viernes, 24 de septiembre de 2010

Amo as mulheres ...


Amo as mulheres desde a sua pele que é a minha
a que se rebela e luta com a palavra
e a voz desembainhadas,
a que se levanta de noite para ver se o filho chora,
a que luta inflamada nas montanhas,
a que trabalha mal-paga na cidade,
Vamos e que ninguém fique no caminho...
para que este amor tenha a força dos terremotos...
dos ciclones,dos furacões
e tudo que nos aprisionava
exploda convertido em lixo.


Gioconda Belli

martes, 21 de septiembre de 2010

Soem bem alto os sons de liberdade



Soem bem alto os sons de liberdade
Que seja leve e partilhada
Que seja vinda e desejada
Que seja feminista e encarnada...
Pelo corpo de quem ama a revolução!

Ângela Pereira



Desenho por Ângela Pereira.

domingo, 19 de septiembre de 2010

Enfrentemos nossos medos...

“Enfrentemos nossos medos, nossas mágoas, nossas fragilidades com a curiosidade e a leveza de uma criança. Submetamos nossa história a uma análise profunda e aí encontraremos forças para seguir em frente, superando as barreiras que nós mesmas e o mundo construímos no caminho”.

Ângela Pereira.

Sangue.


O sangue passa pelas veias aceleradamente.
Enrubece.
Esquenta.
Dispersa e concentra.

Agora entendo.
O porquê do sim e do não.
Agora sinto os rascunhos da emancipação.

Ângela Pereira.

E esse sentimento de libertar-se...

O passáro preso numa gaiola. Debate-se. Debate-se, mais e mais.

O passáro preso numa gaiola. Cansa! Pára! Respira! Debate-se, mais e mais.

O passáro fica triste. Perde a beleza. Adoece. Encolhe-se no canto...

O passáro guarda em si desejos que em lampejos reaparecem.

O passáro deseja liberdade. Depois de debater-se, mesmo machucado, consegue um brecha e resolve voar.

O passáro voa alto e canta de manhã para os outros ouvirem:

O sentimento de se libertar.

Ângela Pereira.

Ariana!

Branca, preta ou amarela
A ariana zela.
Tem caráter dominador
Mas pode ser convencida
E aí, então, fica uma flor:
Cordata... e nada convencida.
Porque o seu denominador
É o amor.
Eu cá por mim não tenho nenhum
preconceito racial:
Mas sou ariano!

(Vinícius de Moraes)

sábado, 18 de septiembre de 2010

28 de setembro - DIA DE LUTA PELA LEGALIZAÇÃO DO ABORTO

Manifesto contra a criminalização das mulheres que praticam aborto.


Centenas de mulheres no Brasil estão sendo perseguidas, humilhadas e condenadas por recorrerem à prática do aborto. Isso ocorre porque ainda temos uma legislação do século passado – 1940 –, que criminaliza a mulher e quem a ajudar.

A criminalização do aborto condena as mulheres a um caminho de clandestinidade, ao qual se associam graves perigos para as suas vidas, saúde física e psíquica, e não contribui para reduzir este grave problema de saúde pública.
As mulheres pobres, negras e jovens, do campo e da periferia das cidades, são as que mais sofrem com a criminalização. São estas que recorrem a clínicas clandestinas e a outros meios precários e inseguros, uma vez que não podem pagar pelo serviço clandestino na rede privada, que cobra altíssimos preços, nem podem viajar a países onde o aborto é legalizado, opções seguras para as mulheres ricas.
A estratégia dos setores ultraconservadores, religiosos, intensificada desde o final da década de 1990, tem sido o “estouro” de clínicas clandestinas que fazem aborto. Os objetivos destes setores conservadores são punir as mulheres e levá-las à prisão. Em diferentes Estados, os Ministérios Públicos, ao invés de garantirem a proteção das cidadãs, têm investido esforços na perseguição e investigação de mulheres que recorreram à prática do aborto. Fichas e prontuários médicos de clínicas privadas que fazem procedimento de aborto foram recolhidos, numa evidente disposição de aterrorizar e criminalizar as mulheres. No caso do Mato Grosso do Sul, foram quase 10 mil mulheres ameaçadas de indiciamento; algumas já foram processadas e punidas com a obrigação de fazer trabalhos em creches, cuidando de bebês, num flagrante ato de violência psicológica contra estas mulheres.
A estas ações efetuadas pelo Judiciário somam-se os maus tratos e humilhação que as mulheres sofrem em hospitais quando, em processo de abortamento, procuram atendimento. Neste mesmo contexto, o Congresso Nacional aproveita para arrancar manchetes de jornais com projetos de lei que criminalizam cada vez mais as mulheres. Deputados elaboram Projetos de Lei como o “bolsa estupro”, que propõe uma bolsa mensal de um salário mínimo à mulher para manter a gestação decorrente de um estupro. A exemplo deste PL, existem muitos outros similares.
A criminalização das mulheres e de todas as lutas libertárias é mais uma expressão do contexto reacionário, criado e sustentado pelo patriarcado capitalista globalizado em associação com setores religiosos fundamentalistas. Querem retirar direitos conquistados e manter o controle sobre as pessoas, especialmente sobre os corpos e a sexualidade das mulheres.

Ao contrário da prisão e condenação das mulheres, o que necessitamos e queremos é uma política integral de saúde sexual e reprodutiva que contemple todas as condições para uma prática sexual segura.
A maternidade deve ser uma decisão livre e desejada e não uma obrigação das mulheres. Deve ser compreendida como função social e, portanto, o Estado deve prover todas as condições para que as mulheres decidam soberanamente se querem ou não ser mães, e quando querem. Para aquelas que desejam ser mães devem ser asseguradas condições econômicas e sociais, através de políticas públicas universais que garantam assistência a gestação, parto e puerpério, assim como os cuidados necessários ao desenvolvimento pleno de uma criança: creche, escola, lazer, cultura, saúde.
As mulheres que desejam evitar gravidez devem ter garantido o planejamento reprodutivo e as que necessitam interromper uma gravidez indesejada deve ser assegurado o atendimento ao aborto legal e seguro no sistema público de saúde.
Neste contexto, não podemos nos calar!

Nós, sujeitos políticos, movimentos sociais, organizações políticas, lutadores e lutadoras sociais e pelos diretos humanos, reafirmamos nosso compromisso com a construção de um mundo justo, fraterno e solidário, nos rebelamos contra a criminalização das mulheres que fazem aborto, nos reunimos nesta Frente para lutar pela dignidade e cidadania de todas as mulheres.

Nenhuma mulher deve ser impedida de ser mãe. E nenhuma mulher pode ser obrigada a ser mãe. Por uma política que reconheça a autonomia das mulheres e suas decisões sobre seu corpo e sexualidade.

Pela defesa da democracia e do principio constitucional do Estado laico, que deve atender a todas e todos, sem se pautar por influências religiosas e com base nos critérios da universalidade do atendimento da saúde!

Por uma política que favoreça a mulheres e homens um comportamento preventivo, que promova de forma universal o acesso a todos os meios de proteção à saúde, de concepção e anticoncepção, sem coerção e com respeito.

Nenhuma mulher deve ser presa, maltratada ou humilhada por ter feito aborto!
Dignidade, autonomia, cidadania para as mulheres!
Pela não criminalização das mulheres e pela legalização do aborto!

Frente nacional pelo fim da criminalização das mulheres e pela legalização do aborto

Informações e Adesão:
www.frentepelodireitoaoaborto.blogspot.com
ou pelo email: legalizaroaborto.direito@gmail.com

Imagem: Erin Prucha.

NÃO TE RENDAS

Não te rendas, ainda há tempo
para voltar e começar de novo,
aceitar as sombras,
enterrar os medos,
soltar o lastro,
retomar o voo

Não te rendas, pois a vida é
continuar a viagem,
perseguir os sonhos,
destravar o tempo,
percorrer os escombros
e desvelar o céu

Não te rendas, por favor, não desistas,
ainda que o frio queime,
o medo morda
e o sol se esconda,
ainda que se cale o vento,
ainda há lume na tua alma,
e vida nos teus sonhos

Não te rendas
porque a vida é tua e também o desejo
porque o quiseste e porque te quero,
porque existe o vinho e o amor, é claro.
Porque não há ferida que o tempo não cure.

Abrir as portas,
livrá-las das trancas,
abandonar as muralhas que te protegeram,
viver a vida e aceitar o desaf io,
rec uperar o riso,
arriscar uma canção,
baixar a guarda e estender as mãos,
distender as asas
e tentar de novo
celebrar a vida e retomar os céus.

Não te rendas, por favor, não desistas,
ainda que o frio queime,
o medo morda
e o sol se esconda,
ainda que se cale o vento.
Ainda há lume na tua alma,
e vida nos teus sonhos.
Porque cada dia é um novo começo
porque essa é a hora e o melhor momento
porque não estás só, porque eu te quero
(amada Revolucion).

Mario Benedetti (1920-2009)
Poeta e escritor uruguaio. Escreveu mais de 80 livros traduzidos para vinte linguas. Foi editor de literartura do semanário
Marcha. Entre seus livros estão A trégua; a borra de café; correio do tempo e Quem de nós. Morreu comunista convicto e carregado de esperança.

E que bom que a luta segue!

E que bom que a vida segue
Nesse desejo inteiro
De ver aqui por terra
O respeito ao povo brasileiro
Com mulheres e crianças
Sorrindo o dia inteiro
E compartilhando alegria
Com os nossos companheiros

E que bom que a luta segue
Recrutando um povo bão
Nessas terras brasileiras
De xote, xaxado e baião
Há quem chore de tristeza
Mas também de alegria
Há de dançar coco de roda
E recitar poesia

Uma tal de eleição
Se aponta no caminho
Seguremos bem o leme
Já passará o redemoinho
E depois da tempestade
Mais luta no caminho

E que bom que o povo segue
Nas fileiras organizado
Despertando dia a dia
Na luta do desempregado
Na peleja das mulheres
Destruindo o patriarcado

Esse povo é muito ousado
Tem história pra contar
De um mundo diferente
Cada um no seu lugar
Segue firme essa gente
Construindo o Poder Popular!


Ângela.

miércoles, 15 de septiembre de 2010

Fome.

Caço palavras como quem busca comida!

Hoje não tenho fome de comida,

tenho fome de letras,

palavras,

Sons articulados

Em poesia.


Ângela Pereira.

15 de setembro de 2010.

martes, 14 de septiembre de 2010

" E então, que quereis?"

Fiz ranger as folhas de jornal,
Abrindo-lhes as pálpebras piscantes.
E logo de cada fronteiras distante
subiu um cheiro de pólvora,
perseguindo-me até em casa.

Nestes últimos vinte anos
Nada de novo há no rugir das tempestades.
Não estamos alegres, é certo,
Mas também por que razão haveríamos de ficar tristes?
O mar da história é agitado.
As ameaças e as guerras havemos de atravessá-las,
rompê-las ao meio, cortando-as como uma quilha corta as ondas.

Maiakóvski.


Silêncio que respeita...

"Não sei... Se a vida é curta
Ou longa demais para nós,
Mas sei que nada do que vivemos
Tem sentido, se não tocarmos
o coração das pessoas."

Cora Coralina.

Na vida de hoje, o exercício da solidariedade e da troca de sentimentos bons e verdadeiros não é de todas as pessoas. Pena. Se fosse com certeza teríamos um mundo melhor.

Fico me perguntando, o que faz uma pessoa negar um abraço, um carinho, um sentimento pelo menos fraterno que seja. Por que algumas pessoas são tao frias? Dizem não serem afetivas e não demonstram afeto?

São as muralhas que colocamos ao nosso redor, por não termos sabido viver e decifrar os nós do não amor do e pelo outro, da não atenção pelo outro e para com o outro, do não respeito do e pelo outro...

São as couraças, que impregnam o nosso corpo e dele se apropriam. Que o enrijecem e tornam a vida amarga, sem ou com pouco sentimento de afeto.

No fundo, acredito que guardam sim algum sentimento de afeto que lhes faz viver. Nem que seja pelo gatinho abandonado... Em algum momento, as pessoas param e o acariciam... e se não gostam de gatos... algum dia olham pra beleza de um dia de sol e tem vontade de abrir a janela.


Posso respeitar e até entender. Mas não aceito o não-amor! Quem sabe o exemplo pedagógico ajude.


Ângela Pereira.

14 de setembro de 2010.


lunes, 13 de septiembre de 2010

SABER VIVER

Não sei... Se a vida é curta
Ou longa demais para nós,
Mas sei que nada do que vivemos
Tem sentido, se não tocarmos
o coração das pessoas.

Muitas vezes basta ser:
Colo que acolhe
Braço que envolve,
Palavra que conforta
Silêncio que respeita
Alegria que contagia,
Lágrima que corre,
Olhar que acaricia
Desejo que sacia,
Amor que promove.
E isso não é coisa de outro mundo
É o que dá sentido à vida.
É o que faz com que ela
Não seja nem curta
Nem longa demais
Mas que seja intensa,
Verdadeira, pura...
Enquanto durar.

Cora Coralina

Você tem me ensinado cada vez mais a viver.
Te amo!

sábado, 11 de septiembre de 2010

Desabafo!

Por precaução com as palavras e respeito às pessoas, mesmo que elas não o tenham conosco, as palavras ficam cravadas no corpo e reverberam sobre a forma de mágoa. Entre o silêncio e a mágoa, melhor optar e encontrar formas de desatar as palavras incrustradas.

(...)

Enquantos sujeitos que buscam a emancipação das pessoas e vidas livres de qualquer opressão, precisamos desde já exercitar não apenas no discurso como também na PRÁTICA, relações de camaradagem e solidárias entre as pessoas.

martes, 7 de septiembre de 2010

Na dura labuta de todos os dias...

Na dura labuta de todos os dias
Não deve ninguém que se preze
Descuidar dos prazeres da alma.

Oswald de Andrade.

Por isso retorno... Saudades das palavras.