociopolíticos em periódicos. 
Em 1841, é obrigado pelo pai a deixar de estudar para assumir a administração dos negócios da família, mesmo assim ele continua estudando, sozinho, filosofia, religião, literatura e política. No mesmo ano, presta o serviço militar e começa a frequentar como ouvinte a Universidade de Berlim, onde conhece os jovens-hegelianos. No ano seguinte, ao conhecer uma jovem trabalhadora irlandesa, com a qual viveria até a morte e inicia os estudos sobre a condição da classe trabalhadora na Inglaterra. Em 1843, aproxima-se da Liga dos Justos e no ano seguinte influencia Marx com o seu escrito Esboço para uma crítica da Economia Política, tornando-se amigo de Marx nesse mesmo ano em Paris. Publica posteriormente uma das suas principais obras A situação da Classe trabalhadora na Inglaterra a partir das suas anotações anteriores.
Em 1846, com a tarefa de criar novos comitês de correspondência aproxima ainda mais de Marx e juntos após participarem de atividades da Liga dos justos e da Associação democrática escrevem o Manifesto Comunista. Escreve ainda outras obras como Revolução e contra revolução na Alemanha, A guerra dos camponeses na Alemanha enquanto esteve na Alemanha. Retorna à Inglaterra para, à frente dos negócios da família, contribuir financeiramente com Marx e os seus estudos. Segue estudando sobre diversos temas e publicando artigos no periódico New York Daily. Em 1864, participa da fundação da I Internacional e junto com Marx publica em periódico alemão as ideias da internacional. Divulga as ideias marxistas em vários períodos e segue apoiando as publicações. Assume a administração da empresa da família com a morte do pai e auxilia financeiramente Marx e a família dele. Em 1883, com a morte de Marx, publica uma edição inglesa para o Volume 1 de O capital. No ano seguinte, publica outra obra bastante conhecida A origem da família, da propriedade privada e do Estado. Nos anos posteriores, segue editando o segundo e o terceiro volume de O capital. Em 1895, redigiu, já bastante doente, uma nova introdução para outra obra importante dele A luta de classes na França e morre em 5 de agosto do mesmo ano.

Sobre a obra Manifesto Comunista.

O Manifesto Comunista é considerado um dos documentos teóricos políticos mais importantes dos últimos séculos.  O escrito de Marx e de Engels mantem a atualidade das análises apesar de ter sido publicado pela primeira vez em 1848.
De acordo com Coggiola (2010), o Manifesto foi encomendado a Marx em novembro de 1847 por ocasião do Congresso da Liga dos Justos, posteriormente chamada de a Liga dos Comunistas, quando havia uma expectativa da eclosão de uma revolução na Europa. O manifesto seria então adotado como o programa da Liga dos Comunistas.
Nele os autores realizam um percurso interessante para apresentar as teses a respeito do antagonismo das classes na sociedade capitalista, valendo-se do método materialista histórico para demonstrar a formação das classes antagônicas burguesia e proletariado e o papel que as mesmas cumpriram ao longo do desenvolvimento do modo de produção capitalista. Destacam as análises dos Comunistas sobre aspectos da sociedade capitalista e as proposições destes para suprimir a sociedade de classes, dialogando com as críticas feitas pela burguesia aos comunistas e apresentando críticas a várias correntes de socialistas da época. O texto é provocante e sarcástico, na forma própria de os autores escreverem, e estimula a organização do proletariado para realizarem a revolução comunista em todo o mundo.
Iniciam o texto com a frase marcante “Um espectro ronda a Europa – o espectro do comunismo”, apontando a conjuntura política complexa e agitada na qual os opositores ao modo de produção capitalista eram perseguidos e criticados de diversas formas e da “satanização” do termo “comunista” para aqueles que se opunham à ordem instaurada.
Dessa premissa, os autores concluem que: 1) o comunismo já fora reconhecido como força por potências da Europa e 2) há a necessidade de exposição das ideias, dos objetivos e das tendências dos comunistas com vistas a se contrapor a lenda do “espectro do comunismo”.
No primeiro capítulo, os autores trazem a tese de que “a história de todas as sociedades até hoje é a história da luta de classes”. Independente do tempo histórico e da forma de organização da sociedade é concreta a existência de conflitos ora mais evidentes, ora mais camuflados que se desenrolaram em processos revolucionários ou na destruição de classes.
A sociedade burguesa, objeto de interesse dos autores, mantém os antagonismos de classe, porém, de acordo com os mesmos, de modo simplificado, visto que se delimitam duas grandes classes sociais – a burguesia e o proletariado.
 A partir dessa afirmação, eles discorrem sobre o desenvolvimento destas classes sociais, juntamente com o desenvolvimento do modo de produção capitalista, afirmando que:

(...) A própria burguesia moderna é o produto de um longo processo de desenvolvimento, de uma série de transformações do modo de produção e circulação. (MARX e ENGELS, 2010, p. 41)

Esse processo de desenvolvimento é acompanhado por um progresso político correspondente. Aparece então no texto o tema do Estado, em que este é considerado como “comitê executivo para os negócios da burguesia”. Como aparece no excerto seguinte: “O executivo no Estado moderno não é senão um comitê para gerir os negócios comuns de toda a classe burguesa”.
Pensamento que posteriormente seria reforçado por Lenin em “O estado e Revolução”, quando o mesmo comenta O manifesto:

O Manifesto do Partido Comunista tira as lições gerais da história; essas lições nos fazem ver no Estado o órgão de dominação de uma classe e nos levam necessariamente à conclusão de que o proletariado não poderá derrubar a burguesia sem primeiro ter conquistado o poder político, sem primeiro ter assegurado sua própria dominação política e ter se “organizado em classe dominante” e se erigido em Estado- e esse Estado proletário começará a definhar logo em seguida à sua vitória, porque numa sociedade em que não se aceitam antagonismos de classe, o Estado é inútil e impossível. (LENIN, 2010, p. 49)

Continuando na análise do desenvolvimento da classe burguesa, os autores afirmam o papel revolucionário da burguesia desempenhado na história, visto que a mesma destrói as relações feudais e a exploração “dissimulada” do homem feudal. No lugar dessa exploração disfarçada, institui uma “exploração aberta, despudorada e brutal”. E as relações antigas e cristalizadas são substituídas. Assim,

A burguesia não pode existir sem revolucionar incessantemente as relações os meios de produção, por conseguinte, as relações de produção e com isso todas as relações sociais. (MARX e ENGELS, 2010, p. 42).

O texto segue apresentando o avanço do capitalismo no mundo, apontando que se estabelece um intercâmbio universal e uma interdependência entre as nações contrapondo-se a um isolamento anterior. Nesse sentido, os meios de comunicação progridem, ao passo que o fazem os meios de produção, colaborando com a expansão das ideias da classe burguesa.
Outro aspecto importante a se observar é a submissão do campo à cidade que se aprofundou cada vez mais ao longo da história, subordinando os povos camponeses aos povos burgueses e o oriente ao ocidente.  Além disso, segue um processo de centralização dos meios de produção e concentração da propriedade em poucas mãos. (MARX e ENGELS, 2010, p. 44).
Para os autores, também teria sido a burguesia que forjou a outra classe fundamental- o proletariado, como se vê no trecho seguinte:

A burguesia, porém não se limitou a forjar as armas que lhe trarão a morte; produziu também os homens que empurrarão essas armas-os operários modernos, os proletários. (MARX e ENGELS, 2010, p. 46).

O operário tornar-se mercadoria, ou “um simples apêndice da máquina”, cujo custo é reduzido significativamente ao longo dos anos. A essa condição não escapam nem as mulheres nem as crianças, pelo contrário, sua força de trabalho é explorada em afazeres menos pesados, sendo menos valorizada.
Passando por diversos estágios de desenvolvimento, o proletariado estabelece uma luta contra a burguesia desde a existência desta enquanto classe. Em condições desfavoráveis, com a multiplicação dessa classe, com as condições de trabalho desumanas, a mesma cresce e se fortalece ao adquirir maior consciência de si mesma.
Os autores defendem que apenas o proletariado, dentre as classes que se opõem a burguesia, pode ser considerado verdadeiramente revolucionário, como produto mais autêntico do desenvolvimento da grande indústria. (MARX e ENGELS, 2010, p. 49).
Para isso argumentam que as camadas médias (pequenos comerciantes, pequenos fabricantes, artesãos e camponeses) combatem à burguesia porque a mesma compromete a sua existência, todavia, quando se tornam proletários não defendem os mesmos interesses. São conservadores e reacionários.  Outra fração de classe, conhecida como Lumpem-proletariado, por sua vez, em razão de sua condição subumana de vida, pode se vender à reação.
 Seguem então caracterizando o proletariado e o seu caráter revolucionário:

O proletariado não tem propriedade; suas relações com a mulher e os filhos nada tem em comum com as relações familiares burguesas (...) Os proletários não podem apoderar-se das forças produtivas sociais senão abolindo o modo de apropriação existente até hoje (...) sua missão é destruir todas as garantias e seguranças da propriedade privada até aqui existentes (MARX e ENGELS, 2010, p. 49)

Outra importante afirmação dos autores se dá no tocante ao caráter da revolução. Para os mesmos apesar de a luta do proletariado contra a burguesia não ter caráter nacional, uma vez que o capital se espalha por todo o mundo, ela num primeiro momento se inicia no próprio país. Afirmam, então, “É natural que o proletariado de cada país deva antes de tudo liquidar a sua própria burguesia.” (MARX e ENGELS, 2010, p. 50).
Para concluir o primeiro capítulo, ainda, sobre a burguesia e sobre a condição da supremacia desta no capitalismo, os autores escrevem que:

A condição essencial para a existência e a supremacia da classe burguesa é a acumulação da riqueza nas mãos de particulares, a formação e o crescimento do capital; a condição de existência do capital é o trabalho assalariado. Este baseia-se exclusivamente na concorrência dos operários entre si. (MARX e ENGELS, 2010, p. 51).

No segundo capítulo, os autores dedicam-se a escrever sobre quem são e o que defendem os comunistas, apresentando aquele que seria considerado o programa do comunismo.
Os comunistas integram a fração dos partidos operários que tem a compreensão nítida das condições em curso e dos objetivos gerais do movimento operário, estimulando teoricamente o restante do proletariado. Distinguem-se dos demais partidos operários por destacarem-se não apenas nas lutas nacionais, entretanto prevalecendo os interesses comuns dos proletários, independentemente da nacionalidade como também porque representam os interesses do movimento em seu conjunto nas diferentes fases de desenvolvimentos porque passa a luta entre proletários e burgueses.  O objetivo iminente dos comunistas é a constituição do proletariado em classe, a derrocada da dominação burguesa e a conquista do poder político pelo proletariado. (MARX e ENGELS, 2010, p. 51).
O comunismo visa a supressão da propriedade privada burguesa. Os autores esclarecem que não se pretende abolir a “(...) apropriação pessoal dos produtos do trabalho, indispensáveis à manutenção e à reprodução da vida humana (...) queremos apenas suprimir o caráter miserável dessa apropriação.” (MARX e ENGELS, 2010, p. 54).

No texto Abaixo à propriedade privada, Alain Bihr e Francois Chesnais (2003) recolocam o debate da propriedade privada na atualidade. Argumentam que a sacralização da propriedade privada, aceita inclusive por partidos e sindicatos progressistas, provém de algumas confusões que colocam em mesmo patamar os bens de uso pessoal, dos quais indivíduos desfrutam sozinhos ou com sua família, e os meios de produção que resultam da apropriação privada de todo ou de parte de um trabalho social.  Essa confusão, segundo os autores, contribui para mistificar aquela que seria a contradição fundamental do capitalismo- a apropriação privada do capital daquilo que é produzido socialmente.
Outrora Marx e Engels já alertavam para essa confusão que poderia ser usada para aumentar as fileiras dos oposicionistas do comunismo.
Sobre o trabalho, os escritos apontam a diferenciação do uso do trabalho na sociedade burguesa e na sociedade comunista, sendo que na primeira o trabalho vivo assume o papel de aumentar o trabalho acumulado, enquanto que na segunda, é um meio de ampliar, enriquecer e promover a existência dos trabalhadores. E alertam que o comunismo não impede a apropriação da parte dos produtos sociais, mas que combate o poder de subjulgação do trabalho dos outros por meio dessa apropriação. (MARX e ENGELS, 2010, p. 54).
Sobre a família burguesa, fala-se em supressão da família burguesa que se fundamenta no ganho individual e no capital e que se vale da prostituição pública. Sobre a mulher e o casamento monogâmico, os autores explicitam a relação construída entre a mulher, como instrumento de produção e a vinculação dela às tarefas da propriedade coletiva. Os comunistas defendem, ainda, um caráter da educação não influenciado pela burguesia.
Nesse capítulo, os autores reforçam a atuação nacional do proletariado, havendo, todavia, clareza de que a classe deve estar unida para derrotar a burguesia internacionalmente em razão da abrangência do capitalismo.

Os operários não tem pátria. Não se lhes pode tirar aquilo que não tem. Como, porém, o proletariado tem po robjetivo conquistar o poder político e elevar-se à classe dirigente da nação, torna-se ele a própria nação, ele é, nessa medida nacional, mas de modo algum no sentido burguês da palavra. (...) A ação comum do proletariado, pelo menos nos países civilizados, é uma das primeiras condições para sua emancipação. (...) À medida que for suprimida  a exploração do homem pelo homem será suprimida a exploração de uma nação por outra.(MARX e ENGELS, 2010, p. 56).


Outra afirmação presente no manifesto que é comprovada ao longo da história diz respeito à supremacia das ideias da classe dominante de uma dada sociedade expressa na conhecida frase “As ideias dominantes de uma dada época sempre foram as ideias da classe dominante.”.
A classe que domina é capaz de construir representações e conceitos que prevalecem e que se espalham de modo a conservar o status quo. À medida que mudam também as relações sociais, mudam essas representações e conceitos. Trata-se, portanto, de reconhecer que a consciência social dos séculos mesmo com toda a diversidade e variedade tenha si movido de forma comum.  Para modificar essa consciência burguesa é necessário, portanto, suprimir a dominação burguesa sobre o proletariado; mais, suprimir a existência de classes. Entretanto nessa mudança, a primeira fase requer a elevação do proletariado à classe dominante, constituindo uma democracia.
Seguindo esse raciocínio, os autores apresentam medidas que consideram fundamentais para transformar radicalmente o modo de produção. Seguem:
                                              
1.         Expropriação privada da propriedade fundiária e emprego da renda da terra para despesas do Estado.
2.         Imposto fortemente progressivo.
3.         Abolição do direito de herança.
4.         Confisco da propriedade de todos os emigrados e rebeldes.
5.         Centralização do crédito nas mãos do Estado por meio de um banco nacional com capital do Estado e com monopólio exclusivo.
6.         Centralização de todos os meios de comunicação e transporte nas mãos do Estado.
7.         Multiplicação das fábricas nacionais e dos instrumentos de produção, arroteamento das terras incultas e melhoramento das terras cultivadas, segundo um plano geral.
8.          Unificação do trabalho obrigatório para todos, organização de exércitos industriais, particularmente para a agricultura.
9.         Unificação dos trabalhos agrícola e industrial; abolição gradual da distinção entre a cidade e o campo por meio de uma distribuição mais igualitária da população do país.
10.     Educação pública e gratuita a todas as crianças; abolição do trabalho das crianças nas fábricas, tal como é praticado hoje. Combinação da educação com a produção material etc. (MARX e ENGELS, 2010, p. 58).

Com esse programa, visa-se construir uma sociedade em que para o livre desenvolvimento coletivo é preciso o livre desenvolvimento de cada um.
No capitulo três, os autores dedicam-se a elencar e descrever a partir das suas literaturas as perspectivas de várias correntes socialistas e comunistas.
Sobre o socialismo feudal, os autores caracterizam-no como reacionário, uma vez que defendem o retorno à antiga ordem social.  Acusam a burguesia de ter produzido um proletariado revolucionário ao assegurarem o modelo de desenvolvimento burguês. Desta forma, na luta política participam de atividades de repressão da classe operária. (MARX e ENGELS, 2010, p. 60)
O socialismo pequeno-burguês, também considerado reacionário e utópico, é capaz de analisar as contradições próprias às modernas relações de produção, entretanto, quer reestabelecer os antigos meios de produção e troca e, com eles, as antigas relações de propriedade e a antiga sociedade. A pequena burguesia é oscilante ora como fração complementar da burguesia ora com aproximação ao proletariado em momentos desfavoráveis a ela.
O socialismo alemão ou “ verdadeiro socialismo, apreendem a literatura francesa, tentando dar aplicabilidade a ela , na condição adversa que se dá na Alemanha. Essa tentativa confere equívocos de análise de conjuntura  que maculam a literatura socialista e comunista e que acabam favorecendo aos pequenos burgueses alemãs.
Na categoria de socialismo conservador, o socialismo burguês deseja as condições de vida da sociedade moderna, sem, entretanto, os riscos e lutas decorridas dela, ou seja, querem a burguesia sem o proletariado. (MARX e ENGELS, 2010, p. 64)
Em seguida, os autores apresentam o socialismo e o comunismo crítico-utópicos. Para esse grupo a história do mundo pode ser sintetizada na propaganda e execução de planos de organização social. Há uma rejeição de qualquer ação política, principalmente ações revolucionárias. Para atingir seus objetivos defendem o uso de meios pacíficos, atenuando a luta de classes e conciliando os antagonismos. Criticam as bases da sociabilidade existente, sem, todavia, realizar ações que visem a sua supressão.
Por fim, apresenta o partido comunista diante dos demais partidos de oposição. Este luta pelos interesses e objetivos coletivos da classe operária, mas também propõem um futuro para o movimento. Como disseram os autores, “os comunistas apoiam em toda parte qualquer movimento revolucionários contra a ordem social e política existente”.
Para eles a questão fundamental é a supressão da propriedade privada. Nesse sentido, não dissimulam suas opiniões e declaram seus objetivos de forma clara e aberta.
O texto é concluído com uma convocatória que se tornou histórica “Proletários de todos os países, uni-vos!”  Convocatória esta que afirma  a necessidade da unidade da classe proletária para vencer um inimigo que às custas do trabalho do proletariado se ampliou mundialmente. Como dissera Martin (1948), o manifesto é a expressão de uma época otimista em que a juventude já reivindicava seu lugar na história.
No ensaio “Noventa anos do partido comunista”, Trotsky ( 1937) ressalta a importância do Manifesto Comunista e a atualidade do mesmo, destacando a capacidade de Marx e Engels anteverem acontecimentos históricos.  Apresenta as ideias centrais que para ele permaneciam atuais (a concepção materialista da História; a História como a história da luta de classes; a luta de classes como luta política; o governo enquanto comitê para gerir os negócios da burguesia; o caráter internacional da luta de classes mediante o desenvolvimento internacional do capitalismo dentre outras) e coloca a necessidade de atualização ou complemento de outras (a realidade de povos coloniais e semicoloniais e a luta pela independência; a projeção da realização de uma revolução na Alemanha que não se concretizou). As críticas de Trotsky são importantes, mas devem ser vistas, considerando o momento histórico da escrita de O manifesto comunista e com a compreensão de que não se trata de uma premunição, mas sim o exercício do método materialista histórico.
A luta de classes persiste, cada vez mais acentuando-se o seu caráter internacional, mediante o desenvolvimento do modo de produção capitalista e a ampliação da apropriação do trabalho pelo capital nos mais distantes e inóspitos lugares.  A perseguição dos opositores ao modo de produção capitalista também persiste ora velada, ora explicita e formalizada pelo Estado capitalista.  Apesar de se verificar mudanças no Estado, incapaz de destinar, a quem produz a riqueza, direitos sociais básicos, este segue sendo instrumento de dominação da burguesia sobre o proletariado.
Sem dúvida, o Manifesto cumpriu e segue cumprindo a tarefa de propagandear o projeto de sociabilidade comunista, como ferramenta para estudiosos marxistas e para organizações políticas revolucionárias de análise do movimento da história, do desenvolvimento do modo de produção capitalismo e da constituição das classes fundamentais em disputa.  Continua subsidiando a luta revolucionária mesmo em momentos adversos e de confusão generalizada para a classe trabalhadora.


REFERÊNCIAS

BIHR, Alain. CHESNAIS, François. Abaixo a propriedade privada. Disponível em http://www.diplomatique.org.br/acervo.php?id=830 Acesso em 2 de março de 2013.

COGGIOLA, Osvaldo.  150 anos do Manifesto Comunista. In: Manifesto Comunista/ Karl Marx e Friedrich Engels; organização de introdução Osvaldo Coggiola; [tradução do Manifesto Álvaro Pina e Ivana Jinkings]- 1 ed. Revista- São Paulo: Boitempo, 2010.
LENIN, Vladimir Illitch. O Estado e Revolução: o que ensina o marxismo sobre o Estado e o papel do proletariado na revolução. 2 ed. Rev. Atual. São Paulo: Expressão Popular, 2010.

MARX, Karl, 1818-1883. Manifesto Comunista/ Karl Marx e Friedrich Engels; organização de introdução Osvaldo Coggiola; [tradução do Manifesto Álvaro Pina e Ivana Jinkings]- 1 ed. Revista- São Paulo: Boitempo, 2010.

MARTIN, Lucien.  Cent ans aprés le manifeste In: Manifesto Comunista/ Karl Marx e Friedrich Engels; organização de introdução Osvaldo Coggiola; [tradução do Manifesto Álvaro Pina e Ivana Jinkings]- 1 ed. Revista- São Paulo: Boitempo, 2010.

TROTSKY, Leon. “Noventa años del Manifiesto Comunista” Coyacán, México. In: Manifesto Comunista/ Karl Marx e Friedrich Engels; organização de introdução Osvaldo Coggiola; [tradução do Manifesto Álvaro Pina e Ivana Jinkings]- 1 ed. Revista- São Paulo: Boitempo, 2010.