lunes, 28 de febrero de 2011

Dolores.

Foi ela o maior dos meus amores
Ai ai, ai ai Dolores!

Razão do meu prazer, razão das minhas dores
Ai ai, ai ai Dolores!

Eu com ela tive espinhos, tive flores
Ai ai, ai ai Dolores!

Dei meu sorriso a Leonor
Dei o meu olhar a Beatriz
A nenhuma delas dei amor
Com nenhuma delas fui feliz
Porque existe alguém

Que é o maior dos meus amores
Ai ai, ai ai Dolores!


Música de Anjos do Inferno.


Anjos do Inferno era o nome de um grupo musical e instrumental do Rio de janeiro, que teve o auge nos anos 40 na época de ouro do rádio.

domingo, 27 de febrero de 2011

Inconstância.

Existe por aqui um (desejo) que salta de peito em peito em busca de um por quê.
Existe uma negação e uma afirmação.
Existe um passado e um futuro.
Existe o presente.

Existe o que vale a pena e o que a pena não vale e não arrisca.
Existe o risco e o silêncio.
Existe a verdade e a dúvida.
Existe o desconhecido.

Existe o medo e a coragem.
Existe o sonho e a imposição.
Existe a fome e anorexia.
Existe o descaminho.

Existe o fogo e a água que apaga.
Existe algo que resiste, confunde e alivia.
Existe algo que sucumbe, levanta e sacia.
Existe algo que dorme, some e alicia.


Existe por aqui um (desejo) que salta de peito em peito em busca de um por quê.

Ângela Pereira.
27 de fevereiro de 2011.



viernes, 25 de febrero de 2011

Arco.

Que quer o anjo? Chamá-la.
Que quer a alma? Perder-se.
Perder-se em rude guianas´
Para jamais se encontrar

Que quer a voz? Encantá-lo.
Que quer o ouvido? Emberber-se.
De gritos blasmematórios
Até quedar aturdido

Que quer a nuvem? raptá-lo.
Que quer o corpo? Solver-se.
Delir memória de vida.
E quanto seja memória

Que quer a paixão? Detê-lo.
Que quer o peito? Fechar-se.
Contra os poderes do mundo.
Para na treva fundir-se.

Que quer a canção? Erguer-se.
Em arco sobre os abismos.

Que quer o homem? Salvar-se
Ao prêmio de uma canção.

Carlos Drummond de Andrade

miércoles, 9 de febrero de 2011

Essência.

Nas minhas horas de aparente solidão
Tenho sempre a certeza de que não estou só.


Tenho o rumo da história que me acompanha:

Os choros dos recém-nascidos que não pediram para ser gerados num ato de violência.

Os passos nas ruas dos que chegam após jornadas intensas de trabalho.

Os sons das ambulâncias com sub-vidas do crime em direção aos hospitais lotados.

Os pedidos de socorro da mulher que apanha do marido na esquina.

A sirene do carro de polícia para reprimir a juventude negra transeunte.


Nas minhas horas de aparente solidão

Tenho sempre a certeza de que nunca estarei só,

Porque faço parte de um todo.

Um todo que me pede companhia e força.



Pintura: " Do porfiriato à revolução" por David Alfaro Siqueiros ( pintor muralista mexicana- contemporâneo de Diego Rivera)

sábado, 5 de febrero de 2011

Máquina do tempo.

Quando resolvi voltar ao passado

Percebi que o presente é mais importante


Sem o presente não teria o passado


Sem o presente não terei o futuro.





Ângela Pereira


05 de fevereiro de 2011.

jueves, 3 de febrero de 2011

Minha saudade é vermelha!

Hoje a minha saudade tem cor vermelha...

Tem a cor dos que acreditam

Numa sociedade livre



Onde os rostos suados

Sejam pelo trabalho marcados dia a dia...

Mas sejam também do samba

E coco de roda dançados em harmonia...


Na Bahia em alegria...

Tem a cor de Marighella.

Resistência e poesia

De tantos outros lutadores

Dessa terra brasileira onde soam os tambores

Sei que muitos foram,

Mas também outros ficaram

Não porque desacreditam

Mas porque foram obrigados

Resistir ao capital

De outra forma enfrentá-lo



Se é pelo compromisso

Com a classe a que pertenço

Afirmo o meu desejo de nessas fileiras caminhar

Com força e coragem

Para o grito de liberdade um dia a classe ressoar...


Ângela Pereira.
















miércoles, 2 de febrero de 2011

Iemanjá me leve para Aiocá...

Iemanjá me leve para Aiocá...
Lá prometo resgatar o brilho do olhar...
Em todo tempo livre cantar...
Para os teus filhos dançar...
Muito perfume te ofertar...
E muitas rosas te dar...
Em todas as ondas mergulhar...
Com tubarões nadar...
E com golfinhos desfilar...


Oh Iemanjá!

Sei que o caminho não é tão longo
Só me faltam alguns passos
Para eu te encontrar aí na terra de Aiocá...


Me leve para Aiocá...

Odoyá..odoyá...


Ângela Pereira.
02 de fevereiro de 2011(Aniversário da morte de Iemanjá).

Homenagem à Iemanjá.