domingo, 19 de diciembre de 2010

Ser CONSULTA POPULAR


É reconhecer-se parte


Da construção histórica


Da classe trabalhadora


Que embora explorada e oprimida


Resiste e organiza-se.

É reconhecer-se povo!

Que sua cotidianamente


Pelo pão de cada dia


E com rebeldia


Canta o desejo de liberdade.





É reconhecer-se lutadora e lutador


De um povo diverso


Em raça e em cultura





É reconhecer-se portador


Da mensagem da luta


E organizador


agitador


E formador


de um projeto chamado


Revolução brasileira.





Ângela Pereira.


17 de dezembro de 2010.





Assembléia Estadual da Consulta Popular " Quebra quilos"- Paraíba.

A saudade


Onde mora o pecado,

Mora sempre a saudade

do amor proibido

que não continuou

Onde mora a virtude


Também mora a saudade

do amor impossível

do amor incompreendido,

do amor que está longe,

do amor que lhe falhou

ou do que feneceu.


Outro amor,

o ciúme

algo estranho

Uma coisa qualquer

cortou a felicidade

partiu os corações.


A saudade dorme em silêncio

Mas sempre desperta.

A recordação agente afasta quando quer.

A saudade é diferente

ela volta de manso

E agente não pode com ela.


Carlos Marighella

O perfume


Para cada mulher existe


sempre um perfume


Que agrada ao seu gosto


Ou o desejo que a inspira,


E que lhe é revelado pelo dom do instinto.


Cada mulher traz em si


Entranhado em seu corpo,


Um perfume





A cada espécie de amor


um perfume é mister


seja amor puro,


infiel


sacrossanto,


carnal.





Há uma busca eterna à mulher


E quem sabe essa busca


Se resume


Na procura de um quê


Algo estranho, insondável


Quem sabe um perfume...





Carlos Marighella.

jueves, 16 de diciembre de 2010

Elegia a uma pequena borboleta- Cecília Meireles


Como chegas do casulo

-inacabada seda viva!

tuas antenas- fios soltos

da trama de que eras tecida

e teus olhos, dois grãos da noite

de onde o teu mistério surgia

Como caíste sonbre o mundo

Inábil, na manhã tão clara

sem mãe, sem guia, sem conselho

e rolavas por uma escada

como papel penungem, poeira

com mais sonho e silêncio que asas

Minha mão tosca te agarrou

com uma dura, inocente culpa

E é cinza de lua teu corpo,

meus dedos, tua sepultura

Já desfeita e ainda palpitante

expiras sem noção nehuma

- Ó bordado do véu dia,

transparente anêmona aérea.

Não leves meu rosto contigo:

leva o pranto que te celebra

no olho precário em que te acabas

meu remorso ajoelhado leva!

Choro a tua forma violada

miraculosa, alva, divina

criatura de pólen, de aragem

diáfana pétala da vida!

Choro ter pesado em teu corpo

que no estame não pesaria.

Choro esta humana insuficiência:

- a confusão dos nossos olhos

- o selvagem peso do gesto

cegueira- ignorância-remotos

instintos súbitos- violências

que o sonho e graça prostam mortos

Pudesse à éteros paraísos

ascender teu leve fantasma

e meu coração penitente ser a rosa desabrochada

para servir-te meu e aroma

por toda a eternidade escrava!

E as lágrimas que por ti choro

fossem o orvalho desses campos

- os espelhos que refletissem

-vôo e silêncio- os teus encantos

com a ternura humilde e o remorso

dos meus desacertos humanos!
Cecília Meireles









A vida é bela!


"A vida é maravilhosa se não se tem medo dela."

Charles Chaplin


Cheia de sons que acariciam nossos ouvidos,

Cores que estimulam nossos olhos,

Sabores que deliciam nossas bocas,

Cheiros que nos levam ao longe e nos trazem lembranças

E toques em carícias, em abraços, em beijos

Que se sinesteziam às demais sensações...


A vida é bela! Meus sentidos dizem isso.

martes, 14 de diciembre de 2010

Filha da natureza...


" Sou filha da natureza: quero pegar, quero sentir, tocar, ser. E tudo isso faz parte de um todo, de um mistério. Sou uma só... sou um ser. E deixo que você seja. Isso lhe assusta? Creio que sim.Mas vale a pena. Mesmo que doa. Dói só o começo."


Clarice Lispector.

lunes, 13 de diciembre de 2010

Intensa e transitória


Os sons se distanciam...

O cheiro se esvai...

Os olhos somente vêem imagens...

O toque não mais acaricia a pele...

O paladar mistura outros sabores...

O beijo é somente lembrança...

A razão empurra a emoção, disputando espaço...


As paixões vão e vêem

Como as estações do ano

Mas deixam marcas no asfalto...
Na cama...
No corpo ...
E na memória

Até que os batuques soem novamente

Arrebatando corações...


Ângela Pereira

13 de dezembro de 2010.

Povo brasileiro!

Reconhecer-nos povo,

Reconhecer-nos classe

Enxergar ao longe no passado,

Os pais, avós do nosso tempo

Ver-se índio, ver-se negro,

Guerreiras e guerreiros,

Lutadores, lutadoras


Foi o sangue que regou as sementes que nos plantaram,

A nossa herança é a luta...


Viemos de vários cantos,

Muitos anseios, olhares

Muitas vontades diversas

Mas únicas em um sentido

Unidas pela indignação,

Pela necessidade de gritos

Quando a maioria silencia

Nos reconhecemos nos olhares

Nos quereres transformar

Mudar o tom deste mundo avesso,

Virar de ponta-cabeça

Essa crueldade toda que chamamos

País, governo, sociedade, Estado


Daqui levamos sementes juntos

que colhemos uns dos outros


A caminhada não começa agora

E longe os olhos verá

Se agora jogamos sementes,

Sejamos responsáveis com a árvore projeto

Que estamos a plantar.



Marcos Pablo

12 de dezembro de 2010.

(Mística de encerramento da etapa preparatória do III Curso Estadual de Realidade Brasileira- Paraíba)

Índio não quis ser escravo


Índio não quis ser escravo

Foi morto e expulso

Passados anos e luas

As terras já não são suas

Comeram-las o dragão do lucro



Marcos Pablo

(III Curso Estadual de Realidade Brasileira- Paraíba)

Amor insensato


Bem que achei insensato

Esse sentimento nato

Antes produto platônico

Hoje sinônimo atônito

Antes dor imaterial

Hoje dor visceral


Se a lágrima corre

É porque não entendo

Mas tento.


05 de dezembro de 2010.